Marvel Rivals chegou na reta final de 2024 e tornou-se, por mérito próprio, um dos melhores jogos do ano. Sim… não estou a exagerar e nesta análise ao free to play do jogo desenvolvido pela Netease vão ficar a saber porquê.
Este ambicioso hero shooter procura destronar o principal rival, que é como quem diz o Overwatch 2. Graças aos seus impressionantes números após o seu lançamento, pode-se dizer que ele já o conseguiu (e nas calmas diria até).
Para os mais distraídos, Marvel Rivals já está disponível desde 6 de Dezembro para PC (Steam e na Epic Games Store), Playstation 5 e Xbox Series X|S, portanto basta escolherem a vossa plataforma preferida. Dado o seu género, não se pode dizer que tenha uma componente narrativa muito poderosa, mas a sua premissa envolvente coloca heróis e vilões da Marvel de diferentes origens a lutarem uns contra os outros num conflito de proporções cósmicas. E sejamos sinceros (e falando em bom português), “é disto que o povo gosta”.
Como disse, a narrativa do jogo não é nada de especial, mas existe. O tirano Doctor Doom que todos conhecemos, encontra por acaso a sua versão heroica do ano de 2099. Isso causa uma fratura na linha do tempo, o que leva à criação de novos mundos e de realidades alternativas, como Yggsgard, que funde Asgard e Yggdrasil. Isto faz com que os heróis e vilões de diferentes partes do multiverso formem alianças imprevistas para derrotar ambos os “Dooms” antes que uma das variantes prevaleça sobre a outra e alcance a conquista definitiva de todas as realidades existentes.
Em suma, esta trama serve de desculpa para ver heróis e vilões da Marvel como The Punisher, Venom, Star Lord, Wolverine ou Magneto lutarem lado a lado – ou uns contra os outros – usando a perspetiva da terceira pessoa, em embates de seis contra seis. Não é, portanto, uma obra onde a narrativa assume um grande peso como acontece em Midnight Suns (também da Marvel pois claro), mas continua a manter um grande apelo precisamente graças às suas personagens e ao peso da marca.
Marvel Rivals tem um desempenho de alto nível no que toca à sua componente técnica. Na sua versão PC (e pelo que sei nas consolas está igual), este é um dos lançamentos mais estáveis dos últimos tempos. Mesmo que tenha havido uma enorme avalanche de jogadores durante o seu primeiro fim de semana, não tive um único problema com a estabilidade do servidor, o tão temido lag ou qualquer outro erro de latência que comprometeu a minha experiência de jogo. Portanto, well done NetEase.
O título em si roda a uns sólidos 60 FPS e se eu assim quisesse posso permitir que seja removido a limitação de FPS. O jogo dá uso ao Unreal Engine 5 e está muito (mas muito) bem otimizado.
Os mais céticos podem argumentar que o jogo não tem uma carga gráfica severa para que os frames estejam estáveis devido a toda a ação que se desenrola no ecrã. Contudo temos de nos lembrar da destruição nos cenários, que dá assim um trabalho adicional aos processadores dos nossos PC´s. Tendo em conta todos estes fatores, em termos de desempenho/qualidade, Marvel Rivals não decepciona.
Outro grande trunfo no departamento visual é o seu aspeto artístico, a começar pelos personagens. Tanto os heróis da Marvel quanto os vilões que podemos controlar têm uma estética e aparência que lembram várias aparições nas bandas desenhadas e os modelos dos personagens vêm “temperados” com diferentes filtros que acentuam essa sensação de estarmos diante de uma banda desenhada com vida. No geral, muito trabalho foi feito em termos de criação dos modelos dos personagens que podemos controlar, bem como a seleção das skins alternativas, incluindo as skins premium de filmes como ‘Deadpool e Wolverine’ ou ‘Vingadores: Ultimato’.
Os cenários, embora poucos aquando do lançamento do jogo, também desfrutam de grande variedade em termos de diferentes configurações. Para começar, temos locais tão variados como Yggsgard, o Império Intergaláctico de Wakanda, Klyntar (o planeta dos symbiotes) ou a cidade de Tóquio futurista do ano de 2099. Acredito que muito em breve a ação seja expandida para mais cenários, e seria muito interessante vermos locais como o Avengers Compound, a Danger Room (dos X-Men) ou até mesmo o Hellicarrier da Shield no jogo.
Mas vamos falar sobre o prato principal: o gameplay. Como já referi, este é um título muito semelhante a Overwatch quer em conceito, quer em abordagem. Duas equipas de seis jogadores enfrentam-se em cenários onde há um objetivo, como assumir o controlo de um ponto no mapa ou escoltar uma “carga” até ao seu destino. Cada personagem tem um papel pré-definido, armas e habilidades que os englobam dentro de uma das três grandes classes (Duelists/DPS, Vanguard/Tank e Strategists/Backup). Temos assim uma combinação equilibrada de heróis e vilões, portanto só teremos que pensar numa boa estratégia para conseguirmos vencer.
Uma das principais novidades que Marvel Rivals traz para um género tão saturado são as chamadas Synergy Skills. Quando existem certas combinações de personagens nas equipas, alguns heróis e vilões desbloqueiam habilidades ou ações adicionais que eles não têm acesso “por conta própria”. Por exemplo, temos Groot que pode carregar Jeff e Rocket Racoon nos seus ombros, dando-lhes mais resistência a danos, ou então Hela, que pode reviver e curar os seus irmãos Thor e Loki sempre que ela eliminar um adversário. Não considero que sejam extras que desequilibram demasiado o equilíbrio das partidas, mas é certamente uma adição curiosa que está a ser muito bem recebida pela comunidade de jogadores.
Falando em equilíbrio, entre a impressionante lista de personagens que estão disponíveis no lançamento — são 33 no total—, não encontrei nenhuma desvantagem grave que torne alguns deles consideravelmente mais fracos ou poderosos do que os outros. Além disso, a seleção inicial está muito bem conseguida, já que praticamente nenhum dos pesos-pesados está a faltar: Captain America, Iron Man, Wolverine, Spider-Man, Venom, Black Widow, só para citar alguns. É claro que ainda estamos na fase inicial do jogo, então grande parte dos jogadores ainda não sabe como usar eficientemente cada herói ou vilão, embora seja de se esperar que, com o passar do tempo, a NetEase resolva quaisquer possíveis desequilíbrios que possam surgir dependendo da sua gravidade.
As habilidades e armas das personagens são bastante apropriadas e combinam com o que foi visto nas BD, séries, filmes e outros videojogos, por isso há um grande respeito pelos materiais originais. Além das habilidades típicas que exigem cooldown, também temos um Ultimate que pode virar a maré do jogo. Esta é uma das maiores atrações do jogo, que por vezes transcende o estatuto de um hero shooter e chega a ser um “simulador” de super-heróis.
De referir ainda a banda sonora com tons épicos e heroicos, que é o que se esperar de um jogo destas características. As vozes em inglês são também de alto nível e dão aquele extra touch de imersão.
Temos então aqui um excelente videojogo desde o dia do seu lançamento. Mas muito do seu mérito não está nesta excelência inicial, mas também no seu grande potencial a médio e longo prazo. Sabe-se (via datamining) que há novos heróis na calha, como vários personagens dos Fantastic Four, como Reed Richards, Johnny Storm/Human Torch e Ben Grimm/The Thing. Espera-se que, com o passar dos meses, novos mapas também cheguem, assim como novas skins e todos os tipos de elementos cosméticos para todos aqueles jogadores ansiosos para se diferenciarem dos demais.
Conclusão
Pros
- Qualidade gráfica
- Roster variado de vilões/heróis da Marvel
- Jogabilidade intuitiva, fácil de aprender
- Banda sonora bastante boa, vai de encontro à temática de super heróis
- Ser free to play e todos os personagens disponíveis
Cons
- Precisa de mais mapas de jogo
- Mais modos de jogo seriam bem-vindos
Jogo de tudo um pouco, desde a minha primeira consola de jogos, a Master System II. Desde aí muita coisa mudou, mas a paixão e dedicação aos videojogos permaneceu intacta.
Apesar de jogar de tudo um pouco, desde FPS a RPG´s, sou grande adepto de Fighting games, como o Mortal Kombat e ainda de jogos de desporto automóvel, como o Forza Motorsport. Também não dispenso boas séries e bons filmes. Sou grande fã de animes desde muito cedo, onde tenho DragonBall e Naruto como séries de eleição.