Se enquanto se é novinho(a) é fácil pegar num jogo e “despachá-lo” de uma assentada, quando o nosso tempo se reduz bastante surge um problema frequente com duas hipóteses de resolução.
Quando comecei a apaixonar-me por videojogos seguia apenas e só uma regra: divertir-me. Dir-me-ão que é assim que é suposto ser, sempre. De acordo. Porém, a única regra que seguia levava a que tivesse começado variadíssimos jogos que nunca terminei, seja porque a dificuldade ia escalando e eu não a conseguia ultrapassar, seja por ter começado um jogo novo e o que estava a jogar anteriormente ficava “chutado para canto”. E, no fim, não acabava nenhum porque o ciclo se repetia. Assim de repente vêm-me à memória os jogos do Aladdin, Rei Leão e The Revenge of Shinobi, na SEGA Mega Drive, bem como o primeiro Spyro The Dragon e o Croc Legend of the Gobbos, já na primeira PlayStation. Não passei nenhum até ao fim, nem tenho ideia de quão perto fiquei de o fazer.
Agora que penso nisso, nem me recordo com exactidão de qual foi o primeiro jogo que consegui ver os créditos surgir. Talvez o Pocahontas na Mega Drive (ah, os saudosos jogos da Disney…).
Actualmente, dou por mim com um problema que não é propriamente o mesmo, afinal de contas, quanto mais não seja por orgulho (ou com ajuda do Youtube, vá…) levo um jogo até ao fim! Claro que tenho que gostar do jogo, de o jogar, da história que o envolve, da música, seja do que for que me tenha despertado o interesse e levado a adquiri-lo. No entanto, não é tão simples quanto dizê-lo chegar a esse ponto. Eu ocupo 99% do meu tempo com videojogos no singleplayer, portanto, são jogos que têm uma trama mais ou menos complexa, com várias personagens, diálogos, contextos, etc. que só fazem sentido e, diria mais, só se consegue tirar o melhor proveito quando se sabe, em todos os momentos que pego no comando da consola, onde estou, de onde vim, para onde vou ou o que tenho para fazer a seguir.
Quando após o menu inicial do jogo, carrego o save e só me lembro, com sorte, do nome da personagem principal, verifico que não faço ideia alguma do motivo que me leva a estar na cidade em que a acção está a decorrer presentemente ou não tenho ideia de algum dos controlos que são imprescindíveis para executar ataques ou fabricar items, começo a questionar-me: faz sentido continuar a avançar ou devo começar do início para estar a par de tudo?
Recordo-me perfeitamente de um jogo que fiquei um bom tempo se lhe pegar e em que tomei a opção de continuar até ao fim, praticamente limitando-me às missões principais para poder dizer a mim mesmo que o tinha concluído e retirado do backlog: o TES V: Skyrim. Estou perfeitamente a par de que se trata de um jogo com conteúdo de um tamanho avassalador, passível de ser jogado por centenas de horas a fazer as mais diversas coisas diferentes mas depois de o ter começado e desfrutado de forma variada, deambulando de um lado para o outro, interagindo com muitos NPC’s, realizando inúmeras sidequests, passei para outros jogos. E quando voltei a pegar na minha personagem de Skyrim, constatando que já tinha cumprido várias missões principais, pesquisei na internet qual seria o caminho até ao “fim” e por ali fui. No total foram mais de 50 horas mas senti um certo vazio, que no fundo só tinha cumprido um dever ao “completar” o jogo, pelo que, em conclusão, a experiência foi bastante insatisfatória.
Por outro lado, qual seria a solução? Começar tudo de novo, pois claro. Bem sei que, actualmente, com o Youtube é sempre possível a vizualização do conteúdo que ficou para trás e de que já não nos recordamos para avivar a memória mas não sou adepto dessa “moda” de “jogar pelo Youtube”. Para mim é como se fosse estar a saber a história e quem são as personagens de um filme através do que alguém me contou. Assim, foi sem pestanejar que comecei de novo jogos como Bayonetta, Deus Ex: Human Revolution ou Final Fantasy XII. Não me recordo com precisão do que levou a que deixasse estes jogos “encostados” mas, com alguma probabilidade, foi apenas a vida a acontecer. O que sei é que me propus, após recomeçá-los, a não deixar que outros jogos se fossem colocando no caminho, tentando também aproveitar os momentos em que a possibilidade de ser interrompido eram mais reduzidas para os “saborear” como qualquer um deles bem merecia, sabendo perfeitamente de onde vinham as personagens, o que as motivava, como é que eu as controlava e que ferramentas eu tinha à minha disposição.
Suponho que esta questão não seja pacífica, afinal de contas o mais provável é que este dilema surja em ocasiões tão distintas como apenas se ter passado 2 ou 3 horas de um jogo, havendo ainda muito pela frente para “apanhar o fio à meada”, mas também quando já se despendeu 30 horas ou mais e se calhar o fim não está longe mas em que, ao não nos lembrarmos do contexto em que o jogo está inserido, se calhar acabá-lo não terá qualquer sabor. Eu acho que mais vale começar de novo!
O meu primeiro contacto com os videojogos aconteceu por altura do meu 8º aniversário, quando recebi de prenda uma SEGA Mega Drive, ficando “agarrado” a jogos como “The Revenge of Shinobi” ou “Streets of Rage 3“. Anos mais tarde, tive a possibilidade de experimentar a primeira PlayStation, juntamente com o original “Spyro the Dragon”, jogando a todas as consolas da Sony desde essa altura (caseiras e portáteis). Nenhum jogo, até hoje, me marcou mais do que o Final Fantasy X, mas creio que o que mais horas joguei foi o PES 5, também na PS2. Adoro jogos de ação na 3ª pessoa, visual novels e RPG’s no geral (para indicar alguns géneros), mas tenho um fraquinho particular por turn-based JRPG.