Terá a EA salvo o FC 25, bem como o futuro da franquia?

No dia 16 de Janeiro a Electronic Arts libertou o patch 8 para o FC 25, naquela que classificou a mais extensa actualização de jogo que alguma vez realizou a meio do ciclo de algum título da franquia.

Aquando a análise que escrevi ao jogo, não fui demasiado crítico à sua jogabilidade. A inconsistência habitual do jogo online e pouco mais. A adição dos roles este ano cativou-me e muito do meu foco andava ainda na exploração tática. À medida que a novidade se esgotou, contudo, ficou, como fica sempre, a experiência que temos no dia a dia, quando entramos dentro das quatro linhas virtuais. E a experiência de jogo estava longe de gratificante.

Esta experiência negativa com FC 25 estava a ser, aliás, um problema global da comunidade, ganhando voz através de inúmeros criadores de conteúdo com presença forte no meio. É do conhecimento comum que os problemas que o jogo tinha já vêem de anos, atrevo-me a dizer que desde a versão new gen do jogo. Mas este ano estavam muito acentuados. A péssima I.A. na movimentação ofensiva dos jogadores, longe da sua antagonista defensiva que nos permitia defender de forma quase automática, a falta de espaço, os defesas lentos que recuperavam terreno mesmo aos atacantes mais velozes do jogo, os passes e a finalização inconsistentes… a lista podia continuar. O jogo oferecia demasiados momentos de frustração para a gratificação reduzida que dele tirávamos.

Exatamente uma semana depois do patch 8 ter sido libertado e sento-me aqui a escrever que nunca me diverti tanto com um jogo desta franquia como me estou a divertir agora. É um jogo totalmente diferente que temos agora em mãos, estimulante e gratificante, e questiono-me porque só agora estamos neste ponto.

Os jogadores movem-se no ataque de forma dinâmica e fluida, penetrando inteligentemente nos espaços e oferecendo boas linhas de passe. A velocidade a que bola viaja nos passes torna possível uma rápida circulação, permitindo desmontar defesas com um bom tiki taka. Os jogadores sentem-se mais rápidos e ágeis com a bola e a consistência da finalização dentro da área melhorou consideravelmente.

Simultaneamente, a I.A. defensiva não pressiona tanto sozinha nem acompanha tanto os jogadores, forçando-nos a ser mais ativos manualmente na defesa. Numa primeira reação, a comunidade queixou-se que não conseguia defender. Hoje já existe um sentimento global, com o qual concordo a 100%, de que não conseguiam defender precisamente porque antes não precisavam de o fazer, a I.A. fazia-o por eles. Com este novo patch, somos obrigados a controlar mais os defesas manualmente, de forma a acompanhar as desmarcações ou fechar ângulos de remate. E, para mim, isto é algo extremamente positivo pois acentua o desnível de habilidade entre jogadores.

Desde o novo patch que deixei de sentir uma constante injustiça nos resultados. Salvo as exceções que confirmam a regra, sinto que quando sou superior ao meu adversário consigo ganhar jogos e quando sou inferior, não os consigo ganhar. E é assim que deve ser, premiar a qualidade de jogo. Antes do patch era atroz a quantidade de vezes que me senti injustiçado ao ser claramente superior ao adversário, mas ser penalizado por mecanismos do jogo que não podia controlar.

Agora tenho vontade de jogar FC 25, ficando com aquele bichinho de ligar a consola e saltar para dentro das quatro linhas. Os processos ofensivos são gratificantes e mantém-me envolvidos, bem como os processos defensivos que me forçam a manter-me proativo na leitura de jogo e intervenções. Os criadores de conteúdo andam a adorar a jogabilidade, até mesmo aqueles que já abertamente diziam que que só jogavam FC 25 porque era o trabalho deles, mas consideravam a experiência sofrível, criticando duramente a EA nos seus vídeos e streams.

Ainda temos alguns problemas, como algum excesso de ressaltos de bola ou, com as melhoradas movimentações dos jogadores, os passes em profundidade terem ficado eficientes em demasia. Mas a base está lá e estes pontos podem também ser melhorados.

Este patch coincide ainda com o hype habitual em torno da promoção da Equipa do Ano, durante a qual, surpreendentemente, a EA ofereceu a todos os jogadores um ícone Zidane para a Ultimate Team, uma carta de elite que geralmente custaria 2 a 3 milhões no mercado. Isto depois de já nos ter presenteado com um Bellingham ou uma Bonmati em Dezembro. Se juntarmos a qualidade de jogadores que tem sido possível criar através de evoluções, nunca foi tão possível ter uma equipa de grande qualidade neste modo de jogo, sem precisar de ter muitas coins no jogo. EA FC 25 está a atravessar um estado de graça dentro da comunidade.

Todos sabemos como este jogo não tem propriamente concorrência dentro da sua área. Mas, quando temos já alguns títulos a tentarem oferecer alguma luta e há rumores consistentes de que a Take-two, responsável pelas séries de jogos de desporto 2k, estará a trabalhar no próximo FIFA, o estado para tem caminhado a franquia EA FC é algo preocupante. Perder a comunidade como tem acontecido é o primeiro passo para perder para a concorrência forte que se avizinha. Agora, se a EA capitalizar no sucesso estrondoso que foi este patch e nele assentar pilares para os futuros jogos da série, pode, efetivamente, ter salvo o EA FC.