HyperBrawl Tournament é um jogo com um pé no presente e outro no passado.
Para quem não gosta de ver trailers, a melhor forma de descrever HyperBrawl Tournament é como um género de handball onde equipas de duas pessoas tentam marcar golo na baliza adversária, mas as regras foram deitadas ao lixo e portanto vale tudo. Imaginem handball misturado com futebol americano misturado com mixed martial arts e armas à mistura. Ou, se tiverem nascido nos anos 80 e atentos aos jogos do Amiga 500/600, é uma versão atual do Speedball 2 – Brutal Deluxe, mas com um look&feel muito Rocket League.
O conceito base de HyperBrawl é do mais simples que pode existir: temos 3 tipos de personagem (herói) à escolha – o bruto, o rápido e o equilibrado; escolhemos uma arma que a nossa equipa pode utilizar – entre espadas, escudos de energia ou martelos laser – armas estas que podem mudar a direção do jogo a qualquer momento; depois temos de conseguir marcar golos e para o fazer só precisamos pressionar o botão de disparo que aumenta ou diminui a potência do nosso “remate” consoante o tempo em que o pressionamos, podendo ainda utilizar os comandos analógicos para dar efeitos à bola e assim construir jogadas únicas e visualmente espetaculares. Os golos dão pontos e quem tiver mais pontos ganha. E pelo meio há muita porrada, o que faz de cada jogo uma experiência arcade bastante divertida, principalmente quando estamos a jogar contra amigos ou desconhecidos.
Infelizmente para HyperBrawl ser “divertido” não chega e a experiência num todo é demasiado superficial para nos agarrar. Os “heróis” também não ajudam, faltando-lhes personalidade e opções de costumização. Sei que está a hever um esforço para lançar novos packs de conteúdo, com novos heróis, novos modos de jogo e mais hipóteses de costumização e assim sendo, talvez HyperBrawl consiga manter o nosso interesse, mas num mundo repleto de jogos multi-jogador que estão a anos luz à frente, não me parece que HyperBrawl consiga uma base de jogadores sólida o suficiente que justifique esse tipo de investimento por parte da equipa da Milky Tea. O preço também não ajuda pois parece desconexo do tipo de jogo que HyperBrawl pretende ser. Se o compararmos com um Rocket League, é demasiado caro e oferece pouco em troca, mas se o compararmos com um FIFA (numa comparação altamente injusta) então, além de features, falta-lhe também polimento que o eleve a outro patamar. Além disso, HyperBrawl ainda segue a vertente das micro-transações, o que o coloca a competir com toda uma miríade de jogos free-to-play, afundando-o ainda mais num mar de opções que acabam por ser economicamente mais viáveis e igualmente divertidas.
Conclusão:
Se por um lado HyperBrawl Tournament parece saído dos anos 90 enquanto clone bastante competente do absolutamente fantástico Speedball 2 – Brutal Deluxe, por outro lado vai buscar elementos de diversos jogos multi-player online dos dias de hoje, de modo a criar um jogo muito descontraído, mas que nunca atinge nem o pico épico do passado (falta-lhe, talvez, a simplicidade do Speedball e algum do humor) nem a ambição dos jogos do presente (faltando-lhe uma componente mais competitiva mais séria, bem como uma certeza do tipo de jogo que quer ser). E se isto parece uma contradição de termos, infelizmente foi o que senti enquanto jogava HyperBrawl. O potencial está lá, mas falta-lhe o factor X para realmente brilhar.
HyperBrawl Tournament está disponível para PC (Steam), PS4, Nintendo Switch, XBox One e Apple Arcade.
Nasceu num dos melhores anos para nascer, 1980, e cresceu com um enorme desejo de poder jogar nas máquinas de jogos. Cumpriu esse desejo no dia em que finalmente fez 16 anos e pode legalmente entrar em salões de jogos. Infelizmente também descobriu que jogar custava dinheiro e por isso resolveu estudar mais um bocado. Hoje é publicitário e feliz proprietário de uma Super Nintendo. O seu jogo favorito ainda é o Street Fighter II.