King of Seas – ahhhh o cheiro a pólvora em alto mar

King of Seas é um RPG de ação que nos leva a um mundo de piratas, ferozes batalhas navais e muito tesouro. Tiro em cheio ou água?

Este título da 3DClouds teve várias datas de lançamento previstas e chega-nos, finalmente, às mãos a 25 de Maio.

Consoante escolhemos o personagem masculino ou feminino, assumimos o papel do filho ou da filha do rei dos mares, um homem de trouxe a paz aos mares tropicais, eliminando a pirataria e a misteriosa magia vudu, de forma unir toda a região sobre o seu controlo.

Enquanto partimos numa missão simples, para aprender o papel de capitão de um pequeno navio, uma missão tão simples que nem precisamos de levar canhões para nos defender,  o nosso pai e rei é brutalmente assassinado pela mesma magia vudu que pensava ter eliminado. De forma que nos deixa incrédulos, somos acusados do seu assassinato. O novo pequeno navio é afundado sem piedade pelos vários galeões que nos rodearam.

Contra todas as probabilidades sobrevivemos e somos resgatados por alguns piratas, que nos levam até ao último bastião pirata, escondido do resto do mundo e onde todos os marginais encontram abrigo e podem chamar de casa. E assim começa a nossa nova vida, junto destes piratas a quem passamos a chamar amigos. E começa também a nossa busca pela verdade do assassinato do rei nosso pai.

Convenhamos, a história está longe de ser original e a narrativa em King of Seas não é particularmente bem escrita ou capaz de mover o interesse do jogador em embrenhar-se no jogo. Contudo, tem um tom leve e bem-humorado, que serve bem os personagens e o ambiente do jogo. Também não será propriamente pelas muitas missões disponíveis, especialmente as iniciais que podem ser algo como levar uma carga de madeira a alguém, que ficamos agarrados ao jogo. O que move o jogador em King of Seas é a exploração, o combate e ser um enorme sandbox onde somos livres de fazer o que queremos.

Visualmente, o mundo é cativante, com uma estética que se adequa bastante ao tema. A música, sempre constante, convida a ter uma garrafa de rum ao lado e, sempre agradável, muda consoante a situação de jogo. Os efeitos sonoros cumprem bem a sua função, mas fica a sensação que este jogo, com voice over, pelo menos, nos diálogos da narrativa principal teria muito a ganhar. Não só é sempre glorioso ouvir um bom pirata a falar, como, sendo a narrativa já muito simples, mais apagada fica ao ficarmo-nos pela experiência de leitura.

O MUNDO E A EXPLORAÇÃO

O que distingue King of Seas de outros jogos do género são o dinamismo e a variedade do seu mundo. Em cada nova campanha que começamos, o motor de jogo vai gerar um completo mundo novo para explorarmos. Não há dois mundos iguais entre jogos, o que torna a exploração muito mais interessante. O mundo reage também a todas as nossa acções, adaptando-se e proporcionando novos desafios. Rotas navais vão alterar-se como resposta às nossas conquistas e a dificuldade vai adaptar-se à medida que vamos progredindo nas nossas missões. Outro factor de grande dinamismo neste mundo é a meteorologia. As mudanças no tempo têm um impacto enorme na navegação e na estratégia de combate. E muito cuidado ao navegar debaixo de uma tempestade!

Ainda sobre a exploração, de referir que, à medida que navegamos pelo mundo, o nosso mapa… permanece em branco. É uma ideia interessante e que reflecte o facto de que é preciso um cartógrafo para fazer mapas, não basta passar nos sítios. A forma de irmos preenchendo o nosso mapa mundo é, precisamente, ir visitando os cartógrafos que habitam nos vários arquipélagos. Neles, podemos comprar as pequenas peças de mapa que vão completando o mapa total.

Cada missão que recebemos, marca-nos a sua localização com um claro X no mapa, mesmo estando numa zona totalmente em branco, pelo que nunca temos de andar à toa à procura do que precisamos. Se quisermos navegar até um porto específico, contudo, ou nos lembramos onde fica ou é bom que já tenhamos comprado o pedaço de mapa onde o podemos encontrar.

E por todo o lado onde navegamos, há destroços para explorar, carga perdida para recolher, tesouros para descobrir.

O COMBATE E A NAVEGAÇÃO

Fui completamente surpreendido pela complexidade táctica do combate de King of Seas. O mood do jogo mais fun e cartoony esconde um sistema de combate muito interessante e exigente do ponto de vista estratégico, enquanto que extraordinariamente simples nos controlos.

Lembro-me perfeitamente de Sid Meyer’s Pirates, um jogo bastante similar a este. Quando entravamos em combate acabava por ser bastante linear e fácil até. Em King of Seas, pelo contrário,  longe estamos de ser só apontar o canhão e disparar.

Primeiro a navegação. Não há botão para acelerar e travar automaticamente. Em vez disso, temos de içar as velas ou recolher as velas, com um botão para cada uma destas funções. Temos 3 níveis de “abertura” de velas e cada um vai oferecer um nível de velocidade. O acelerar e travar não é, pois, instantâneo. Alterar velocidade e direcção torna-se surpreendentemente realista para um jogo neste estilo.

Esta dinâmica de navegação torna o combate muito táctico. Manobrar da melhor forma para abordar o adversário numa posição vantajosa requer prática e torna cada combate bastante interessante. Depois, o vento influencia a navegação, pelo que a sua força e direcção são factores cruciais a ter em conta.

Temos depois botões para disparar os canhões de cada lado do navio e botões para activar habilidades especiais do barco ou tripulação. Como King of Seas tem a magia presente no seu universo, estas habilidades  são bastante variadas e produzem resultados bastante impactante no decorrer da batalha.

Adicionalmente, vamos ganhando pontos de experiência e temos um leque de várias skills que podemos adquirir e melhorar ao longo do jogo, ou não se tratasse isto de um RPG. Estas skills  melhoram substancialmente não só as nossas capacidades de navegação e combate, mas também outras variáveis como diplomacia, comércio ou rapidez de ganhar mais experiência.

UMA GRANDE SANDBOX

Passadas as primeiras missões do jogo, que acabam por funcionar um pouco como tutorial e nos introduzem às várias mecânicas de, podemos traçar o nosso caminho. E é aqui que King of Seas se transforma numa enorme caixa de areia para abordar os mares tropicais como quisermos.

Precisamos de fazer dinheiro para comprar um novo navio? Podemos aterrorizar as rotas mercantis e afundar e pilhar todos os navios com que nos cruzamos. Ou andar de porto em porto a fazer comércio, comprando mercadorias baratas num lado e vendendo bem mais caras noutro arquipélago onde elas são mais escassas e valiosas. E ainda entrar nas várias tavernas e descobrir que trabalhos têm para nos oferecer, fazendo essa missões que dão boas recompensas monetárias, de experiência e ainda mercadorias ou melhorias para o nosso navio. Podemos mesmo até abraçar a vida de pescador, apanhando peixe em alto mar e vendendo em restaurante.

É, em grande parte, nesta liberdade de encontrar o prazer de abordar o jogo na maneira que mais nos satisfaz, que King of Seas me agarra, tal como Sid Meyer’s Pirates me tinha agarrado outrora.

OS NOSSOS NAVIOS

Começamos o jogo com uma modesta Sloop. Modesta, mas bastante rápida e manobrável, que a torna uma opção bastante válida para afundar até um galeão. Ao longo do jogo podemos ter até 5 navios, todos eles extremamente customizáveis entre velas, partes do esqueleto, canhões, balas e habilidades especiais. Ao alterar uma parte, estamos a alterar não só os bónus ao navio, como também o seu aspecto visual.

A quantidade de loot neste jogo é enorme e é ganho com uma grande regularidade. Estamos constantemente a encontrar partes para o nosso navio melhores que a que tínhamos anteriormente. Podemos também encontrar partes à venda em cada porto onde atracamos. Isto é algo que funciona muito bem em King of Seas. Estamos constantemente envolvidos no melhoramento dos nossos navios, o que mantém estimulante todo o grind por vezes necessário para evoluir na narrativa principal.

NAVEGAR DO PONTO A AO PONTO B

Não vamos encontrar aqui nenhuma funcionalidade de Fast Travel. Mesmo que o nosso destino seja do outro lado do mapa, temos sempre de fazer a navegação por inteiro. Isso é algo que nunca me incomodou, pois, na verdade, o mapa não é assim tão enorme quanto isso e as nossas missões acabam por nos fazer ir até um ponto não muito longe de onde nos encontramos. As viagens são sempre rápidas (a menos que tenhamos saído de um combate, com as velas destruídas e sem kits de reparação para as remendar).

Contudo, há uma situação onde isto me incomoda. Sempre que somos afundados, regressamos a Eagle’s Nest, o porto de abrigo dos piratas. Ora isto, quando estamos a tentar afundar um navio em particular, por causa de uma missão, pode tornar-se bastante chato. Perdemos o combate, regressar a Eagle’s Nest, navegar tudo de novo até onde se encontra o nosso adversário… bem, é melhor que desta vez não voltemos a perder… ooops… estão a ver onde isto vai chegar.

Se, ao sermos afundados, regressássemos ao último porto que visitámos e onde o jogo foi gravado, este problema não existia de todo. Felizmente, os combates não são apresentam um grau de dificuldade demasiado elevado, que nos leve a ficar presos neste ciclo muito tempo. Mas pode acontecer, uma vez por outra.

 

Conclusão:

King of Seas é daqueles jogos que, por vezes, é tudo o que nos apetece jogar. Só tenho uns 30 minutos de tempo de consola para queimar, deixa-me só ir buscar o chapéu de pirata e siga! Estou muito cansado, só me apetece relaxar e não estou virado para um jogo mais exigente para o cérebro, siga! Tudo funciona a um ritmo tropical neste jogo e os combates, apesar de estimulantes, não nos obrigam a um estado de alerta a 100% e com tempos de reacção de fracções de segundo. O lado sandbox deste jogo é  das suas maiores vitórias, permitindo-nos fazer o que queremos, quando queremos. A enorme quantidade e diversidade de loot e sentimento de progressão, mantem-nos sempre envolvidos. Diverti-me imenso com King of Seas e é um jogo que vou, certamente, encontrar tempo e vontade para o jogar com alguma regularidade. Recomendo vivamente!