Sim, sou uma criança dos anos 80 e Indiana Jones and the Great Circle era um título pelo qual aguardava ansiosamente!
Sem qualquer tipo de rodeios, fiquei rendido logo na cena inicial. Reviver na primeira pessoa a mítica abertura do Raiders of the Lost Ark foi uma agradável e inesperada surpresa. Mais ainda com a qualidade gráfica que se fez notar na minha Xbox Series S (imagino numa Xbox Series X ou num PC com boas specs…). Nessa abertura, além da imersão numa cena mítica, temos um tutorial, muito simples, que nos ensina as habilidades do nosso personagem, mas já lá iremos.
Em primeiro lugar gostaria de destacar o fantástico “look & feel” de Indiana Jones and the Great Circle. Além da já referida qualidade gráfica, temos toda uma envolvência sonora digna de uma aventura de Indiana Jones. A banda sonora está excelente e a música parece surgir sempre nos momentos certos e na intensidade adequada à situação.
Aliado a isso está o excelente trabalho de Troy Baker, que consegue ter uma voz igual à de Harrison Ford. Exatamente, não é Harrison Ford quem dá voz (e expressões faciais) a este Indiana Jones super convincente. Os louros deste trabalho cabem ao mesmo ator que fez a voz de Joel em The Last of Us. Toda a personalidade foi capturada e reproduzida fielmente e não há como dizer que este personagem é diferente do dos filmes, como tantas vezes acontece.
Indiana Jones and the Great Circle funciona, essencialmente, à base do combate corpo a corpo. Sim, podem dar um tiro ao nazi ou ao habilidoso com a espada, mas as munições são muito escassas, e ainda bem. Com controlos simples, cada trigger controla um punho de Indiana Jones, podemos também pegar em inúmeros objetos espalhados pelo cenário e utilizá-los como arma de arremesso ou de ataque. Desde garrafas, martelos, vassouras ou pás, vale tudo. Além disso podemos sempre usar a coronha da nossa pistola ou uma metralhadora virada ao contrário como arma de ataque. Além disso, temos o nosso fiel chicote (usado para saltar entre pontos ou para desarmar inimigos) e até mesmo o mítico chapéu Fedora tem a capacidade de nos dar uma segunda chance no combate (após upgrade). Isto porque, na sua essência, Indiana Jones and the Great Circle é um jogo que depende muito da furtividade e na nossa capacidade de contornar obstáculos e evitar ser detectado.
Os níveis não são demasiado complexos, mas implicam algumas viagens através dos mesmos locais, à medida que vamos avançando. Tem um bom enfoque em puzzles mas, estes, embora simples, não são demasiado fáceis, embora não nos nos façam perder a paciência ou levar a procurar soluções online. Tudo tem lógica e funciona de forma fluída durante a experiência de jogo.
Para nos guiar temos o fiel bloco de notas do nosso personagem. Que, alternando entre o journal, nos ajuda a identificar locais e objectivos. A niovidade, em relação aos tantos outros elementos do género, é o facto de que o podemos utilizar enquanto nos deslocamos, o que se torna muito útil enquanto procuramos artefactos misteriosos (embora estes sejam maioritariamente todos iguais, independentemente do país em que nos encontramos…).
Como não podia deixar de ser, o vilão é um arqueólogo rival e sem escrúpulos, ao serviço do partido Nazi e, a meu ver, dá um contributo muito interessante a valioso ao enredo. Excelente trabalho de Marios Gavrilis, que dá corpo e voz ao antagonista desta aventura.
Outras fantásticas interpretações, tal como a de Enrico Colantoni, que dá vida ao carismático Padre Antonio Morelli, e Alessandra Mastronardi, que interpreta a sidekick feminina Gina Lombardi, dão ainda mais cor à aventura, mantendo o feel dos filmes originais (sim, as sequelas recentes não chegam aos calcanhares dos filmes originais) em que “Indi” tem ou faz amigos em qualquer ponto do globo.
Pessoalmente, ainda estou dividido se um jogo na primeira pessoa foi a melhor opção. Talvez porque estou habituado à abordagem mais furtiva de Assassin’s Creed. Sim, há coisas que funcionam muito melhor na primeira pessoa, principalmente o combate, não fosse um jogo lançado pela Bethesda e pela Machine games. Contudo, sinto sempre que a exploração e movimentação ganharia muito com uma perspectiva de terceira pessoa. Mas isto já são preciosismos. Indiana Jones and the Great Circle é e será um jogo que veio para ficar e fazer história, não só pela sua fluidez e gameplay, como por ser um dos melhores exemplos de uma adaptação de uma franchise ao formato videojogo.
Conclusão
Pros
- Fantástica história
- Personagens memoráveis
- Controlos simples mas muito eficazes
Cons
- Puzzles poderiam ser um pouco mais desafiantes
- Senti falta de um aviso de que embarcando em X missão não poderia mais explorar aquele espaço
- Senti falta de uma opção para intercalar em primeira e terceira pessoa

Começou a jogar num spectrum 48k e desde então tem uma paixão por videojogos, não imagina a sua vida sem jogar. Fã de RPGs, First Person Shooters e jogos Third Person, joga na sua PS5, Xbox Series S, PC e Nintendo Switch.