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Sand Land – Uma belíssima e grandiosa aventura | Análise

O recém-falecido Akira Toriyama é mundialmente conhecido ter criado Dragon Ball, contudo, ele também deu o seu contributo em jogos que marcaram uma geração. Blue Dragon por exemplo, foi um fantástico exclusivo da Xbox 360, trazendo o traço icónico do icónico mangaká para dar vida a personagens cheios de carisma e muito humor. Quando soube que Sand Land, uma obra que “vive na sombra” da popularidade de Dragon Ball (mas reúne todas as características do seu lendário criador) seria adaptada para jogo, confesso que fiquei bastante entusiasmado em conhecer melhor este trabalho criado pelo sensei Toriyama. 

Sejam então bem-vindos a Sand Land, onde temos como protagonista, Beelzebub, que é nada mais, nada menos, que o príncipe dos demónios. A história tem o seu início quando o Xerife Rao pede ajuda ao nosso príncipe dos demónios para encontrar a Legendary Spring, que possui água potável para todo os habitantes de Sand Land, pois todo este vasto território sofre bastante com a escassez deste recurso natural. 

Partimos então numa grandiosa aventura, que vai levar Beelzebub a todos os cantos de Sand Land. Infelizmente, a busca pelo lago será bem difícil, pois o exército do Rei da Sand Land vai estar no nosso caminho (bem como as criaturas que vivem neste enorme deserto) e cabe a nós conseguirmos lutar contra tudo e contra todos. 

A história possui vários desdobramentos sobre tudo o que acontece e que aconteceu no passado em Sand Land, trazendo assim o nosso príncipe dos demónios e os seus companheiros para a equação. Isto adiciona uma camada extra de imersão e que vai além de uma aventura para encontrar um recurso natural escasso. Existem inúmeros acontecimentos verdadeiramente emocionantes/tocantes, que trazem ainda mais carga emocional para a história. 

Como referi, a história também revive acontecimentos passados, com ligações para explicar algumas coisas no presente, mostrando assim as motivações dos diversos personagens. Além da história principal, e sendo este um action RPG, temos bastantes sidequests, que trazem mais qualidade de conteúdos a este mundo desértico. A título de exemplo, num determinado momento da história, encontramos a cidade de Spino que vai precisar da nossa preciosa ajuda, e a cada sidequest completada, mais pessoas vão viver para essa cidade, desbloqueando assim novas opções para o jogador. 

sand land - Beelzebub e os seus companheiros de aventura
Beelzebub e alguns dos seus leais companheiros

Não é somente a direção de arte Sand Land que possui o toque de Toriyama, temos todo o escopo do mundo que lembra outras obras do autor, com animais e personagens bem caricatos, que qualquer um reconhece como sendo a marca dessa lenda que infelizmente nos deixou recentemente. Os diálogos estão repletos de momentos de humor e possuem pinceladas de críticas sociais, como por exemplo o preconceito e a inclusão, isto claro sem ser exagerado e a até acrescenta alguma “leveza” ao enredo do jogo. 

Mas não é somente na direção de arte que Sand Land possui a técnica típica de Akira Toriyama, temos todo o escopo do mundo que fazem lembrar outras obras do autor, com animais e personagens bem peculiares, que acho qualquer fã vai reconhecer quase de imediato.  

As missões também possuem o “toque” da mente de Toriyama, tanto em momentos mais engraçados, quanto na emoção elevada ao limite quando lutamos pela nossa família e amigos, algo bem característico dos textos do mestre mangaká. Mesmo em missões secundárias temos garantidas altas risadas ou momentos mais tocantes com personagens que vamos conhecendo pelo caminho. Além dos personagens principais serem incríveis, os vilões também não ficam atrás, com uma presença forte, dando um autêntico espetáculo (fazendo-me lembrar a Red Ribbon Army do Dragon Ball clássico) e cada um deles com os seus maneirismos, fazendo que em certos momentos da trama os odiemos por completo. 

sand land - infiltration mission
O principe dos demónios a eliminar furtivamente um soldado inimigo

Além do ser uma aventura a não perder, ele é também um RPG de ação competente no seu combate físico, mesmo que em alguns momentos eu sinta que está um pouco desajeitado (e que se torna repetitivo depressa), mas que compensa no combate com veículos, onde o gameplay está qualquer coisa de fenomenal. Beelzebub pode atacar os inimigos com vários socos e pontapés ao bom estilo Dragon Ball e ainda usar os seus poderes especiais derivados do seu sangue demoníaco. Estes poderes no início são bem simples, mas conforme vamos progredindo, os poderes ficam bastante melhores, aumentando assim as nossas possibilidades de vencer. Os nossos aliados podem também ajudar-nos com algumas habilidades que podem ser ativadas em pleno combate. 

A cada nível alcançado podemos escolher novas habilidades tanto para Beelzebub, tanto para os seus companheiros de aventura. Além de habilidades que podem ser ativadas, podemos colocar habilidades passivas, que nos dão melhorias de caráter permanente. Para ativar as habilidades dos companheiros temos que atribui-las a “LB + botão desejado”. Já as de Beelzebub temos que atribui-las a “RB+ botão desejado”, isto na versão Xbox, que foi a que usei para esta análise. 

Quanto a tipos de missões temos diversas que exploram o nosso lado mais aventureiro e descomplicado, mas também existem outras que tem de ser abordadas furtivamente e exigem mais concentração da nossa parte. Isto é bom claro, pois assim temos uma boa variedade de mecânicas no que toca ao gameplay. 

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Gameplay com um dos veiculos que temos à disposição no jogo

É na condução dos veículos que o jogo mostrou-me todo o seu potencial, trazendo armas para a “equação”, para além de ser muito útil para passar por cima (literalmente) de algumas adversidades. Posso adiantar que existem diferentes tipos de veículos, que vão nos ajudar a avançar no enredo e no terreno. 

O tanque é o veículo que de longe mais usei, por simplesmente ter as armas mais potentes e um gameplay mais apelativo. Os robôs também marcam aqui presença com alta mobilidade para saltar por cima de obstáculos, além de poderem ser usados para completar alguns puzzles simples. Mas se os quiserem usar para os combates também podem, pois a Bandai Namco deu-nos livre acesso para usarmos qualquer tipo de estratégia.  

Os veículos podem ser melhorados e customizados, algo que que sinceramente me começou a viciar confesso. Temos várias possibilidades para montar as nossas máquinas, incluindo novas peças como motores, blindagens, armamento, novos paint jobs, etc. Para termos acesso a essas mesmas melhorias, temos que encontrar materiais em diversos lugares espalhados pelo mapa ou até mesmo eliminar certos inimigos. Procurar pelas melhorias mais fortes acrescenta bastante ao gameplay e ajuda na hora de incentivar o jogador a explorar todos os recantos do mapa (estejam, portanto, bem atentos ao que vos rodeia). 

Visualmente, o jogo é deslumbrante, e muito devido ao bom uso do Unreal Engine 5. O estilo anime está muito bonito e apelativo e as vastas áreas desérticas estão devera muito bem construídas, enquanto as personagens recebem uma verdadeira atenção ao detalhe, pois estão tremendamente bem desenhadas, e repletas de pequenos pormenores. Pode parecer que o jogo só tem deserto e mais deserto, mas posso adiantar que possui mais diferentes tipos de ambientes (e fico por aqui para evitar spoilers). 

Quanto à performance, há pouco a dizer honestamente, pois o jogo roda perfeitamente, sem qualquer queda de frame rate que tenha notado. Se bem que se estiverem atentos, certos inimigos quando vistos ao longe estão “a andar sem saírem do sitio”, apesar de não manchar a qualidade geral do jogo, é um bug estranho que pode ser que possa ser corrigido. De mencionar ainda o grande trabalho de vozes em japonês, está deveras perfeito e que adiciona aquela camada extra de emoção e intensidade que eles tão bem sabem fazer (penso que as vozes inglesas estejam igualmente a um bom nível). 

Como uma pequena nota extra, se quiserem ver a série animada de Sand Land ela está disponível no Disney +. Se a virem, posso desde já adiantar que ficam a conhecer o desfecho do jogo, pois o jogo é baseado, se bem que o jogo tem locais (e outras coisas mais) que não aparecem na série animada/manga. 

Conclusão

Pros

  • Arte visual belíssima
  • Gameplay intuitivo, especialmente nos veículos
  • Banda sonora e trabalhos de vozes de qualidade
  • Enredo rico em conteúdo

Cons

  • Poderá tornar-se repetitivo no que diz respeito aos combates
  • Pequenos bugs nos movimentos dos inimigos (vistos ao longe)

Sand Land é primeiro trabalho após o falecimento do seu criador que é bem digno para honrar a memória de Akira Toriyama. O texto e os personagens estão tão bem escritos/desenvolvidos, que mesmo quem nunca ouviu falar sobre esta obra do mangaká japonês vai acabar por adorar toda esta aventura. A jogabilidade é competente, principalmente na hora de controlar os diversos veículos disponíveis, com boas mecânicas de exploração de cenários e de combate, inclusive nos combates contra os Bosses, que estão muito bem executadas e lindíssimas de se ver. Pode não ser o trabalho mais conhecido do mestre Toriyama, mas já é uma obra muito acarinhada pelos seus fãs espalhados pelos quatro cantos do mundo.