Le Mans Ultimate é uma “carta de amor” do Studio 397 às corridas de resistência. O jogo ainda está na fase de early acess, mas já promete vir a ser um dos melhores simuladores de corridas já feitos.
O estúdio dos países baixos já nos tinha brindado com o seu trabalho anteriormente, trazendo as pistas e carros do Campeonato Mundial de Endurance da FIA (WEC) ao rFactor 2, jogo que foi lançado em 2013 e que continua a ser ainda hoje uma referência para muitos jogadores. Le Mans Ultimate é um jogo de simulação independente do WEC e inclui o evento das 24 Horas de Le Mans como o grande destaque deste novo trabalho do Studio 397.
Se perguntam se Le Mans Ultimate está disponível nas consolas, posso já adiantar que não, estando apenas e só disponível através do Steam para aquisição na sua versão early acess como referi antes. O jogo traz consigo todos os carros e pistas do WEC da FIA da temporada de 2023, portanto podem contar com o circuito de Portimão fielmente reproduzido no jogo. Para além do circuito português, também podemos competir no circuito japonês de Fuji, no circuito italiano de Monza, em Sebring nos Estados Unidos, no magnifico circuito belga de Spa-Francorchamps, no exigente circuito do Bahrain e obviamente no mítico circuito de Le Mans. Todos eles estão com um nível de fidelidade soberbo, e repito, o jogo ainda não está na sua versão final.
No entanto, existem obviamente diversos pormenores em falta nesta fase de acesso antecipado, como os carros do WEC 2024, trocas de pilotos ou campeonatos single-player, mas será apenas uma questão de tempo para chegarem ao jogo através das muitas atualizações que o estúdio já prometeu.
O grafismo dos carros está bastante bom e recomenda-se, e não falta atenção aos mais pequenos detalhes. Experimentem estarem em plena prova das 24 horas de Le Mans com um belíssimo por do sol como pano de fundo e vermos as faíscas dos carros que seguem à nossa frente a espalharem-se. E quem diz em Le Mans, diz em Portimão, que já tive direito a começar com um belo dia de sol digno destes dias de primavera e acabei a prova com uma valente chuvada. Como podem perceber as condições climatéricas são dinâmicas, mas também podem optar por escolher condições climatéricas especificas para as corridas, portanto se querem começar com chuva e trovoada com transição para um céu nublado com sol, é possível.
Os circuitos também não se ficam atrás, com efeitos de iluminação – especialmente à noite e em condições meteorológicas adversas – bastante realistas (sejam do próprio circuito ou dos carros) e que ajudam à imersão. Os efeitos da chuva estão bons, mas existe ainda espaço para melhorar. Se jogarmos na visão de cockpit por exemplo, os efeitos da chuva a cair no vidro da frente estão bastantes bonitos de se verem, contudo se virmos o carro na câmera exterior, pareceu-me que estava mais seco que molhado. Isto também se refletia nos carros dos adversários, que também notei que não me pareciam muito afetados pela chuva que se fazia sentir.
A equipa de Le Mans Ultimate também capturou muitíssimo bem os sons das diversas máquinas presentes. Experimentem por exemplo ouvir o hypercar Ferrari 499P que está surpreendentemente convincente, ou ligar a ignição de qualquer um dos carros presentes nas boxes, que antes de se ouvir o motor de combustão interna a entrar em funcionamento ouve-se como uma espécie de “erupção” de ruído metálico. Simplesmente genial!
A user interface achei um pouco semelhante à do rFactor 2, com sons dos menus reconhecíveis, entre outras coisas. Por exemplo, existem centenas de funções para se executarem no jogo através das teclas do teclado, algo que tem de ser revisto se o Studio 397 quiser atrair fãs mais casuais. Claro que é possível jogar com comandos por exemplo e simplificar algumas coisas (eu faço assim até, uso o comando da Xbox), mas vai existir sempre uma ou outra função que temos que executar no teclado, pois não dá para mapear tudo o que o jogo pede num comando.
Os menus de jogo estão bastante simplistas, mas são eficazes, pois achamos tudo o que queremos modificar sem grande esforço. Os tempos de carregamento confesso que são lentos, especialmente ao carregarmos um circuito pela primeira vez e com todas as categorias de carros incluídas, mesmo estando o jogo a rodar num disco SSD. O que vale é que é só na primeira vez, nos loadings subsequentes o tempo de espera já se nota que é mais reduzido.
Mas e como se comportam os carros em pista? A minha primeira volta num Hypercar com pneus frios foi uma experiência deveras “interessante”. Understeer frustrante e uma oversteer assustadora, que quando combinadas nos transmitem aquela sensação de estarmos a “andar” nos aviões da Red Bull Air Race. Depois de os pneus aquecerem, no entanto (visível através da widget de pneus do no canto inferior direito do ecrã), é muito mais fácil avaliar as capacidades do carro. Os Hypercars parecem pesados e um pouco complicados de se controlar em curvas a baixa velocidade, mas isso é esperado dada a panóplia de dispositivos e configurações de regeneração elétrica.
Achei o Porsche 963 LMDh visivelmente menos ágil do que o Toyota LMH ou o Ferrari, o que talvez indique uma disparidade entre as duas variações de Hypercars. Os carros GTE geralmente pareciam-me muito mais “calmos” quando comparados com os Hypercars, sendo até a minha classe favorita quer para jogar, quer na vida real confesso. Os LMP2 fornecem um “bom trampolim” entre as classes GTE e Hypercars, mas provavelmente não vão ser os veículos mais populares entre os jogadores de Le Mans Ultimate.
Nesta versão de acesso antecipado, o único modo disponível para jogar se offline é o Race Weekend. Isso permite que os jogadores tenham acesso a sessões de treino, qualificações e corridas em qualquer uma das sete pistas do jogo, não esquecendo ainda que podem escolher condições climáticas dinâmicas, ciclos completos de dia/noite, agressividade da IA adversária, danos realistas (ou não), sistema de penalizações ativo (ou não), entre outras coisas mais. Também está disponível um modo multiplayer desde a estreia do jogo, com eventos de corridas diárias, semanais e mensais disponíveis, juntamente com um sistema de classificação de condução e segurança (semelhante ao Gran Turismo 7).
Existem algumas arestas para limar, incluindo frame rates um pouco instáveis ao fazer vídeo recording do jogo, mas isso penso que é normal num título de acesso antecipado. As bases parecem estar estabelecidas, portanto se as promessas de mais conteúdo e grandes atualizações definidas para melhorar o jogo chegarem longo do tempo, temos aqui um “Sr. Simulador” de corridas automóveis.
Quanto a requisitos de sistema, os mínimos são um processador Intel Core i5-4460 or AMD FX-8120, 8 GB de memória e uma placa gráfica nVidia GeForce GTX 950 (4GB) ou uma AMD Radeon RX 470. Contudo para jogarem o jogo em todo o seu esplendor precisam de ter um Intel Core i5-9600 ou AMD Ryzen 5 3600X, 16 GB de memória RAM e uma placa gráfica GeForce GTX 1070 8 GB ou uma Radeon RX 580 8GB. Posso desde já adiantar que numa GeForce RTX 4060 com 8GB o jogo corre bastante bem, mesmo com todos os carros de todas as categorias em pista.
Conclusão
Pros
- Simulação exigente
- IA bastante competitiva
- Departamento sonoro de elevada qualidade
- Preço apelativo nesta fase de early access
Cons
- Pode não satisfazer quem procura um jogo com muito conteúdo
- Tempos de loading um pouco demorados
Jogo de tudo um pouco, desde a minha primeira consola de jogos, a Master System II. Desde aí muita coisa mudou, mas a paixão e dedicação aos videojogos permaneceu intacta.
Apesar de jogar de tudo um pouco, desde FPS a RPG´s, sou grande adepto de Fighting games, como o Mortal Kombat e ainda de jogos de desporto automóvel, como o Forza Motorsport. Também não dispenso boas séries e bons filmes. Sou grande fã de animes desde muito cedo, onde tenho DragonBall e Naruto como séries de eleição.