A Plague Tale: Requiem – Uma sequela à altura | Análise

A Plague Tale: Requiem, a aguardada sequela de A Plague Tale: Innocence chegou finalmente. Terá a Asobo Studio conseguido repetir a receita de sucesso?

Passaram seis meses desde os acontecimentos do primeiro jogo, Hugo parece estar melhor e vive feliz com a sua irmã, mãe e Lucas. A busca pela sua cura não cessou e uma viagem leva os nossos personagens para novas paragens, onde, aparentemente, a praga seguiu Hugo.

A Plague Tale: Requiem pega em tudo o que fez do primeiro jogo um sucesso e desenvolve a partir daí, mas de que modo?

A nível de  gameplay e mecânicas, A Plague Tale: Requiem não se diferencia muito do que já conhecemos. A furtividade e gestão de recursos continuam a ser o ponto central de uma (possível) franquia que nos tomou de surpresa em 2019.

Amicia tem uma interessante evolução de skills, que está diretamente ligada ao gameplay expecífico de cada jogador. Se enveredarmos por uma aproximação mais cautelosa, agressiva ou oportunista, serão essas que evoluirão. Consoante sejamos mais frutivos, agressivos ou usemos alquimia.

Fonte

Em termos de armas temos, como não podia deixar de ser, a nossa fiel funda. Além das simples pedras, que já não temos de recolher, pode, uma vez mais, ser conjugada com alquimia, que nos dará a oportunidade de revisitar tácticas antigas mas também o uso de novas, como alcatrão inflamável, por exemplo. A versatilidade da alquimia é transversal às restantes armas e pode também ser conjugada com o pote de barro, que não serve apenas para criar uma distração, ou com a grande novidade deste novo lançamento, a besta.

Ao contrário das skills, o upgrade às armas e outras perks é selectivo, dependendo de ferramentas e peças, que teremos de ir acumulando ao longo do percurso. Estes upgrades apenas podem ser feitos numa workbench, a menos que evolua a capacidade de não necessitar desta.

Uma vez mais, percebe-se a razão de Plague Tale já ter sido apelidado de The Last of Us medieval.

Upgrades (fonte)

Em termos de aliados a experiência está também muito mais interessante. Além de Lucas e Hugo, contamos também com um guerreiro e uma mulher pirata. O que destaca estas personagens é a forma como cada um tem a sua perk individual, influenciando o gameplay à medida que avançamos na narrativa e  dependendo do companheiro que temos. Lucas usa alquimia, Hugo interage com os ratos, o guerreiro está mais virado para o combate enquanto a pirata tem uma abordagem furtiva.

Mas onde A Plague Tale: Requiem brilha verdadeiramente é na narrativa. O jogo consegue manter sempre o jogador interessado e com vontade de descobrir o que se segue. A história é contada de uma  forma muito cativante e o jogo vai criando situações que conseguem prender a atenção sem estar dependente de alternar entre lidar com ratos ou soldados.

Os cenários são simplesmente fantásticos e, embora se trate de um mundo que não é open world, consegue por vezes criar essa ilusão e não ser apenas uma série de corredores lineares. Esteticamente o jogo está fabuloso e muito bem concebido. Juntem a isso uma envolvente experiência e gigantescas ondas de ratos devoradores de homens (a física está verdadeiramente fantástica) e temos uma receita de sucesso.

A nível de pontos negativos, são poucos mas estão lá. Algumas animações apresentaram falha e quebras de framerate (pese embora que joguei numa Xbox Series S e pode ter-se devido ao hardware da consola). No entanto, o que mais me incomodou foram os olhares vazios. As personagens raramente olham uns para os outros enquanto falam. Os seus olhares estão perdidos e direccionados para o infinito, quebrando um pouco a imersividade.

Conclusão:

A Plague Tale: Requiem leva Amicia e Hugo numa viagem em busca de uma cura, que vem revelar toda uma nova envolvência da Macula e densidade no enredo, com personagens cativantes e uma história que merece ser experiênciada. Não consegui iniciar a escrita desta análise sem ter terminado o jogo. E que jogo! A Asobo vem provar, uma vez mais, que não é preciso um gigantesco estúdio para contar uma boa história.