The Last of Us Parte I – Como melhorar uma obra prima | Análise

The Last of Us foi originalmente lançado para a PlayStation 3, teve um remaster para a PlayStation 4 e é agora relançado como The Last of Us Parte I para a PlayStation 5. O que se deve esperar desta versão?

Confesso que, quando soube deste lançamento, acreditei que a Naughty Dog  iria pegar no que já havia sido feito para a PlayStation 4 e faria um upgrade às luzes e texturas. Na verdade não me enganei, mas fizeram muito, muito mais do que isso.

Comecemos pelo óbvio. Sim, Os gráficos e iluminação não têm comparação com o remaster (muito menos com o original), mas não estamos apenas a falar de texturas e luzes a tirar melhor partido do novo sistema. Trata-se de um jogo que foi totalmente refeito de forma a tirar partido das novas capacidades da consola.  Trata-se de terem sido criados novos modelos e cenários, aprimoradas animações, expressões faciais, mecânicas de jogo e inteligência artificial.

Contudo, e aqui tiro realmente o chapéu, quem já está familiarizado com o jogo não sente estranheza, sente sim uma experiência mais polida e mais em linha com a Parte II.

Comparação entre os 3 sistemas. Créditos da imagem: @Dp1Frank

 

 

As pequenas alterações, os pequenos pormenores, são onde o jogo me conquistou. As primeiras horas de jogo, até sair da zona de quarentena, passei-as entre a nova versão e o remaster. Jogando um pouco de uma e passando para a outra, comparando (sem dificuldade) as diferenças. E não me interpretem mal, o remaster ainda é um jogo que se porta muito bem nos padrões atuais, mas quando nos deparamos com uma atmosfera mais envolvente, com melhor iluminação e que tira partido de uma TV com HDR, expressões faciais e respetivas micro-expressões, uma subtileza no olhar, um pequeno tique na sobrancelha (até de personagens com quem interaginos 1 minuto), aí temos a noção do trabalho e empenho que foi tido.

Folhagens, reflexos no alcatrão, vidro ou água, pequenas partículas que flutuam no ar, cenários mais preenchidos e com mais detalhes, tudo foi optimizado. Mas o que me deixou de boca aberta foram os infectados. Não apenas os que nos atacam, mas os cadáveres que se tornam numa colónia de Cordyceps, o fungo responsável por aquele mundo pós-apocalíptico.

Para quem tenha curiosidade em ver a fundo as diferenças gráficas, sugiro este link.

A nível de animações e movimentos, estes estão muito mais fluídos e surpreender um inimigo por trás e estrangulá-lo até à morte torna-se uma experiência ainda mais visceral. Os infectados esperneiam e vemos as suas expressões de olhos ensanguentados e sem vida no momento final. Os não infectados são de um nível acima, sentimos todo o desespero de quem está a tentar libertar-se para respirar, os braços a tentar fazer algo e a bater-nos nas mãos e ombros, à medida que vão perdendo a força, são de um realismo que não é para qualquer estômago.

Outras grandes alterações, além das óbvias, estão principalmente nos controlos e como se tira partido do Dualsense. Sentimos a resistência em puxar um gatilho, a tensão na corda do arco, a chuva a cair, algo a tremer, e podemos ver o led à volta do D-Pad passar de verde a vermelho sempre que um clicker nos mata o personagem. São pequenas coisas que podem não trazer muito ao jogo em si, mas certamente enriquecem a experiência.

Tal como em The Last of Us Parte II, a Naughty dog teve uma grande preocupação com as acessibilidades, permitindo que jogadores portadores de deficiência visual possam ter uma melhor experiência. Entre outros temos o modo de alto contraste, que facilita a identificação de inimigos e objectos, modo para daltónicos, leitura de texto no ecrã, assim customização de controlos e acessibilidades de combate.

No entanto, como seria de esperar, não está a ser um lançamento sem polémicas. Muito se tem falado sobre o preço e se The Last of Us Parte I deveria ou  não custar €79,99 na sua versão base. É uma questão complicada e cada um sabe das suas finanças. Mas, para quem já jogou e conheça a história, pode ser um valor um pouco difícil de processar. Para quem nunca jogou, e conhecendo a qualidade do produto final, não teria qualquer tipo de problema em recomendar um a compra imediata.

Seja como for, não é nenhum segredo que alguns meses após o lançamento os jogos tendem a entrar em promoções e, sempre que tal acontece, o preço só tem tendência a baixar.

Fazendo uma análise do jogo, é fácil perder-me em comparações entre versões e relatar de que forma este ou aquele aspecto do jogo foi melhorado (ou todos). Contudo, creio que é importante referir que há uma forte razão pela qual este jogo tem tido uma versão para cada novo modelo da consola. The Last of Us é, simplesmente, uma obra prima. A sua história e mecânicas de jogo não só resistiram à passagem do tempo, como se tornaram icónicas. Provando também que quantidade não é sinónimo de qualidade. Há mais substância nas 15-20 horas que este jogo nos oferece do que em muitos jogos de 80+ horas que por aí circulam.

Conclusão:

Jogar (ou voltar a jogar) esta versão é, na minha opinião, obrigatório. Há uma opinião geral acerca de The Last of Us Parte I e com a qual concordo totalmente: Sinto inveja de quem vá jogar este jogo pela primeira vez e o faça nesta versão. Sublime.