Temos os First Person Shooters, e depois temos Superhot.
Antes de Doom (2016) vir alterar drasticamente a forma como até agora jogamos FPS, já Piotr Iwanicki e Panos Rriska nos tinham mostrado uma diferente e inovadora experiência dentro do género.
A génese
Superhot é um fps indie, desenvolvido e publicado pela Superhot Team e, como muitos jogos de pequenos estúdios, teve um início humilde.
O primeiro protótipo nasceu em 2013, durante o 7 Day FPS Challenge, um evento em que no prazo de uma semana programadores têm de criar uma versão funcional de um FPS. Inspirado por time4cat, um pequeno jogo em flash, Piotr Iwanicki pegou na ideia base, o tempo apenas avança quando o jogador se move e, adaptou-a ao género FPS.
O protótipo desenvolvido em 2013 pode-se encontrar no seguinte link.
Mecânicas de Jogo
Superhot tem um ambiente minimalista, cenários brancos em que podemos facilmente identificar a preto as armas e objectos com os quais podemos interagir, sendo que os inimigos aparecem como figuras poligonais vermelhas.
Os níveis são pequenos e temos sempre um número finito de inimigos, que aparecem sempre no mesmo sítio do cenário, pelo que é possível memorizar o nível e ir corrigindo os erros a cada tentativa falhada.
Podemos esmurrar oponentes, de forma a neutralizá-los ou para que deixem cair a arma, que depois podemos apanhar e usar, atirar-lhes com objectos para temporariamente os retirarmos de combate ou atacá-los com armas de fogo ou lâminas. Podemos ver também a vermelho o rasto deixado pelas balas, sendo que estas se apresentam a preto.
Isto sempre com a premissa do protótipo desenvolvido em 2013, o tempo apenas avança se nos movermos.
Tudo se passa em fracções de segundos, no entanto, só nos apercebemos no fim do nível, quando nos é apresentado um replay de tudo o que aconteceu, desta vez em tempo real. Estas mecânicas traduzem-se numa jogabilidade extremamente viciante, com momentos de extrema frustação, mas que se tornam em momentos de extrema satisfação quando ultrapassados.
Superhot
Superhot foi lançado a 25 de fevereiro de 2016, como jogo completo, sendo que a versão VR esteve disponível a 5 de dezembro do mesmo ano.
Somos colocados na pele de alguém a quem é dado acesso a um servidor muito reservado, onde podemos jogar um jogo. Ficamos de tal modo intrigados com o jogo, que não nos conseguimos afastar, é aí que o nosso acesso não autorizado é detectado, mas tal é a adição, que não saímos do servidor. É aí que as coisas começam a tomar um rumo mais negro para o nosso personagem e percebemos que não só estamos a ser monitorizados, como a certo ponto passamos a fazer parte do próprio jogo.
Nesse ponto, mais perto do final, desbloqueiam-se outras mecânicas interessantes que vêm dar um novo twist à jogabilidade, para não falar no nível de dificuldade, que entra num patamar totalmente novo e desafiante.
Superhot: Mind Control Delete
Lançado a 16 de 8julho de 2020, este Mind Control Delete é uma carta de amor aos fãs. Trata-se de uma expansão, que pode ser adquirida e jogada em standalone, mas, que foi oferecida a todos aqueles que já haviam comprado o jogo original.
O gameplay é excelente e percebe-se no que a equipa esteve a trabalhar durante estes 4 anos, pegando no que funcionava melhor e construindo a partir disso. Os níveis continuam pequenos, mas o twist resulta da inserção de “vidas”, possuímos três corações que desaparecem à medida que somos atingidos, no entanto, é com esses corações que temos de passar blocos de níveis.
À medida que vamos avançando nos blocos de níveis somos presenteados com diversos hacks, que nos darão vantagens para atravessar esse bloco em particular. Estes vão desde corações extra, mais balas nas armas, mais velocidade de movimento, reabastecer os corações, entre outros. Além disto temos novas armas, novos tipos de inimigos que juntos criam toda uma nova abordagem ao conceito de Superhot.
Tudo isto resulta num gameplay que dá a sensação de ser totalmente novo, mas que ao mesmo tempo nos dá a impressão de que estamos a revisitar algo já bem conhecido.
Superhot é um título que considero obrigatório para os amantes de First Person Shooters e não só. Com um conceito diferente de tudo o que até agora foi feito. Inovador, tanto em 2016 como hoje, que é algo do qual muitos poucos jogos se podem gabar.
Começou a jogar num spectrum 48k e desde então tem uma paixão por videojogos, não imagina a sua vida sem jogar. Fã de RPGs, First Person Shooters e jogos Third Person, joga na sua PS5, Xbox Series S, PC e Nintendo Switch.