Essa nova moda de consolas em versões “all digital” voltou a acender a fogueira do antigo debate: construir uma colecção de mídias físicas tão fixes na prateleira ou eliminar a poeira e o espaço físico ocupado com uma vasta biblioteca digital armazenada em terabytes e mais terabytes de discos?
(Texto escrito em Português do Brasil)
A redução do preço das mídias é outro fator a ponderar. Há pouco tempo atrás um disco duro com 1Tb de armazenamento era algo impensável em termos de custos, SSD então era mais caro que as próprias consolas. Hoje com um valor na ordem dos 100 euros já se tem acesso a SSDs de 1Tb e HDDs de 4Tb de boa qualidade, colocando mais dúvida no gamer.
O futuro que se apresenta parace nos conduzir a jogos em nuvem, que vão muito além de comprar ou não games e filmes. Basicamente pagamos uma assinatura “netflix dos games” qualquer que seja sua preferência particular e lá está uma uma enorme colecção de jogos para aceder online via streaming ou transferir para a consola e jogar offline. Vide o Xbox com a sua enorme Xbox Game Pass e a Sony com o PS Now, entre outras gigantes do setor.
Finalmente chegamos à questão do drive ótico. PS5 e XBOX com versões em preço reduzido e que não possuem leitor de Bluray, valem ou não a pena afinal, visto que o futuro aí está? Não vou me aprofundar no universo Nintendo pois a fabricante vive no seu mundo à parte, com seus jogos em formato de cartão de memória e voltado a públicos mais específicos e casual gamers. Quem não é ou nunca foi fã da Nintendo que se apresente, nossa BigN é um caso à parte!
Feita esta leitura inicial penso que temos de partir da vontade do jogador. Qual é a sua preferência pessoal, se gosta de colecionar ou não, se é gamer mais hardcore ou mais casual, para depois sim edificar sua opinião e futuras escolhas. Nada impede ainda de somar conceitos, como por exemplo ter um Nintendo Switch para viagens e partidas ligeiras e um Xbox Series X para aquele game em 4K 120fps no ecrâ gigante da sala por horas à fio aos finais de semana.
Vou falar por mim: sempre fui colecionador/acumulador de coisas. Começando ainda puto pelos cartuchos de Atari, MegaDrive, SNES, CDs de 3DO e depois de mais crescido pelos CDs e DVDs de PC. Quando comprei uma consola PS3 em 2009 migrei esse colecionismo para blurays de PS3, tendo sobrevivido há pouco de uma enorme colecção de filmes em VHS mas não sobrevivido à mesma coleção totalmente refeita em DVD. Um dia me fartei de acumular coisas que mudavam de padrão a toda hora e a seguir não serviam para mais nada (VHS —> DVD —> BLURAY) e passei meu acervo inteiro às mídias digitais, com exceção dos jogos de PS3 e logo a seguir do PS4 e os retrogames que ainda possuia.
Com o nascimento da consola Xbox One da Microsoft, o famigerado “aparelho multimedia que também corria games”, logo me chamou a atenção o modelo All Digital que não tinha o drive bluray e obrigava o jogador a ter apenas um acervo online. A princípio estranhei mas, gastando pouco ou quase nada, em 1 ano tinha mais de 20 jogos de Xbox em mídia digital e nenhuma pilha de coisas pegando pó ao redor dele.
Essa consola não foi a primeira e nem a última a se aventurar no modelo digital, mas na minha opinião foi a primeira grande tentativa de uma marca forte e poderosa. Tivemos algumas experiências anteriores de teconlogias limitadas e marcas menores, como a curiosa consola chamada ZEEBO no Brasil, infelizmente limitadíssima pela tecnologia de internet muito lenta da época.
Depois desse Xbox digital que tive e já vendi passei a prestar atenção no lançamento seguinte dos modelos “PS5 Digital” e “Xbox Series S”, com aquela tentação de seguir nessa linha totalmente digital. Apenas uma questão básica me deteve: retrocompatibilidade. Não sou jogador de uma única marca nem uma única consola, coleciono e jogo, online e offline, em diversos sistemas novos e antigos incluindo PC e mobile, bem como tenho todas minhas consolas retro sempre prontas a correr qualquer coisa que dê saudades.
OLD e NEW
Aquela partida de After Burner? Ligue a consola, a TV CRT antiga e aperte START. “Lembra aquele joguinho do Atari que o cavaleiro espetava uma espada no dragão?” Lembro, aqui está ele, START. “Puxa, gostava imenso de um raro shooter da SegaCD que tinha uma banda sonora espetacular…” Aqui tens, segure o comendo, START e aumente o som. Nenhuma partida de coop de sofá ou duelo online serão menos divertidos por causa de consola ou jogo lacrados em caixa, aqui é tudo plug and play!
Mesma coisa sinto nas consolas da nova geração. Não me imagino tendo um PS5 Digital e não poder correr nele o meu Bloodborne da colecção, ou aquele Dark Souls 3 Apocalypse Edition. Não me imagino tendo um Xbox Series S e não poder correr nele nenhum jogo da vasta biblioteca em disco Xbox, Xbox 360 e Xbox One pela simples ausência de um drive óptico! Infelizmente não posso dizer o mesmo, pelo menos ainda, da PS5 que não aceita esses jogos das gerações anteriores, me obrigando a ter ainda em estantes acumulando poeira suas versões passadas PS3 e PS2. Por sorte PS1 corre nativo no PS3 então menos mal! 😀
Tanto Sony como Microsoft deveriam permitir ao cliente uma maior versatilidade de uso das suas consolas digitais, actualizando os firmwares para pemitir que leitores de DVD ou bluray USB pudessem ser adicionados e efetuassem o trabalho, pelo menos, da instalação básica de alguns jogos. Limitar essa experiência nesses aparelhos é limitar a diversão e fechar portas para maiores possibilidades de uso, não agregando nada às fabricantes senão queixas dos players.
Tão giro na estante…
Outra leitura interessante é a beleza das Edições Especiais. Mídia digital nenhuma vai trazer aquela estátua, aquela miniatura, aqueles pôsteres e cartões que podemos autografar por desenvolvedores lendários… Ainda que o jogo venha através de um card digital com os itens de coleção em conjunto fica faltando aquela “alguma coisa”, o cartucho, o disco, o disquete…
Para fechar a linha de pensamento temos ainda o fator revenda. Mídia física se compra, termina o game e a seguir vende/troca/coleciona. Com a opção de devolver à loja na compra caso não goste do jogo ou se arrependa da compra. Mídia digital desde a compra é para a vida, é casamento, pelo menos até que a morte do servidor central os separe! 🙂
Portanto na minha opinião de colecionador e gamer os jogos em mídia física ainda são a melhor escolha pelo custo x benefício, praticidade, retrocompatibilidade e fator de revenda/repasse. Por outro lado as mídias digitais, cloud gaming e streaming parecem ser o futuro, gostemos ou não, daí estarmos preparados com alguns terabytes de armazenamento disponíveis em casa!
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Aprendi em 1983 com o Atari 2600 o que era um videogame. Sou do tempo da internet discada, das cartas em máquina de escrever e de conversar pessoalmente! Do Telejogo Philco-Ford ao telemóvel mais recente, gosto de experimentar games indies e de ajudar a se tornarem títulos AAA. Colecciono consolas e videojogos que fizeram parte da minha história! Pai, Motard e Gamer. 😉