Depois de um ano de 2023 recheado com jogos de peso e que fizeram as delícias dos fãs de fighting games, 2024 acaba de começar hà pouco tempo e já somos brindados pelo muito aguardado Tekken 8, que chega até nós 9 anos depois de Tekken 7 com impressionantes melhorias e evoluções, e não me refiro apenas ao grafismo.
A série Tekken está repleta de legado. Desde as habilidades mecânicas e o conhecimento necessário para competir nos mais altos níveis, até à sua música e personagens inesquecíveis que abrangem três décadas e uma história contínua que remonta a esse mesmo período. Cada nova entrada tem um fardo pesado para suportar e a grande questão que se coloca é como é que se honra esse legado sem permanecer acorrentado a ele? Essa é a questão que Tekken 8 considera cuidadosamente, e a resposta é muito simples, mas profunda: aceitamos o que está no passado, mas não deixamos que isso nos impeça de seguir em frente.
A Bandai Namco incentiva (e concordo também) os jogadores a começar pelo modo história (intitulada de Dark Awakens), para em seguida experimentarem os episódios de personagem (que é basicamente um modo arcade tradicional), e depois jogarem o inédito Arcade Quest. Só depois de isto tudo, é que sugerem que os jogadores tentem a sorte no “wild wild west” do modo online, pois é aqui que temos que à prova o que “aprendemos” nos modos single player. Claro que esta ordem não é uma obrigatoriedade, mas acreditem que saltar diretamente para o modo de Ranking online não é recomendado, pois o mais certo é que acabem por ser um “punching bag”, mesmo que tenham experiência de outros jogos Tekken.
Tekken 8 demonstra que tem interesse em manter-te a jogar todos os dias, mas não te apela para modos de jogo com grind muito demorado, um sem número de missões para fazer ou lutas non stop. O jogo ensina-te precisamente alguns truques e maneiras bastante úteis, principalmente as mecânicas novas que trouxe consigo e que promete revolucionar o gameplay.
Começando então pelo modo Dark Awakens, aqui a história é contada de forma mais tradicional, sendo bastante diferente do que aconteceu em Tekken 7, no qual víamos tudo pelos olhos de um jornalista. No novo jogo agora tudo é mais normal, pois aqui acompanhamos Jin Kazama na maior parte da história, pois controlamos também outros personagens, mas, não vou dar mais detalhes evitar grandes spoilers. Basicamente vamos acompanhar Jin Kazama contra o seu “adorado” pai Kazuya Mishima, que aproveita a ausência de Heihachi (morto em Tekken 7), para usar o poder do Devil Gene para dominar o mundo…, e sim é só isto (por assim dizer).
Para isso, o enredo utiliza alguns clichés, mas consegue ser interessante é um fato, pois o seu conteúdo escala de forma tão inesperada que consegue manter o jogador agarrado ao ecrã. Evitando dar mais spoilers, posso apenas dizer que muita coisa é resolvida e ao mesmo tempo é introduzida em Tekken 8. É uma história inédita que respeita e muito a identidade do jogo e a forma de contar histórias na série, e conta com cenas a roçar o épico que são de longe as melhores que já vi em qualquer jogo desta já mítica série criada por Katsuhiro Harada.
Toda esta intensidade vem com um calcanhar de Achilles, pois tem uma história muito corrida, com coisas que acontecem porque simplesmente tem que acontecer. Com isso, fica no ar o sentimento de que essa história poderia ter resolvido certos pontos chave ou ter mais para apresentar aos jogadores. Além disso, o enredo não chega nem para ser terminado num fim de semana, basta terem umas 5 horas de tempo livre e conseguem terminá-lo.
Falando agora de novas mecânicas de jogo, temos o Heat System, que é nada mais é que um estado no qual o nosso lutador pode executar uma vez por round, por meio ou de um botão (R1) que o aciona diretamente ou através de golpes específicos. Com isso, temos um determinado intervalo de tempo ditado por uma barra roxa (abaixo da barra de vida) que pode ser prolongada se continuarmos a ser agressivos e tentamos atacra com sucesso o nosso adversário.
O que que isto faz em concreto? Primeiro, é possível gastar a barra toda de uma só vez para usar o Heat Smash, que é basicamente, mais um ataque especial. Se preferirem não usar de imediato toda a barra, podem usar o Heat Dash que é uma manobra para avançarmos sem dó nem piedade para cima do adversário, contudo o Heat Dash é um pouco mais complexo de executar (mas nada que com a prática não se domine).
Outra das novas mecânicas de jogo introduzida em Tekken 8, o Special Style é o novo melhor amigo dos jogadores em todos os modos de jogo. No modo de história por exemplo, poderá ser bastante útil, pois vincula movimentos importantes a um simples toque nos botões, bastando para isso premir primeiro o L1 (versão Playstation 5) e depois seguir as indicações que aparecem no ecrã. Honestamente falando, eu não uso muito este novo sistema, prefiro jogar “normalmente” como sempre o fiz em jogos anteriores, e penso que tira um pouco de “desafio” aos jogadores para dominarem o estilo de luta de cada lutador. E sim, esta mecânica nova pode inclusive ser usada nos modos online, mas como já disse, vem tirar o desafio de se dominar cada movimento de um lutador, pois simplifica a vida aos jogadores e onde qualquer pessoa pode ser um jogador de topo em meros minutos (assim é fácil realmente, apesar de não concordar muito). Sinceramente, espero que no futuro existam modos online onde o Special Style esteja desativado.
Por falar em modo online, ele é crossplay, quer dizer que podemos (se quisermos claro) enfrentar jogadores de outras plataformas, o que aumenta consideravelmente a base de jogadores e o desafio. Os modos online são robustos e rápidos a fazer matchmaking. Como é habitual temos presente um sistema de ranking, que classifica cada jogador de acordo com o seu desempenho e destreza, portanto o matchmaking será na maiorira das vezes “justo”. Pena não estar disponível o modo Torneio que existia em Tekken 7, onde 16 jogadores se juntavam e lutavam entre si para chegar a grande final (eu até lhe chamava a Champions League do Tekken), para além de ser uma boa forma de amealhar créditos de jogo. Espero que num futuro update este modo possa retornar, pois de certeza que terá muita afluência de jogadores.
Dos outros modos presentes, também se destacam os episódios de personagens, que aqui funcionam como os modos arcade mais tradicionais. Cada lutador tem uma série de lutas e, no final, todos possuem um pequeno vídeo com a conclusão dos seus destinos após vencerem o King of the Iron Fist Tournament. Foi novamente respeitada a essência da série Tekken, onde podemos ver alguns finais com um tom mais sério e maduro, mas, na sua maioria, temos finais de lutadores com piadas ou situações absurdas, que também já são um clássico da série (o final do Marshall Law por exemplo está delicioso).
Existe mais uma novidade ainda que é o modo Arcade Quest. Se no modo história o jogador é incentivado a testar tudo sem grandes penalizações, aqui, a conversa é outra. O Arcade Quest é praticamente um segundo modo história no qual somos convidados a criar um avatar e sairmos para explorar um mundo repleto de salões de jogos onde Tekken 8 é rei e senhor. Começamos como um rookie num pequeno salão arcade de bairro e quando começarmos a ganhar alguma fama, somos convidados a participar em diversos campeonatos de renome.
Este novo modo é que incentiva os jogadores a aprenderem a jogar de verdade. O nosso melhor amigo nesta história é um jogador experiente que nos quer ensinar de tudo um pouco: combos, como aproveitar todos os momentos para punir o adversário (como em pleno ar) e também explorar as novas mecânicas que foram introduzidas no jogo. O objetivo resume-se a sairmos com o nosso recém-criado avatar e lutar contra outros avatares controlados pela IA, e o jogo até simula um ranking e respetiva progressão. Portanto, basta lutar-se contra alguns oponentes até aparecer um Avatar Boss (por assim dizer) que depois de o vencermos, repete-se todo o sistema mais uma vez.
Tekken 8 é bastante superior ao seu antecessor (mau era também). Temos vídeos em CGI de uma qualidade soberba no modo história e nos finais de história de personagens (bem como as imagens que encontramos neste modo). Os pequenos detalhes não foram esquecidos, como por exemplo num cenário dominado por chuvas e vento forte, os tecidos da roupa “voam” ao sabor do vento, os lutadores estão todos molhados, as poças de água que vão sendo criadas, entre outras coisas mais. A Bandai Namco conseguiu usar muito bem o Unreal Engine 5 e as consolas da atual geração. Seja pelas texturas bastante detalhadas, iluminação, os reflexos dos raios de sol e chuva, etc…, o resultado final é sem dúvida excelente. Os trabalhos de vozes bem como a banda sonora também ajudam bastante, e temos muitas músicas que ficam imediatamente na nossa cabeça, basta por exemplo ouvirem na Playstation 5 a música que toca quando temos o jogo selecionado no menu principal, foi um instant like!
As interações com cenários também são dignas de destaque. Não temos apenas o chão quebrar completamente com o impacto dos golpes ou paredes que “respondem” ao impacto dos golpes mais duros. Foram introduzidas barreiras que se desfazem completamente, cenários que se expandem de forma considerável, entre outras coisas mais. Tudo isto já era comum na série é um fato, mas, neste novo jogo está tudo mais impactante/alucinante (no verdadeiro sentido da palavra).
Falando ainda de lutadores iniciais, temos 32 por onde escolher, o que é um número bastante simpático tendo em conta o que encontramos nos dias atuais (por exemplo Street Fighter 6 chegou “apenas” com 18 lutadores). Obviamente que mais vão estar disponíveis via DLC e até já foi revelado que Eddy Gordo irá ser um deles, mas penso que temos bastante variedade com o atual roster, pelo menos para mim claro…. e por muito que sejam bem-vindos novos personagens (Azucena, Victor e Reina), para mim Hwoarang e Kuma continuam a ser os personagens que mais gosto de usar.
Conclusão:
Tekken 8 chegou com um grande impacto! O novo lançamento da Bandai Namco é certamente um dos melhores jogos de luta que existem atualmente. Sejam fãs de Tekken ou não, temos tantos personagens que é impossível não se gostar de nenhum, e estando aliado a um robusto modo online consegue facilmente cativar os jogadores por bastante tempo. É um jogo que vale muito a pena e que certamente será um forte candidato a jogo do ano na categoria de Fighting Games.
Jogo de tudo um pouco, desde a minha primeira consola de jogos, a Master System II. Desde aí muita coisa mudou, mas a paixão e dedicação aos videojogos permaneceu intacta.
Apesar de jogar de tudo um pouco, desde FPS a RPG´s, sou grande adepto de Fighting games, como o Mortal Kombat e ainda de jogos de desporto automóvel, como o Forza Motorsport. Também não dispenso boas séries e bons filmes. Sou grande fã de animes desde muito cedo, onde tenho DragonBall e Naruto como séries de eleição.