Se têm pouca paciência (como eu), esta review não é para vocês…
Quando Nioh 2 – The Complete Edition me veio parar às mãos, eu sabia muito pouco sobre ele – tinha visto os visuais fantásticos num trailer ou outro, e pouco mais. Mal sabia eu no que me estava a meter…
Este RPG de ação é desenvolvido pela Team Ninja, estúdio que nos trouxe Dead or Alive – mas ainda tive de ir confirmar se não era da FromSoftware depois das minhas primeiras 4 mortes no espaço de 10 minutos. Disse “RPG de ação”? Deixem-me corrigir, Nioh 2 é um RPG de ação Souls-like. Percebi rapidamente que este não é o tipo de jogo a que estava habituada, mas decidi dar-lhe uma chance – mais por teimosia que outra coisa.
Nioh 2 acaba por ser maioritariamente uma prequela de Nioh, jogo que saiu em 2017. A nossa personagem é meio-humano, meio-yokai (uma entidade sobrenatural Japonesa) mudo que viaja por um Japão de um universo paralelo. Isto acaba por dar margem de manobra tanto à história como aos visuais, fazendo com que a trama se desenrole no Período Sengoku, e usando como referência a figura histórica Toyotomi Hideyoshi. Ao mesmo tempo, temos yokai para derrotar e Soul Cores (ou “Núcleos de Alma”, numa tradução livre) para colecionar.
Como em qualquer jogo Souls-like, é obrigatório começar pela característica mais óbvia: o combate. Tive de aprender a escolher as minhas batalhas, deixar alguns yokai para lidar depois, para conseguir subir de nível e ter habilidades suficientes para poder voltar atrás e por os pontos nos is. Assim que tinha Anima suficiente, era quase automática para mim a ativação do meu Yokai Shift, um modo que permite que o nosso Guardian Spirit se funda connosco, tornando-nos num yokai com habilidades mais poderosas do que na nossa forma humana, e facilitando ligeiramente o combate onde nos encontramos. À medida que vamos derrotando yokai, eles vão largando os tais Soul Cores que por sua vez são utilizados para desbloquear mais habilidades. Uff. É complicado, eu sei.
Depois de morrer mais vezes dos que as que quero admitir, tive de ir ver uma estratégia à internet – os inimigos têm cada um o seu estilo de combate, e temos de ser perspicazes, descobrir os padrões, perceber para onde nos temos de desviar, o que é que conseguimos bloquear e como atacar com base nisso. A dada altura, pus o guia de lado e tentei por mim mesma. Comecei, realmente, a reparar em padrões. Mas continuava a morrer e estava cada vez mais frustrada. Portanto, para manter a minha sanidade mental, quando havia um combate particularmente difícil, oh sábia internet, abençoa-me com conhecimento (e mesmo assim não era garantido, porque o skill level enquanto jogadora também conta)!
Mas isto não é tudo! Como se o desafio não fosse complicado o suficiente, a Team Ninja ainda meteu à baila os Dark Realms – áreas que nos diminuem o Ki (basicamente a stat necessária para atacar), mas que aumentam a defesa e o ataque yokai. Como é que nos livramos dele? Matamos o inimigo que o está a criar, claro. Coisa fácil, portanto.
Combates à parte, deixem-me falar de uma parte que me conquistou logo de início: o Character Creation. Sou fã de RPGs (daqueles em que não morro muitas vezes, quero dizer), e passo imenso tempo a fazer a minha personagem perfeita. Em Nioh 2 temos uma panóplia de escolhas, desde corte de cabelo (com mix & match de franjas e apanhados), cores personalizáveis (a minha personagem ficou com uns olhos lilás lindos) e tatuagens (há 3 slots para tatuagens, e obviamente eu usei-os todos). A Complete Edition também nos fornece logo de início armaduras e armas extra, e não são só funcionais como realmente bonitas. Tudo isto é customizável, e é possível fazer upgrade aos items ou trocá-los nos altares, só para mencionar umas quantas ações. Há tanta coisa que se pode fazer, que às tantas estava perdida.
Outra mecânica que adorei foi a do Guardian Spirit – temos 3 para escolher ao início: Kagewani (um tubarão), Makami (um lobo) e Ame-no-Mitori (uma ave). Doida por tubarões como sou, a escolha foi óbvia. Mas há muitos mais que podemos desbloquear ao longo do jogo para nos ajudarem na nossa demanda.
Como mencionado anteriormente, o aspeto visual de Nioh 2 é maravilhoso – tudo desde as pétalas a cair, passando pelos movimentos da floresta, e finalizando no design de criaturas, é soberbo. A Team Ninja criou um Japão literalmente mágico, e muitas vezes dei por mim a admirar os inimigos que tinha à frente – para rapidamente ser aniquilada e recambiada de volta ao altar mais próximo (que funcionam como checkpoints), matando mais dois ou três inimigos pelo caminho QUE JÁ TINHA MATADO ANTERIORMENTE, MAS VOLTARAM A FAZER SPAWN PORQUE MORRI. Ugggghhh…!
Para concluir, uma área que falo sempre – a banda sonora. As músicas compostas por Akihiro Manabe e Yugo Kanno complementam o jogo na perfeição, e jogar este jogo com fones faz-nos sentir no meio da orquestra. É fenomenal, fazendo com que certas cenas se elevem à grandiosidade e outras nos deixem com uma sensação de calma – e uma adição instantânea à minha playlist de músicas de jogos.
Conclusão:
Apesar de definitivamente este não ser o meu tipo de jogo, Nioh 2 não deixa de ser uma obra de arte e uma explosão sensorial. Dou grande destaque ao aspeto visual e sonoro do jogo. No entanto falha um bocado na história, que acaba por ser secundária (ou até mesmo esquecida) no meio de tanto combate e estratégia. Independentemente de se gostar deste tipo de jogos ou não, este é sem dúvida um grande desafio – agora se o conseguimos terminar, depende dos níveis de resistência à frustração de cada um.
Nioh 2 – The Complete Edition está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5 e PC.
Com 5 anos meteu as mãos numa cópia de Tomb Raider II e a partir daí o encanto pelos videojogos só aumentou. Joga maioritariamente RPGs, acção/aventura e terror, tendo um carinho especial por jogos “Choose your own Adventure”. Fangirl da Sony, mas quando ninguém está a ver vai jogando no computador.