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Dune: Imperium – Pelo controlo de Arrakis | Análise

Os fãs da versão física do board game Dune: Imperium vão sentir-se em casa ao jogarem esta versão digital. Por outro lado, para os novos jogadores, esta adaptação poderá ser bastante intimidante no começo, pois há muito para se aprender a dominar. De qualquer das formas, Dune: Imperium (versão digital) é extremamente interessante e vale bastaste a pena aprendermos tudo o que tem para nos ensinar. 

O jogo criado pela Dire Wolf aposta em seguir as semelhanças de universo Dune, pois há uma semelhança artística imediata com as adaptações cinematográficas dos filmes realizados por Denis Villenueve e conexões diretas com a tradição e a história do romance Dune, de Frank Herbert. Mas também não foi esquecida outro dos pormenores também muito presentes neste universo, a estratégia política, que em Dune: Imperium é essencial para reivindicar a vitória (em pontos obviamente). Podemos escolher entre vários líderes (cada um com uma habilidade passiva diferente), entre eles temos Paul Atreides, ou o seu pai o Duque Leto Atreides (da House Atreides pois claro), ou ainda Glossu “The Beast” Rabban da House Harkonnen, Ilesa Ecaz da House Ecaz, entre outro tantos. 

O tabuleiro de jogo é toda uma zona de conflito para enviarmos unidades para a batalha. Existem espaços para todas as principais fações do Império, que podem fornecer bónus e outros “prémios” variados, dependendo da chegada e infiltração de agentes de cada fação. O apoio do Conselho Landsraad pode ser comprado, a corporação da CHOAM pode ajudar os jogadores a acumular riqueza (o dinheiro aqui também é necessário claro) e existem diversos locais espalhados por Arrakis que fornecem recursos preciosos – as valiosíssimas especiarias e a tão escassa água – para serem utilizados em vários componentes do jogo. 

Em Dune: Imperium os agentes são os protagonistas. Os jogadores podem ter até três (ou quatro por turno, se comprarem um mentat), e esses emissários subversivos assumem a forma de cartas. As cartas têm habilidades únicas que moldam a maneira como o jogador pode atingir os seus objetivos e até mesmo mudar o rumo do jogo. Se tudo isto está a parecer complexo, é porque é mesmo…, mas não se deixem intimidar, pois os tutoriais estão presentes no jogo para nos ensinar a dominar os mais pequenos (e grandes) pormenores. Eu num dia já sabia jogar minimamente bem, apesar de não ganhar no final, até porque a IA não perdoa (mesmo em Easy). Mas como em todos os jogos, a prática leva à perfeição, basta serem pacientes. 

dune: imperium - house harkonnen
Glossu “The Beast” Rabban, da House Harkonnen. A arte está muito similar à do filme de Dennis Villeneuve.

Penso que qualquer jogador será capaz de jogar e entender a mecânica do jogo, mas agora pergunto-me, como irão aplicar todo o conhecimento adquirido contra os formidáveis ​​oponentes controlados pela IA – para os quais eu penso que a dificuldade dita “normal” deveria ser reduzida – ou como se sairão contra os mestres que se encontram no modo online, que são autênticas máquinas em planeamento de estratégias. Recomendo paciência para aqueles jogadores que querem começar a ganhar desde cedo, pois é realmente preciso algum tempo para dominarmos às várias componentes do jogo, que podem inclusive ser bastante intimidantes para os novos jogadores. 

Mesmo depois de descobrir como tudo funciona, a learning curve pode ser um pouco íngreme para se jogar a um nível competitivo, pois fui dominado no modo online e (no momento desta análise) apenas venci dois jogos em dificuldade normal contra a IA para quatro jogadores (e foi mesmo por um triz que ganhei). Esta talvez seja uma das poucas “manchas” desta excelente adaptação do board game de Dune: Imperium. 

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Vista geral do tabuleiro de jogo digital e das cartas do jogo.

Independentemente disso, esta versão digital é incrível e dá sempre vontade de se jogar algumas rodadas, pois é sempre satisfatório aplicarmos as mais diversas estratégias para tentamos vencer cada ronda. Cada novo jogo parece uma “novidade” – pelo menos no início claro – com a grande variedade de cartas, tipos de recursos e oportunidades de colocação de agentes para estabelecer e conquistar pontos de vitória. São necessários 10 pontos de vitória para assumir o controlo de Arrakis, e para os ganharmos temos que vencer os conflitos (rondas), onde diferentes recursos estão à disposição para o vencedor e também para o segundo e terceiro “classificados”. Com base nas recompensas adquiridas, precisamos de avaliar quantos recursos estamos dispostos a usar no conflito seguinte. 

O jogo funciona lindamente e é ótimo interagir com as várias peças no tabuleiro. A user interface é fenomenal para o tipo de jogo que Dune: Imperium é. Seja nos retratos das personagens, na arte usada como pano de fundo ou o design geral, tudo está muito bonito de se ver. Às vezes fico simplesmente a admirar o planeta Arrakis a girar (que serve como pano de fundo) ou a admirar a arte gráfica das diversas cartas. Não posso deixar também de referir a belíssima banda sonora presente, que nos imerge ainda mais na experiência de jogo e até faz lembrar os mais recentes filmes do universo Dune. 

Existem bastantes decisões para tomar… mas qual delas nos irá dar a vitória?

E embora eu ainda não tenha jogado a edição física de Dune: Imperium, assisti a alguns vídeos do mesmo e é seguro dizer que a experiência é quase idêntica, tanto que se quiserem também podem aprender as regras do jogo vendo jogadores reais a jogar o board game físico. Este formato digital, contudo, tem uma grande vantagem, pois podemos jogar contra qualquer pessoa, em qualquer lugar, a qualquer hora, ou então claro, sempre podemos jogar sozinhos contra a “implacável” IA. Outra das vantagens da versão digital do jogo são os seus modos variados e em constante mudança, como por exemplo, os desafios Skirmish, onde cada sessão de jogo é diferente da anterior, pois podemos escolher e definir “as regras” do jogo. 

A Dire Wolf também tem planeado trazer para versão digital as expansões físicas existentes para Dune: Imperium –  Rise of Ix e Immortality – na ordem em que foram originalmente lançadas. As datas de chegada das expansões não foram ainda comunicadas e provavelmente dependerão da receção do jogo principal por parte dos jogadores. Penso que seria deveras importante trazer as expansões num futuro próximo, para assim garantir uma experiência mais acessível para todos os jogadores (e estar a par com o board game claro), independentemente de como eles prefiram desfrutar do jogo.  

Se estão interessados em adquirir o jogo, ele encontra-se disponível na App Store, Google Play e no Steam (versão utilizada para esta análise). 

Conclusão

Pros

  • Arte visual bastante apelativa
  • Muitas cartas de jogo
  • Partidas on-line viciantes
  • Banda sonora extremamente gratificante
  • Diversas maneiras de se ganhar pontos de vitória

Cons

  • A bastante desafiadora, mesmo nos níveis de dificuldade mais baixos
  • Regras complexas podem afastar jogadores mais casuais

Dune: Imperium consegue trazer sua experiência viciante do jogo real para o mundo digital. Com as suas diversas camadas de mecânicas de jogo, arte gráfica apelativa e muitas maneiras de jogar, este jogo oferece diversão para uma ampla audiência de fãs de Dune - incluindo aqueles que não costumam jogar cartas ou jogos de tabuleiro. Se tudo correr como planeado para o estúdio da Dire Wolf, este jogo deverá cativar a sua comunidade de jogadores por longos anos