forza motorsport - banner

Forza Motorsport – Precisa de algumas afinações | Análise

Volvidos 6 anos após o último jogo da famosa série automobilística da Turn 10 Studios, eis que já chegou aos PC e as consolas XBOX Series S/X o novo Forza Motorsport. É um bom jogo…, ou nem por isso? Vamos lá saber então! 

Não vai há muito tempo que tive o prazer de jogar o Forza Motorsport original para a XBOX, sendo até o meu primeiro contato com o jogo volvidos todos estes anos. Para a altura em que saiu, no já longínquo ano de 2005, é um jogo de qualidade e bastante exigente diga-se, gostei bastante do comportamento da I.A. Se nunca o jogaram porventura, não se vão arrepender. Contudo o meu primeiro contato com a série exclusiva das consolas XBOX foi com o Forza Motorsport 2, jogo que me fez adquirir a respetiva consola inclusive. Não posso esconder que foi “amor à primeira vista” e desde então que não perco um jogo da série. 

Sendo um grande entusiasta de automobilismo e estando longe de ser um piloto na vida real, esta paixão atualmente é preenchida principalmente pelos videojogos, e sempre que surge um novo Forza Motorsport o meu ritmo cardíaco tende a acelerar! Volvidos então 18 anos do lançamento do primeiro jogo, a Turn 10 Studios – estúdio exclusivo da XBOX Game Studios como é sabido – traz até nós o seu mais recente e avançado jogo da série. O novo jogo é um reboot da série, e é um momento muito importante na história da franquia, pois quer dar a possibilidade de proporcionar não só aos fãs, mas também aos novos jogadores, a melhor qualidade visual existente atualmente, bem como a melhor combinação técnica da física e simulação automóvel. 

Os jogos Forza Motorsport sempre trouxeram consigo uma beleza extrema, contudo, a série na minha opinião nunca apostou muito no realismo do automobilismo, sendo mais um Simcade do que um Simracing, andando assim no meio termo entre ambos os tipos de jogabilidade. À parte da enorme beleza visual do jogo, os seus circuitos e obviamente, os automóveis presentes, Forza raramente foi um título que me prendeu no fator competição, mas sempre cumpriu muito bem no fator diversão e a possibilidade de me deixar conduzir um carro sem exigir muito esforço. 

Para quem joga o “irmão” Forza Horizon, o Forza Motorsport pode parecer um pouco intimidante. A liberdade do mapa e as corridas “menos” profissionais não existem aqui, pois dão lugar a circuitos com regras rigorosas. Também não nos podemos esquecer de usar os travões para fazermos bem as curvas, porque aqui não podemos simplesmente “entrar a matar” e fazer curvas a 150 Km/h. 

Felizmente, o novo jogo da Turn 10 Studios com todas as suas opções de acessibilidade, dá as boas-vindas a todo o tipo de jogadores, sejam eles rookies ou veteranos, e também se preocupa em adaptar-se às necessidades individuais de cada jogador, sendo uma boa noticia para todos aqueles que adoram o mundo automóvel. 

forza motorsport

O jogo tem dois pontos muito fortes a realçar: o grafismo, e a jogabilidade com a física; e aqui existem bastantes coisas para se dizer sobre tudo o que está a acontecer no ecrã. Os diversos modos, otimizados para a XBOX Series S/X e PC, respetivamente, garantem que (de alguma forma), essas serão as melhores versões que poderão ver no vosso ecrã. No meu caso em particular, na XBOX Series X, com o modo Performance selecionado, os 60fps a 4K são incríveis. E essa experiência vai mais além com o modo Performance Ray Tracing, que faz com que os reflexos sejam os mais fidedignos alguma vez vistos num jogo de corridas até à data, e isso pode ser visto na perfeição numa corrida à chuva.  É impressionante o trabalho da Turn 10 Studios, e certamente que vão existir alguns ajustes futuramente para tornar toda a experiência ainda melhor. Claro que existe ainda o modo que dá prioridade à qualidade (também com Ray Tracing), mas o jogo tem uma queda significativa nos frames, passando para os típicos 30.

No que toca à física, está igualmente incrível. A forma que sentimos o carro, onde cada curva conta e tem que ser relativamente bem calculada para não sairmos do traçado, ou até mesmo quando batemos noutros carros.  Toda a física tem em conta as diferentes especificações de cada carro, entre o peso, o tipo de pneus equipados, a respetiva tração, etc…, tudo isto determina como um carro se comporta na estrada e como nós os devemos conduzir.  

Existem muitos locais para acelerarmos a fundo, num total de 20 circuitos (no lançamento do jogo) e já com a promessa de chegarem mais alguns nos próximos tempos. Também o não que não faltam são carros para conduzir, com várias opções de diversas eras, sejam de carros modernos, sejam de clássicos e sejam eles de estrada ou de várias classes de corrida, existe sempre algo para conduzir. 

Infelizmente, Forza Motorsport tem diversos pontos negativos. Para começar – e está a ser alvo de grande discórdia pela comunidade de jogadores de Forza – o novo sistema de upgrade dos carros, que no papel até pode soar a uma boa ideia, contudo em prática, é uma tremenda frustração, pois deveria ser mais uma escolha do que uma obrigação.  Nós somos forçados (literalmente) a conduzir durante horas e horas cada carro individualmente, de modo a chegar ao seu nível máximo, desbloqueando assim todo o tipo de upgrades existentes. A intenção desta proposta é de darmos mais valor ao nosso carro e, de alguma forma, apaixonamos por ele, invés de aproveitarmos a variedade e experimentação entre os diferentes carros. Esta é uma ideia que não resulta pelo simples facto de podermos comprar um segundo carro exatamente igual com intenções de fazermos um tuning diferente, mas nesse segundo carro somos forçados a começar do zero novamente. Não faz sentido algum e não demora muito para o jogo se tornar repetitivo e cansativo, pois penso que muitos jogadores não tem paciência para chegar com um carro a nível 50 (nível máximo), quanto mais com dois ou três carros iguais. 

O jogo também não traz muito conteúdo, diria que está raso neste aspeto. Atualmente não existem mais modos de corrida para além dos circuitos…, e se iremos ter modos de drag racing e drift por exemplo ainda está por saber. Porque é que não estão presentes? Isso é uma boa pergunta que só a Turn 10 Studios pode responder. Outro dos grandes “pecados” deste reboot da série é a forma que o conteúdo nos é apresentado, com um conjunto de eventos algo limitados no modo carreira, e que são encurtados pela quantidade de pistas e abordagem de leveling dos carros. Por falar no level up dos carros, também me pergunto porque é que se quisermos instalar novos componentes no nosso carro, temos de ter um número suficiente de Car Points, invés de comprarmos com dinheiro ganho nas corridas? Para termos Car Points suficientes para qualquer novo componente, temos que jogar sistematicamente com o mesmo carro, e acreditem que vão ter que jogar muito tempo para fazerem um tuning completo a um carro, pois os Car Points vão ser ganhos a conta gotas. Não faz qualquer sentido e uma vez mais contribui para o jogo se tornar extremamente repetitivo. 

Também existe alguma “fúria” por parte dos jogadores por não existir no modo carreira (Builders Cup) corridas de endurance, bem como corridas de carros GT/LMP (carros de corrida propriamente ditos), pois apesar de estarem presentes no jogo, no modo carreira não temos onde os usar. Portanto se comprarem por exemplo um Bentley Continental GT3, não o vão utilizar no modo carreira, pois não existe qualquer prova para ele (existe sim, mas no modo Multiplayer). 

O fato de ter um pit stop semi-animado, a inexistência do sistema de bandeiras e de Safety Cars, coloca o jogo um passo para trás na componente de simulação. Isto claro que significa que tudo é mais fluído e automático, ao ponto de que qualquer problema que aconteça nas corridas, seja resolvido automaticamente pelo sistema, e pelo menos para mim, isso retira uma grande parte da experiência da corrida. Queremos mais envolvência da nossa parte, e não menos. 

Na componente Multiplayer, Forza Motorsport é competente, contudo não posso deixar de referir que este modo no seu grande rival Gran Turismo 7 está mais bem conseguido. Temos em ambos os jogos um Safety Rating e um Skill Rating (o que é bom claro), mas parece que grande parte dos jogadores não quer saber. As penalidades em Forza Motorsport precisam de alguns ajustes, pois se dermos por exemplo um pequeno toque num carro de um adversário, ficamos com uma penalidade de 0,50 no tempo final, o mesmo exato tempo se levarmos com um valente “estouro” de um adversário. Isto tem que ser revisto com tempos de penalidade mais pesados (e maior impacto nos Ratings) porque assim as corridas perdem seriedade, pois tenho visto grande parte dos jogadores a constantemente a fazer “ramming” para colocar os adversários fora de pista de propósito. No que toca ao modo online, tenho mais prazer no Gran Turismo 7 é uma realidade, mas também temos que dar tempo à equipa de desenvolvimento para aprimorar o jogo. 

Também me pergunto, porque no antes conhecido por modo ForzaVista (aqui simplesmente referido como View Car), não se pode fazer quase nada. Em grande parte dos carros só podemos abrir as portas, e nem sequer podemos interagir com outras partes do carro (por exemplo usar a ignição e ouvir o ronco do motor). Não se percebe este andar para trás, mesmo neste pequeno pormenor. 

Por último, não posso deixar de mencionar a qualidade e fidelidade dos sons dos motores de cada carro. Sem sombra de dúvida foi o melhor que já ouvi num jogo da série. Super nítido, e quando chega o momento da troca de velocidades…, adoro pura e simplesmente. Para ser jogado com o volume bem alto! Também notei que o som do derrapar está diferente dos jogos anteriores, mais de encontro com o mundo real (melhor até do que ouço no Gran Turismo 7 diria). 

*Análise efetuada antes do mais recente update ao jogo

Conclusão:

Forza Motorsport não começou exatamente com o pé direito. O jogo tem um enorme potencial e quiçá daqui a 1 ano estejamos perante um Forza mais desenvolvido, com mais circuitos, mais carros e acima de tudo com mais conteúdo single player. O sistema de níveis parece ter vindo para ficar, o que obriga os jogadores a terem que se adaptar a esta nova realidade, mas seria bom que este sistema sofresse alterações, que fosse mais amiga dos jogadores. É um longo caminho a percorrer e está agora nas mãos da Turn 10 Studios mostrar o que o seu jogo vale.