Mosaic – Vivendo uma rotina deprimente

Mosaic não é um jogo, é viver um dia mau vezes sem conta.

Em Mosaic não jogamos, arrastamo-nos numa rotina diária deprimente. O verdadeiro trabalhar, dormir, repetir. Sentimos a força da prisão que é viver uma vida sem algo que nos preencha.

O nosso personagem é infeliz, desmotivado e isso sente-se em tudo o que fazemos, desde o acordar, preparar para sair, viajar em transportes públicos, trabalhar, tudo é sofrimento e tudo nos faz sentir estar a afundar. No percurso do nosso dia jogamos jogos mobile sem objectivo, procurarmos o amor em vão e somos escravos de uma conta bancária sempre com saldo negativo.

A experiência é curta e as partes em que efectivamente jogamos resumem-se a tarefas repetitivas, que não são outra coisa senão as tarefas laborais do nosso personagem. As deambulações diárias são cinzentas, o calor humano é inexistente, todos se parecem uns com os outros e damos por nós literalmente a afundar-nos em algumas cenas.

Visualmente está muito bem conseguido, capturando todo o ambiente que quer transmitir, com cenários citadinos estilizados mas imponentes onde “rebanhos” repetem constantemente as mesmas rotinas que nós. Estes cenários são ocasionalmente  perturbados por uma actividade disruptiva que vem trazer cor ao mundo desta alegoria em que nos encontramos.

Não esperem quebra-cabeças, batalhas intensas, ritmos frenéticos ou plataformas, Mosaic vive-se,  pensa-se e absorve-se a sua mensagem. É uma narrativa interactiva.

Mosaic está disponível para a PS4, Xbox One, Nintendo Switch, PC, Mac e Apple Arcade.

Conclusão:

Mosaic não é efectivamente um jogo, é uma experiência, uma espécie de lição de vida que nos incentiva a procurar o que nos faz feliz e a romper com as amarras da sociedade actual, constantemente ligada à tecnologia e focada no trabalho. Resumidamente é um “não jogo” que nos desafia a viver. Mergulhei em Mosaic sem saber bem o que me esperava e dei por mim a pensar na minha própria existência.