O nosso futuro como jogadores – Será mesmo Game Over?

Nunca pararam para pensar no futuro da vossa relação com os videojogos? Existem muitas variáveis em jogo, será que o nosso interesse se vai manter ou chegará uma altura em que serão apenas memórias distantes de outros tempos?

Geralmente é uma conversa para algumas horas e as opiniões divergem sempre. Eu acredito num futuro brilhante para quem, como nós, cresceu a respirar videojogos, e acho que chegaremos a velhos sempre com a companhia do rato, do teclado e do comando. Porém, muita gente acredita que com o passar dos anos o desinteresse pelos jogos é inevitável, e que a maioria de nós não vai ter qualquer contacto com jogos daqui a 20 ou 30 anos, mas será que é mesmo assim?

Recentemente conheci a história de Ryuji Urabe, um jovem de 93 anos que depois de ter vivido a sua vida como taxista em Tóquio descobriu novamente a paixão pela condução atrás de um ecrã de um computador e um volante Logitech. Se pensam que Ryuji joga de forma casual, enganam-se, este herói além de disputar partidas online de Forza dispensa as ajudas à condução dos tempos modernos e gaba-se de usar os três pedais e a caixa manual de forma exemplar.  Se uma pessoa com 93 anos que nunca tinha tido contacto com videojogos vive assim a sua vida, qual é a nossa desculpa?

Esta história fez-me pensar seriamente sobre este assunto e na quantidade de “desistências” que houve no meu circulo próximo de amigos após passarem a barreira dos 30, como acontece com tantos outros hobbies vistos pela sociedade como desadequados para um adulto. No entanto, considero esta fase uma prova de fogo, e os que ficam, acredito que serão gamers até ao fim dos seus dias.

Todos sabemos que por vezes pode ser difícil para alguns gerir o seu tempo e conseguir arranjar alguns minutos diários para pegar na consola ou no computador, e certamente que isso é um dos motivos pelos quais algumas pessoas se vão desinteressando do mundo dos videojogos, até acabarem por se desligar completamente ao sentirem que não conseguem mais jogar como antigamente. No entanto, um gamer não tem necessariamente que passar várias horas em frente ao ecrã e devorar jogos inteiros em 48h ou ser extremamente competitivo num multiplayer. Cada um de nós tem o seu ritmo e maneira diferente de viver os videojogos, no fundo o que interessa é que este hobby nos traga sorrisos e boas memórias. Confesso que actualmente também não jogo tantas horas por dia como antigamente, não por falta de tempo mas por gostar de “saborear” melhor as histórias e o background dos personagens. Ao invés de jogar sem parar até chegar à última missão e recomeçar todo o processo com qualquer outro jogo, opto por jogar menos e rentabilizar mais aquilo que o jogo tem para oferecer.

O que seria do futuro sem as memórias do passado?

Ainda assim, por vezes nem é preciso ter tempo para jogar para se continuar a gostar de videojogos e a fazer parte deste mundo. Podemos acompanhar as notícias, ler livros baseados no universo dos nossos jogos preferidos, ou até dedicar algum tempo à coleção retro que ficou esquecida dentro daquela velha gaveta cheia de nostalgia. A preservação das memórias que nos fizeram apaixonar por jogos, é também uma boa maneira de manter o interesse. Poder olhar para uma PlayStation 1 ou uma MegaDrive  na nossa estante e relembrar todos aqueles momentos que passámos a jogar é um sensação fantástica.

Eu vejo-me a chegar à idade do Sr. Urabe como jogador e fanático desta indústria que tantas boas memórias me deu. Sei que estarei sempre pronto para pegar no comando, vestir a pele de Solid Snake e perder-me mais uma vez no universo de Metal Gear Solid, ou sentar-me no Playseat, arrancar o Assetto Corsa, atacar as estradas sinuosas de Akina aos comandos de um AE86 e tentar ser por alguns momentos o Takumi Fujiwara. Porque a magia dos jogos sempre foi essa, conseguirmos vestir a pele de personagens fantásticos, sermos os heróis da história, explorar outros mundos e viver outras vidas.

Game over? Nem pensar.