“Marvel´s What If…?” – “Possibilidades infinitas”

E se tudo o que temos visto a acontecer no universo cinematográfico da Marvel tivesse levado outro rumo…, bastando para isso uma pequeníssima alteração nos acontecimentos?? Se ficaram curiosos, venham então conhecer “Marvel’s What If…? 

Após anos a apostar (e com sucesso) na vertente live action o UCM (universo cinematográfico da Marvel) chega agora também à animação. Aqui vão ser exploradas realidades alternativas, indo buscar para isso histórias e arcos bem conhecidos pelos fãs e que irão ser narradas pelo The Watcher, indo assim de encontro aos comic books dos anos 70, onde o narrador nos conta as histórias de muitos dos principais heróis da Marvel, mas com pequenos twists que deram origem a acontecimentos bem diferentes dos que conhecemos. 

Esta serie de animação, exclusiva do Disney Plus, começa em grande logo no 1º episódio e que muda um detalhe muito importante num dos primeiros filmes do UCM, o “Captain America: The First Avenger”. Mas aqui, é a agente Peggy Carter quem recebe o soro do super-soldado, tornando-se assim a Captain Carter. A trama segue quase idêntica a do material original e é uma excelente introdução ao conceito “What if…?”, que também foi explicado na outra série da Marvel exclusiva do Disney Plus, “LOKI”, onde num dos episódios ficamos a saber o que é o Nexus Event.  

Continuando a viagem por “Marvel´s What If…?” o episódio dois já foi um pouco mais estranho, mas nesta série, ser estranho é que faz sentido. O que aconteceria se dois personagens totalmente diferentes se unissem num só? Se quem nasceu para ser rei de Wakanda, em vez disso se torna-se o Star Lord. O segundo capítulo mostra o que aconteceria se T’Challa fosse sequestrado por Yondu no lugar de Peter Quill, e a “brincadeira” aqui é mostrar que foi o Wakandan que mudou o rumo das vidas dos Ravagers. 

Mas esta lógica não se fica pelos dois primeiros episódios, pois grande parte dos episódios regem-se por essa lógica. Por isso não estranhem ver Thor como sendo filho único, desenvolvendo assim uma personalidade muito diferente, ou o Doctor Strange que em vez de ter perdido as mãos, “perdeu” o seu coração… onde a peça central aqui é a perda de Christine, o grande amor de Stephen Strange. 

captain carter

Diria que este até seja maior defeito de Marvel’s What If…?”, estar muito dependente do universo cinematográfico limita e bastante, o tipo de realidades e tramas a serem apresentadas. Se tivessem sido explorados mais “universos” da Marvel para além dos filmes do UCM (como os Fantastic 4), o resultado final seria ainda mais impactante. Existiu algum espaço para isso, mas não o suficiente, como num dos melhores episódios, “What If… Zombies?(episódio 5), e nos dois últimos, que estão absolutamente fantásticos, e estão carregados não só de ação, mas também de emoção. 

Mas tem de se dar mérito aos episódios que “acompanham” os filmes do UCM, como os episódios 3 e 4 (What If… The World Lost Its Mightiest Heroes? e What If… Doctor Strange Lost His Heart Instead of His Hands?). Estes dois episódios em concreto para mim causaram um maior impacto, pois mostram uma nova e diferente perspetiva das personagens, e ate poderia dizer que são as melhores versões delas, superando até a própria versão dos filmes do UCM. 

Mas será este um grande problema de Marvel´s What If…?. Ao ser canónica dentro do UCM, é justo assumir que ela pode ser relevante para as futuras produções do calendário da Marvel. Mas o que se vê é um meio-termo desinteressante, em que as histórias tanto não podem ser encaradas como produtos soltos, nem como tendo a mesma importância dos live-action. Sabemos que séries como WandaVision, Falcon & Winter Soldier e LOKI foram introduções a eventos que serão desenvolvidos nos filmes, mas onde se encaixa tudo o que foi apresentado nesta animação. Aparentemente, num limbo…, isto é até Kevin Feige decidir tirá-la desse mesmo limbo. 

Drax & T´Challa

Como referi, os eventos aqui mostrados são narrados pelo The Watcher, cuja voz ficou a cargo (e muito bem diga-se) de Jeffrey Wright. The Watcher nunca poderá quebrar uma única regra, que é nunca interfir com o desenrolar dos acontecimentos, e com o aproximar dos últimos episodios, a sua participação não só ficará mais frequente, mas acima de tudo, crucial para unir todas as pontas soltas, e servir de assim de “cola” com tudo aquilo que temos vindo a acompanhar. 

A decisão por parte da Disney em colocar uma boa parte dos actores que vimos nos filmes do UCM a emprestarem as suas vozes às suas versões animadas foi sem dúvida uma grande jogada. Por isso contem por exemplo ouvirem as vozes de Chris Hemsworth (Thor), Samuel L. Jackson (Nick Fury),  Benedict Cumberbatch (Doctor Strange), ou ainda com o já falecido e eterno Black Panther, Chadwick Boseman, que ainda consegui dar aqui o seu derradeiro contributo à família Marvel.  

A animação também tem aqui uma nota bem elevada. Aqui temos uma mistura do estilo cel-shading com os contornos dos heróis que vimos nos filmes, e todos eles, são quase a cara chapada das suas contrapartes do cinema. Mas a fluidez da animação também está num patamar elevado, e claro que se destaca nas cenas de maior ação, sendo um verdadeiro espetáculo para os nossos olhos. 

Loki - WHAT IF...?

Marvel´s What If…?”   traz consigo uma mudança de tom no UCM, onde a Marvel foi inteligente em explorar versões mais cómicas, sinistras e até mesmo violentas de alguns dos heróis e vilões favoritos dos fãs. Contudo seria ótimo que houvesse espaço para explorar mais cenários, indo assim para além daqueles que tomam por base os filmes que temos vindo a acompanhar desde o início deste UCM. Mas para qualquer fã dos heróis criados por Stan Lee, esta animação merece e deve ser vista do primeiro ao último episódio. Venha agora a segunda temporada!