O GeForce NOW é um serviço de streaming de jogos que já existe há algum tempo, mas só este ano é que a NVIDIA resolveu entrar em força em vários países, Portugal incluído, “misteriosamente” depois do lançamento da beta do Google Stadia e do anúncio do serviço Xcloud da Microsoft (Xbox).
O que diferencia este serviço dos restantes, e dos últimos dois acima citados em especial, é que aqui o que nos é oferecido é bem simples: ter acesso a toda a nossa livraria de jogos, nos múltiplos serviços que usemos (Steam, Epic Store, UPlay, Origin) e jogá-los onde quer que estejamos (desde que haja ligação à internet) e seja em que máquina for. Esta é a promessa. A realidade? Essa não é bem assim, mas está lá perto. Muito perto.
O que falta para tornar a promessa numa realidade é simples: apoio. Em termos de estratégia, este é o serviço que, do ponto de vista do consumidor, faz mais sentido. Porque é que havemos de ter de pagar duas vezes pelo mesmo jogo só para podermos ter o privilégio de o poder jogar fora de casa, nos nossos telemóveis ou simplesmente numa máquina que não seja a coca-cola do deserto da PC Master Race? Exacto. É um serviço que resolve problemas e que até abre portas a quem tenha uma máquina bem pouco potente de poder experimentar os jogos com que sempre sonhou. Só que, infelizmente, não é bem assim.
O problema é o de sempre: dinheiro. Se para os consumidores é um no brainer podermos aceder aos nossos jogos a partir de qualquer sítio ou máquina, já para quem os concebe e para quem os vende não é bem assim, pois o serviço NVIDIA GeForce NOW não é grátis, havendo um free tier com várias limitações e uma subscrição de $4,99/mês (Founders Edition, neste momento esgotada) que nos permite evitar as filas para entrar em jogo, não nos impõe limites ao tempo que podemos ficar a jogar e oferece-nos melhor qualidade gráfica e maior fidelidade (podendo aceder à tecnologia Ray Tracing, por exemplo). Mas nem as produtoras, nem os estúdios estão de acordo com o modelo de negócio da NVIDIA e foram muitos os que “saltaram fora” assim que o serviço passou a fase beta e introduziu a opção paga. A discussão é vasta e há bons argumentos de parte a parte que poderemos discutir noutra ocasião. Agora o que nos interessa é saber se o serviço, como está, vale a pena. E a melhor resposta que vos posso dar é: depende.
Depende do uso que vão dar a este serviço, das condições que têm em termos de ligação à net, dentro e fora de casa, e depende se os jogos que efectivamente jogam estão ou não disponíveis no serviço. No meu caso tenho um PC ainda bastante aceitável em casa que ligo por cabo directamente ao router e é nele que passo a maior parte do meu tempo quando quero jogar. Mas a verdade é que cada vez mais me vejo na situação de estar à frente de um Macbook que é tudo menos uma máquina de jogos e cada vez mais me tenho ligado ao serviço GeForce NOW a partir desta máquina e devo confessar que o serviço me surpreendeu pela positiva, sendo perfeito para uns rounds de DOTA 2 (num nível muito amador), umas missões do Division 2, ou para umas horas do meu último pequeno vício que é o Dauntless. Se há lag? Alguma. Mas depende muito das circunstâncias e é mais uma questão da rede em si do que do serviço. Se recomendo que utilizem este serviço para jogar outro dos meus pequenos grandes vícios que é o Dragon Ball FighterZ ou outro jogo em modo pro/hardcore/competição? Não. Mas também não recomendaria outro serviço de streaming para o fazer, tal como não recomendaria jogarem jogos competitivos usando wireless. É apenas uma questão de bom senso, pelo menos enquanto o serviço 5G não está amplamente disponível.
O GeForce Now é um serviço que, no meu caso de jogador casual, simplesmente funciona. O tempo de instalação dos jogos nos servidores na cloud é brutalmente rápido e em segundos estamos a jogar os nossos jogos seja em que máquina for, incluindo no smartphone (e aqui ter acesso a um comando Bluetooth ,como um comando Xbox, é obrigatório). A experiência em casa ou no escritório é além de satisfatória. Na rua, bem… que ligação têm e qual o vosso plano de dados?
Fora o facto de nem todos os jogos da nossa biblioteca estarem disponíveis para stream, há pouco mais a criticar. OK, há uma coisa. O interface é horrendo e muito pouco prático, requerendo mais do que um bom bocado de paciência em termos de navegação e acessibilidade, mas este é um assunto que tenho quase a certeza que será resolvido nas próximas iterações do serviço. A minha recomendação? Experimentem. Neste momento ainda vão a tempo de aproveitar a versão grátis, que vos permite jogar durante 1 hora sem interrupções. Para quem sempre sonhou em jogar Apex Legends no seu smartphone, para quem tem uma máquina antiga ou simplesmente para quem é apaixonado pelas máquinas da maçã trincada, mas que sempre quis experimentar o que é poder correr jogos a sério, esta é a solução perfeita. Partindo do princípio que o que querem jogar está disponível.
NVIDIA GeForce NOW está disponível aqui.
Nasceu num dos melhores anos para nascer, 1980, e cresceu com um enorme desejo de poder jogar nas máquinas de jogos. Cumpriu esse desejo no dia em que finalmente fez 16 anos e pode legalmente entrar em salões de jogos. Infelizmente também descobriu que jogar custava dinheiro e por isso resolveu estudar mais um bocado. Hoje é publicitário e feliz proprietário de uma Super Nintendo. O seu jogo favorito ainda é o Street Fighter II.