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Evil Dead: The Game – “Hail to the King, baby” | Análise

Desde a década de 80 que o universo de Evil Dead teve direito não só à mítica trilogia de filmes, mas também teve direito a séries de TV e videojogos. Agora, somos brindados com mais uma entrada desta série de culto no universo gaming com Evil Dead: The Game. Será que é um bom jogo? Let´s find out! 

Quando vi um trailer de jogabilidade de Evil Dead: The Game no ano passado até achei que o jogo poderia ser interessante, mas ao mesmo tempo fiquei na dúvida. No passado já joguei alguns jogos Evil Dead, e confesso que pouco gostei deles, eram bastante medíocres. Agora, o novo jogo foi desenvolvido pela Saber Interactive (que já nos trouxe também o excelente WWZ) e a Boss Team Games, e tenho que dizer que não segue o mesmo destino dos jogos anteriores, pois de medíocre não tem nada, antes pelo contrário. 

É isso mesmo, finalmente existe um jogo Evil Dead que é verdadeiramente bom. Para além disso, há muita coisa para fazer durante as partidas, com sistemas de jogabilidade bem aprofundados e partidas completamente caóticas, mas no bom sentido claro. 

Evil Dead: The Game, por se tratar de um título que é na sua maior parte multiplayer, não se rege por uma história fixa. Contudo, usa todos os elementos trazidos pelos filmes, como a Kandarian Dagger ou o Necronomicon Ex-Mortis, mas como mencionei não tem uma narrativa fixa.

Logo ao iniciar o jogo e ter entrado no menu principal, fui presenteado com algumas coisas que estão bastante fiéis à icónica série. Seja através dos modelos de personagens detalhados, onde se destaca obviamente Ash Williams, aos ambientes impressionantes, até ao mítico Oldsmobile Delta 88 amarelo que Brock Williams ofereceu ao filho Ash. Outro pormenor delicioso é a música, que capta na perfeição os filmes Evil Dead, e transmite pânico inquietante. A Saber Interactive não deixou escapar nada! 

Ash Williams
Ash Williams, a “imagem de marca” de Evil Dead

Apesar de o jogo ser na sua maioria virado para o multiplayer, num sistema bastante usado por outros jogos, o 4 VS 1, existe também uma pequena componente single player. Aqui vamos controlar Ash em diferentes momentos para realizar missões específicas e pelo meio vamos enfrentar muitos (mas mesmo muitos) demónios. 

Ao terminar cada um destes capítulos off-line (que são 6 de momento), vamos ganhar recompensas, sejam elas gravações áudio que complementam os acontecimentos dos filmes (The Knowby Tapes), ou até personagens que podem ser usadas nos jogos on-line. Convém referir que mesmo a componente single player, requer uma ligação constante à Internet, por isso se por ventura os servidores estiverem em baixo não vão conseguir joga-la.  

Já na vertente principal do jogo, o 4 VS 1, teremos que mandar de volta para o inferno todo o tipo de demónios, e irá caber aos 4 sobreviventes (jogadores) juntarem forças para fechar o portal que liga o inferno ao nosso mundo. Confesso desde já que foi muito difícil encontrar uma equipa coesa, pois só me deparei com jogadores que pouco ou nada fazem em equipa, querendo sempre fazer o que bem entenderem sozinhos. Por isso mais vale até jogar com os restantes membros da nossa equipa controlados pela IA, pois são bem mais úteis. Sim existem a opção de termos o mesmo modo 4 VS 1, com os restantes Survivors sendo controlados pela IA, e o mesmo se aplica se quisermos ter um demónio controlado pela IA e não por outro jogador. 

ash and the bonfire
As fogueiras, local obrigatório para baixar o nivel de medo

Continuando, para fechar o portal teremos de juntar três partes de um mapa, que quando juntos vão revelar a Kandarian Dagger e as páginas perdidas do livro dos mortos (Necronomicon). Claro que pelo meio temos de encontrar armas, itens de cura e amuletos, que nos vão ajudar bastante na hora de enfrentar tudo o que é demónio que se encontram espalhados pelo mapa do jogo. Depois de termos reunidas as “peças chave”, lá enfrentaremos os “bosses” finais, os Dark Ones. Isto claro se escolhermos jogar na pele dos Survivors. 

Quando se joga como um dos 3 tipos de demónios presentes (Necromancer, Warlord ou Puppeteer), é necessário colocar portais para invocar mais demónios, controlar árvores para atacar jogadores (que posteriormente dão um susto do caraças, falo por experiência) possuir objetos (como carros e caixas de upgrades) e até mesmo pessoas. Também poderemos nos materializar por breves momentos (pois aqui o nosso personagem move-se de forma invisível pelo mapa de jogo) para tentar impedir o grupo de Survivors de cumprir o seu objetivo, fechar o portal entre a terra e o inferno. Apesar de à primeira vista parecer complicado, no contexto prático é tudo simples, o que é ótimo pois assim o jogo fica bem divertido e consegue cativar a nossa atenção. 

Cada um dos bravos Survivors possui habilidades únicas, importantes para que o jogador possa ter hipóteses de se safar aos horrores que vão aparecendo. Temos diversos “Ashs” de cada um dos filmes (incluindo a sua variante Evil Ash), bem como outros personagens inesquecíveis, como Pablo Simom Bolivar (de Ash VS Evil Dead) ou ainda Lord Arthur (de Army of Darkness). 

The Dark Ones, beware!

Cada personagem tem atribuída uma categoria (Leader, Warrior, Hunter e Support) e consoante a nossa escolha poderemos ter uma melhor habilidade de cura, mais resistência ao medo ou até um aumento dos ataques físicos. Convém referir que essas mesmas habilidades podem ser melhoradas de diversas formas na Skills Tree de cada uma das categorias.  

É assim importante procurar a melhor estratégia e personagem que mais se adequam ao nosso estilo de jogo, que no meu caso é o Ash do primeiro filme Evil Dead, que tem a classe de Support. 

Durante o decorrer de cada jogo, existem habilidades que são apenas válidas para a partida em questão, e que podem subir de nível conforme vamos encontrando frascos de Pink-F nos diversos baús espalhados pelo mapa. Nota-se que a Saber Interactive quis também introduzir um pouco de estratégia ao jogo, pois temos de pensar um pouco em quais os atributos mais importantes para fazermos level up. Eu cá dou prioridade a maximizar a barra de saúde e o ataque físico, e até tenho conseguido safar-me bem. 

Existem algumas mecânicas de jogo que podiam ter sido polidas, como por exemplo a condução dos carros (que está um pouco caótica no mínimo) ou até mesmo a sensibilidade dos controlos quando nos virarmos (esquerda/direita) ou fazemos mira com as armas. Se existisse uma opção para se poder ajustar a sensibilidade era ótimo (pelos menos na Playstation 5 não tem). Outro aspeto que pode ser “melhorado” no futuro, é o modo single player, que apesar de ser ótimo na minha opinião, peca por ser muito curto, pois em 2 horas conseguimos concluir todas as missões. E claro, retirar a obrigação de estar ligado aos servidores para se jogar sozinho… honestamente nos dias que correm não faz qualquer sentido. Outro ajuste seria acrescentar algum tipo de mecânica que faça os outros jogadores dependerem mais do trabalho em equipa para conseguir concretizar o objetivo. 

 

Conclusão:

Evil Dead: The Game tem um grande potencial, e foi claramente pensado para os fãs da obra de Sam Raimi. Eu achei o jogo bastante divertido e diversificado, já que a imprevisibilidade de onde os pedaços do mapa irão aparecer, aliada aos restantes desafios que cada partida tem, faz com que toda a experiência seja bem interessante. Os easter eggs são a cereja no topo do bolo, pois fazem-nos viajar no tempo e reforçam que Evil Dead é mesmo uma obra de culto. Com alguns updates e correções, o que está bom poderá ficar melhor..