BALATRO - DESTAQUE

Balatro – Depois de se começar a jogar é difícil de largar | Análise

Nas festas de Natal e Ano Novo estava a vasculhar na Google Play Store algo novo para jogar e Balatro despertou a minha curiosidade. Este jogo indie une Poker e roguelike e o resultado é uma experiência super divertida e muito (muito) viciante. 

Preparem-se para passar horas e mais horas em torno deste jogo (vencedor de 3 prémios nos The Game Awards 2024) que é simplesmente obrigatório para quem é fã de jogos de cartas. Balatro teve a ousadia de unir Poker, construção de baralhos e mecânicas roguelike, e o resultado final foi uma experiência altamente viciante e ideal para se jogar num smartphone. Se por ventura quiserem jogar noutros sistemas não desesperem, pois, o jogo desenvolvido pelo programador LocalThunk também tem versão para PC (via Steam), Nintendo Switch, Xbox Series S/X e Playstation 4/5. 

Mesmo que nunca tenham jogado Poker na vossa vida, não se preocupem. Apesar de aproveitar bastantes coisas do mais famoso jogo de cartas do mundo, Balatro consegue ser acessível até mesmo para quem não possui experiência prévia, sendo este um dos seus primeiros (e bastantes) pontos positivos. 

Basicamente, o nosso objetivo é chegar à Ante 8 e vencer a aposta final, alcançando o número de pontos que nos é definido pelo jogo. Mas, para chegar lá, é preciso primeiro superar os desafios anteriores, que, como num bom roguelike, são definidos aleatoriamente em cada partida.  Como esperado neste tipo de jogos, perder significa começar do zero. 

Mas como funcionam exatamente esses desafios? Na prática, cada Ante possui três rondas onde a dificuldade vai aumentando: a Small Blind, a Big Blind e a ronda do Boss. Para superá-las, é preciso alcançar um determinado número de pontos, que é calculado através das tradicionais jogadas do Poker, como a High Card, Flushes, Straights ou Full Houses. Portanto a nossa missão é alcançar ou superar a pontuação imposta para cada ronda fazendo as melhores jogadas possíveis com as cartas que temos à nossa disposição. 

balatro - packs

Porém, se no Poker tradicional estivermos a enganar as regras do jogo é uma atitude deplorável e que é expressamente proibida, contudo, em Balatro não há mal nenhum em adicionar multiplicadores à nossa pontuação e cartas adulteradas ao nosso baralho. Pelo contrário: saber quando e (acima de tudo) como fazer isso é imprescindível para se progredir e conseguir vencer. 

Vencer uma ronda, seja ela uma Small ou Big Blind ou um confronto com um Boss, concede uma recompensa em dinheiro de acordo com a nossa prestação, que pode ser usada depois para comprar melhorias e novas cartas para o nosso baralho. É aqui que este viciante jogo indie começa a revelar a sua genialidade, pois, desde que vocês tenham a quantia necessária, é possível comprar cartas de tarot, espectrais e até mesmo modificadores planetários, capazes de fazer aumentar a pontuação de todas as suas jogadas de um determinado tipo, como Straights ou  Pairs. 

De todas as aquisições possíveis, as mais poderosas são os Jokers, capazes de alterar completamente a eficácia e a funcionalidade do nosso baralho. O Joker alegre (Jolly Joker), por exemplo, adiciona um multiplicador de 8 à pontuação toda vez que jogamos uma dupla de cartas, como dois valetes ou duas damas. Mas já o “meio Joker” (Half Joker), que está rasgado ao meio, adiciona um multiplicador de 20 se a nossa jogada contém três ou menos cartas. 

balatro - gameplay

Em condições normais, é possível ter até cinco Jokers ao mesmo tempo, o que concede ao jogador a liberdade necessária para tentar fazer a melhor combinação possível e até mesmo alcançar pontuações tão altas que superam qualquer desafio gerado pelo jogo. 

Unir os já mencionados Jolly Joker e Half Joker, por exemplo, gera um multiplicador de 28 toda a vez que uma dupla de cartas for jogada. Adicionem alguns modificadores planetários capazes de aumentar ainda mais a sua pontuação e irão ter um baralho promissor, capaz de sobreviver aos desafios se for bem usado (e aprimorado pois claro). 

Com 150 Jokers, quinze decks e dezenas de cartas especiais, Balatro certamente oferece milhares de combinações letais possíveis. O mais interessante é que, graças à natureza roguelike e aleatória do jogo, cada partida é diferente da outra, o que, juntamente com o constante fluxo de desbloqueáveis, incentiva o jogador a continuar a jogar e a descobrir novas opções, mesmo em caso de sucessivas derrotas — algo que considero essencial para este género de jogo. 

balatro - more gameplay

Mesmo com todas as suas qualidades, o jogo não está imune a alguns aspetos menos bons. O primeiro ponto é que, assim como em outros jogos de cartas, a sorte (ou a falta dela) pode acabar por possuir um protagonismo incómodo no resultado de uma partida. Afinal, se todos os nossos Jokers concedem multiplicadores para Doubles, mas a nossa mão e os descartes insistem em não trazer cartas iguais, não há muito o que se fazer para além de aceitar a derrota. 

Por defeito, o Boss de cada Ante também impõe uma condição adicional para o seu desafio, como zerar a pontuação de cartas especiais ou de um naipe específico. Considerando o caráter aleatório das partidas, não há nada que nos impeça de enfrentar um Boss capaz de neutralizar completamente o nosso baralho, resultando num Game Over frustante e, às vezes, difícil de aceitar (experimentem jogar com as cartas viradas para baixo e vão saber do que estou a falar). 

Ao contrário de outros jogos com características roguelike, Balatro naturalmente não oferece a opção de upgrades permanentes, resumindo a progressão do jogador aos itens desbloqueáveis que podem aparecer e ser usados em novas partidas. Logo, se preferem jogos onde a progressão é mais tangível, convém ter este fator em consideração. 

balatro - poker hands

Outro ponto que eu gostaria de realçar é que este é um daqueles jogos perfeitos para dispositivos portáteis/móveis, como os Smartphones ou a Nintendo Switch. Com rodadas rápidas e Antes que podem ser concluídas em 15 minutos (ou até menos), este é um título que combina bastante com a versatilidade dos Smartphones, podendo ser jogado na pausa para almoço, nos transportes públicos ou enquanto esperam para ser atendidos numa repartição das finanças. 

Conclusão

Pros

  • Não requer conhecimento Poker e as suas variantes, o jogo explica como se joga de forma simples
  • A combinação genial de Poker com as mecânicas roguelike
  • As milhares de combinações entre Jokers, upgrades e decks fazem “disparar” o factor replay
  • Muitos itens para se desbloquear
  • Jogo ideal para dispositivos móveis/portáteis

Contras

  • A aleatoriedade pode comprometer uma partida logo no seu começo

Balatro surpreendeu-me pela positiva e tornou-se em pouco tempo num dos meus jogos favoritos no meu Smartphone. Se procuram jogos fáceis de aprender, difíceis de dominar e praticamente impossíveis de abandonar, há poucos títulos parecidos no mercado. Mesmo com um ou outro deslize (como só ter uma única música em loop constante), é bastante difícil não recomendar este jogo a quem adora jogos de cartas ou roguelikes.