Primeiras imagens de FIFA 21, a morte do FIFA 20 e balanço de mais um ciclo

O ciclo repete-se ano após ano e o “nascer” do novo título coincide com a “morte” do actual. Como foi FIFA 20 e o que esperamos de FIFA 21?

O EA Play Live revelou as primeiras imagens do FIFA 21. Esta revelação acontece uma semana depois de terminada a promoção Team of the Season, que disponibiliza, aos jogadores de FIFA Ultimate Team, a maioria das melhores cartas do ano. A partir deste ponto, o jogo entra no seu natural declínio, com o grind pela equipa perfeita terminado e a motivação para jogar reduzida. É altura de apontar as baterias para o lançamento do novo título, em Setembro, pois a revelação deixou-nos a salivar. é também altura de descansar e jogar outros jogos diferentes, talvez até vender o jogo em segunda mão, enquanto ainda vale alguma coisa.

PRIMEIRAS IMAGENS DO FIFA 21 ENCHEM O OLHO, NUMA APRESENTAÇÃO COM FOCO NAS NOVAS CONSOLAS

Pouco foi mostrado do novo título, num vídeo misto de FIFA 21 e Madden 21 focado no “Feel the next level”, com ênfase na transição para as consolas de nova geração. Como seria de esperar, os gráficos nas novas consolas são sublimes e apresentam um salto qualitativo enorme.

De jogabilidade ou modos, nada foi falado. O foco foi mesmo as novas consolas e o importante foi explicar aos jogadores como a transição será feita. Quem comprar o jogo para a PS4 ou Xbox One terá a oferta gratuita do jogo na sua versão para PS5 ou Xbox Series X, desde que se mantenha no mesmo sistema (por exemplo, se comprarem para PS4, poderão fazer upgrade para a PS5, mas não para a Xbox Series X). O progresso feito em FIFA Ultimate Team ou Volta transitará também para as novas consolas. Foi assim a resposta, da melhor forma, ao receio dos jogadores de como esta transição irá funcionar. Um alerta apenas: se comprarem a versão física do FIFA 21 na geração actual, garantam que compram a consola da nova geração com leitor físico também, pois o disco será pedido. Se tencionam comprar uma consola apenas digital, comprem também o FIFA 21 digital.

Quanto a novidades de gameplay e modos, ficámos a saber que o Volta vai voltar, mas o resto será revelado ao longo do mês de Agosto, em Pitch Notes específicas para cada tema.

COMO FOI FIFA 20? O BOM, O MAU E O VILÃO

Este ciclo começou de forma promissora. O FIFA 19 tinha sido dos piores títulos da franquia a nível de jogabilidade, senão o pior, e o FIFA 20 corrigiu a maioria dos erros do antecessor.  Foi o fim dos remates de primeira de costas para a baliza a entrar no ângulo de forma mais fácil que abordar o guarda-redes no um contra um; foi o fim dos defesas de 40 de velocidade a apanharem o Mbappe em sprint; foi o fim do despejar de cruzamentos para o 2º poste com os avançados a dominar na área.

As primeiras sensações foram boas, mas depois começaram a vir os patches ao jogo e algumas das coisas, que estavam bem, ficaram pior. No geral e fazendo um balanço final, voltámos a ter um ano em que não ficamos com saudades da jogabilidade. E o maior problema da jogabilidade são os servidores.

Em dias com uma boa ligação, que o jogo está responsivo e não temos input delay, o jogo é rápido e divertido, mesmo apresentando algumas falhas em várias mecânicas. O problema é que, na maioria dos dias, este não é o caso e muitas frustrações acontecem. Quando, no Ultimate Team, um jogador que nos custou 2 milhões parece um vulgar jogador de ouro a driblar e reagir ou aquela bola, que acabámos de interceptar, volta a cair nos pés dos avançados adversários, dentro da área, porque o servidor não registou o nosso input de aliviar a bola antes do adversário reagir… muitos comandos estiveram a um passo de voar. Este é o Vilão do FIFA. Ano após ano, é o problema que mais queremos que seja resolvido e continua sem solução. E enquanto este problema persistir, dificilmente teremos uma boa jogabilidade.

E o Mau? Bem… continuamos no gameplay para isso. O jogo não é divertido de jogar. O próprio nº1 do ranking mundial, Tekzz, o admitiu num recente evento do circuito profissional: “Nobody enjoys playing it.” Algumas mecânicas mal balanceadas levam a que os jogadores, de forma a conseguirem ser mais competitivos, adotem estratégias de jogo aborrecidas.

O sistema de defesa artificial do jogo é overpowered, levando a que a melhor forma de defender seja controlar os jogadores de meio campo, recuando com eles e deixando a defesa a ser controlado pelo Ai. Adicionando a isso a instrução tática “dropback” e criamos um muro quase intransponível, apostando no contra-ataque para marcar. Se na vida real é aborrecido ver duas equipas a jogar com autocarro estacionado, mais aborrecido é ver isso transposto para um jogo. E sem ferramentas para penalizar equipas com estas práticas, pois os remates de longe são ineficazes em FIFA 20, o fator entretenimento não melhorou muito em relação ao FIFA 19.

Juntando o estilo de jogo aborrecido aos problemas de servidores, a experiência de jogo online, sobretudo em modos mais competitivos como FUT Champions, leva a uma experiência frustrante. Mesmo os eventos de eSports perderam algum público, pois os jogos não são interessantes de assistir.

Mas algo de Bom teve de haver, certo? Os chamados conteúdos de menu foram o que foi mantendo este jogo vivo ao longo do ano. As promoções regulares, com novas cartas de jogadores para o Ultimate Team, foram interessantes, muito embora não ao nível do ano transacto. Promoções como Headliners ou Shapeshifters trouxeram-nos cartas excelentes, enquanto a ausência dos Ones to Watch de Inverno e um mau Winter Refresh desiludiram um bocado. Sabemos que estas promoções são o que faz a EA vender packs e ganhar biliões, mas são também estas que acrescentam conteúdo ao jogo e nos motivam para jogar em busca de recompensas.

O que de melhor nos foi oferecido este ano foram os objectivos de temporada, que premiaram o tempo investido no jogo com recompensas interessantes. Essa foi uma premissa que gostei muito no título deste ano, uma tentativa da EA de recompensar o tempo investido no jogo e não só o dinheiro nele gasto. Outro excelente exemplo disso foram os Icon Swaps, que nos permitiam fazer grind para alcançar alguns tão apetecíveis Ícones. Aplaudo esta iniciativa, mas torço o nariz à seleção de Ícones disponíveis, sobretudo nos segundo e terceiro lotes. Havendo excelentes jogadores neles, muito poucos eram os que se poderiam classificar como end-game, ou seja, como jogadores com lugar na nossa equipa final, sobrevivendo aos constantes novos e melhores jogadores lançados em promoções. Na minha equipa final, não está nenhum ícone dos Swaps e fico arrependido de algum do muito tempo que perdi a jogar para conseguir cumprir certos objectivos requisitados, em vez de jogar com a minha equipa principal. Balanço feito, contudo, foi do melhor que tivemos este ano.

Dentro dos conteúdos de menu, no entanto, algo não correu bem. Este ano, talvez por força da existência dos Icon Swaps,  não tivemos SBCs para conseguir os ícones específicos que procuramos. Sem esses SBC’s a regular os preços no mercado, ícones de topo, como Ronaldinho, Eusébio ou Cruyft dispararam para valores incomportáveis. E, se por um lado podíamos, através de objectivos de jogo, trabalhar para alcançar alguns ícones, não pudemos, por outro, trabalhar para conseguir desbloquear aquela lenda específica que sempre quisemos ter e, no mercado, é inalcançável.

Tinha muitas esperanças para este FIFA 20 quando o ano começou, mas, infelizmente, não foi com este título que a EA deu a volta. Os conteúdos de menu não chegaram para salvar um jogo que sofreu, todo o ano com má jogabilidade. O modo Volta, a grande novidade do ano, que vendeu cópias do jogo só por si foi um enorme flop e caiu no esquecimento. Fico a pensar que os recursos e tempo, nele investidos, melhor teriam sido empregues em melhorar a jogabilidade e melhorar a rede de servidores.

Contudo, como todos os anos, chegamos a Junho, o novo título é anunciado e a esperança que “agora é que vai ser” volta a surgir e torcemos os dedos para que FIFA 21 seja um grande jogo, que a EA se preocupe um pouco menos em fazer quantidades pornográficas de dinheiro e nos apresente não só um melhor jogo, como nos presenteie melhorias significativas na responsividade do jogo online.