Ghostrunner 2 – Morre e repete | Análise

Depois do primeiro jogo ter sido bem recebido pelos jogadores, a 505 Games e a One More Level Studios voltam à carga com Ghostrunner 2! Vamos jogar?! 

Alguns jogos são memoráveis por causa dos seus temas intrigantes, histórias profundas ou mundos memoráveis. Outros são apenas divertidos de jogar, e primeiro Ghostrunner que foi lançado em 2020 é um jogo que abraça a última categoria. Confesso que até há pouco tempo não tinha jogado o primeiro jogo, mas decidi dar uso à versão que foi disponibilizada no PS Plus há uns meses atrás e estou a jogá-lo em simultâneo com o novo jogo. Se sabia, já o tinha jogado antes, é tudo o que posso dizer! 

Agora chega a vez de jogarmos o seu sucessor, uma sequela direta que leva ainda mais além a diversão frenética do seu antecessor. Admito que quer no primeiro jogo, quer agora no segundo, ainda morro bastantes vezes, pois para quem não está recordado, o nosso personagem Jack morre com um simples one hit, o mesmo se aplica aos inimigos (expecto nas Boss Battles). Se não forem os inimigos a matarem Jack, é tudo o resto, porque existe muito wall running para se fazer e coordenar depois com as muitas travessias que temos pela frente com o nosso grappling hook. É preciso muita, mas muita paciência, pois é normal (para mim pelo menos) morrer um sem número de vezes no mesmo sítio. 

A boa notícia é que Ghostrunner 2 é brilhante e muito satisfatório de se jogar. Eu estava a deslizar por tubos de metal íngremes e a atirar shurikens em barris inflamáveis, ao mesmo tempo que me desviava de balas e cortava caminho através de tudo o que era inimigo em relativamente pouco tempo. A ação deste segundo jogo volta a ser como é óbvio num ambiente pós-apocalíptico com uma pitada de cyberpunk. 

O novo jogo começa praticamente onde o primeiro terminou e já não está restringida apenas à Dharma Tower, pois agora Jack agora está a perseguir o culto da IA do primeiro jogo numa cidade inteira. Fiquem tranquilos, os movimentos são tão fluidos tal como se lembram do primeiro jogo. Os trilhos “brilhantes” e as paredes bem sinalizadas permitem que consigam executar movimentos acrobáticos incríveis sem terem que torcer os dedos ou saltar para algum lugar que não deveriam de ir. Os níveis também não são lineares, então existem algumas ocasiões em que podemos escolher a nossa própria rota. Há uma certa urgência “no ar” que nos ajuda a seguirmos em frente e a procurar a melhor maneira de mantermos o nosso ritmo, e isso é ajudado pela banda sonora vibrante com uma vibe cyberpunk que aqui funciona muitíssimo bem. 

Claro que vamos eventualmente encontrar inimigos, e em Ghostrunner 2 eles continuam bem complicados de vencer (talvez ainda mais) tal como no jogo anterior. Existe uma boa variedade de inimigos para deitar por terra os nossos esforços com um único golpe, mandando-nos assim de volta num abrir e fechar de olhos para um checkpoint. Morrer constantemente não é uma coisa má até, já que a morte e o respawn acontecem de forma tão rápida e fluida que às vezes nem percebo que aconteceu. Esta é a beleza do gameplay frenético de Ghostrunner: ele não permite que nós pensemos na morte por tempo suficiente para nos fazer sentir mal por isso. Na verdade, até fiquei “contente” em morrer no jogo, porque sei que posso voltar para completar o objetivo usando uma abordagem mais inteligente (mesmo que seja a vigésima vez que esteja a tentar). 

Por falar em checkpoints, eles são muito mais generosos desta vez – mas isto não torna as coisas mais fáceis, apenas mais acessíveis e dá-nos espaço suficiente para recuperar o fôlego, para descobrirmos onde erramos e tentar novamente sem ter que repetir grandes pedaços do nível. É este reinício rápido que mantém as coisas em movimento e consegue manter-nos em alerta enquanto domina-nos os controlos e criamos maneiras mais elaboradas de evitar a morte. Tentativa e erro faz parte do vocabulário de ambos os jogos Ghostrunner como devem calcular. 

Por vezes também iremos encontrar arenas de batalha mais abertas. Elas são semelhantes arenas encontradas em jogos como Doom Eternal, onde o impulso normal do jogo é brevemente interrompido para nos oferecer um playground desafiador. Aqui temos liberdade de atravessar este “pequeno” espaço como quisermos, dando uso (ou não) às corridas pela parede, saltar para outros sítios dando uso ao gancho, enfim como acharem melhor, pois o que importa é que todos os inimigos sejam eliminados (pela ordem que acharem melhor), pois só iremos progredir na história quando todos eles forem aniquilados. Esta é inclusive uma das minhas coisas favoritas em Ghostrunner 2, ou seja, encontrar o melhor caminho para atingir o mesmo alvo. “Será que devo saltar para a plataforma da esquerda, aniquilando imediatamente o inimigo da metralhadora laser? Ou será que devo tentar deslizar pela abertura da ventilação e usar as minhas shurikens nos barris que explodem e aniquilar três inimigos mais básicos de uma só vez? Contudo sujeito a ficar exposto ao inimigo com a metralhadora laser…?” Estes tipos de situações estão muito presentes no jogo, o que ajuda a manter as coisas sempre interessantes. Se bem que depois de ter aniquilado 8 inimigos seguidos e ser morto pelo último inimigo e ter que recomeçar tudo de novo…, pode ser frustrante para alguns jogadores. 

A defesa foi provavelmente único elemento que viu alguns ajustes reais. Podemos sempre bloquear e desviar das balas, mas agora estamos mais ágeis ao fazê-lo. O “parrying” (aparar se preferirem) também está mais fácil de se usar, já que existem mais inimigos empunhando espadas e um bom “parry” permite que se consiga criar algum espaço para “respirar” e dá-nos uma boa chance de contra-atacarmos. O perfect parrying é algo que estamos sempre à procura, pois se o conseguirmos realizá-lo, iremos desencadear automaticamente um killing blow, como por exemplo partir o pescoço ou trespassar a nossa espada na cabeça do pobre coitado. É brutal e bastante satisfatório, pois acrescenta aquele toque visceral que é sempre bem-vindo.

A grande novidade, porém, é a mota de Jack. Sim, o mundo de Ghostrunner 2 aumentou tanto que às vezes precisamos de dar uso às duas rodas. A melhor notícia é que a mota funciona de maneira brilhante e dá-nos a perceber de imediato que é uma extensão natural do gameplay. Preparem-se assim para saltar sobre pontes destruídas e percorrerem túneis (por vezes bastante estreitos) a grande velocidade, enquanto se dirigem para o próximo destino – mas não fique desatentos, pois aqui também há muitos obstáculos a evitar e barreiras a serem eliminadas com um golpe da nossa katana. À medida que tudo e mais alguma passa literalmente a voar pela nossa cabeça (com velocidades a fazer lembrar o Wipeout), é muito provável fazermos near misses em frações de segundo, mas nunca perdendo aquele feeling que somos uns bad boys que conseguem atingir velocidades alucinantes. A mota é sem dúvida uma boa adição, sendo agora uma parte fundamental do mundo Ghostrunner.  

De referir ainda que temos a presença de pequenos quebra-cabeças, que vão desde encontrar esferas espalhadas num dado local, destruir objetos numa dada ordem, atingir disjuntores elétricos com a nossa shuriken ou movimentar plataformas. Num jogo onde tudo anda à “velocidade da luz”, estes momentos mais tranquilos são muitíssimo bem-vindos. Honestamente falando até podiam existir em maior quantidade.  

Graficamente é um jogo competente, bonito de se ver, mas que não puxa pelo poder total da Playstation 5 (versão onde foi feita a review), mas ajuda e muito a consola estar munida de um SSD, pois é essencial para termos loadings praticamente inexistentes e um gameplay super-fluido.