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WRC Generations – “Sensação de dever cumprido” | Análise

Depois de terem produzido durante 7 anos os jogos oficiais do WRC, o estúdio francês KT Racing despede-se dos rallys com WRC Generations. Mas será este o melhor jogo do campeonato do mundo de rallys que o estúdio produziu?  

Pois é, este foi o ultimo jogo WRC que o estúdio francês produziu, pois a partir de 2023 a Codemasters fica com a licença da famosa competição. Para a despedida, a KT Racing brindou-nos com WRC Generations, que combina efeitos visuais de grande qualidade, com uma condução bem precisa e realista, e que aliado à vasta seleção de etapas (a maior de todos os jogos), fazem com que este jogo seja muito provavelmente o melhor e mais louvável jogo de rally do “mandato” do estúdio francês. 

WRC Generations apresenta-nos 22 locais de rally massivos, incluindo todos os 13 eventos do campeonato oficial deste ano, para além de mais oito rallys de bónus. Os veteranos da série vão notar que muitas das etapas são recicladas de jogos anteriores, o que a mim nada me incomoda, pois o que quero é pegar no carro e começar a competir. Contudo, as novas etapas da Suécia são um dos grandes destaques e são facilmente dos locais mais belos de toda a série. A neve está incrivelmente realista quando passamos por ela a altas velocidades, o que mostra que a equipa de produção sabe o que faz no que diz respeito à física do jogo. E o que dizer quando conduzimos à noite, que deslumbre visual! Desde o brilho das fogueiras, até a forma como as luzes dos faróis “rasgam” a floresta… mais real não podia estar. 

No que toca a conteúdos, temos presente em WRC Generations os conteúdos de WRC 8, WRC 9 e também do WRC 10 (até diria que estamos perante um best of). O robusto modo carreira e a componente multi-jogador de WRC 10 (podem ler a nossa analise aqui) estão de volta, bem como todas as etapas e carros vintage dos 3 jogos anteriores. Mas a KT Racing decidiu este ano incluir um Ranked Mode, onde estarão desafios semanais on-line nos quais todos podem participar, tal como acontece em Dirt Rally 2.0. Penso que poderá ser um fator para manter WRC Generations “revigorado” por bastante tempo, que nos faça querer voltar a jogar, portanto esta foi uma boa adição. 

wrc generations ford

Vale a pena referir que nas consolas de nova geração, o jogo oferece-nos uma escolha entre um modo de desempenho 1080p/60fps e um modo gráfico 4K/30fps.  Depois de passar algum tempo com ambos, decidi-me ficar pelo primeiro, pois mesmo com um quarto da resolução, as classificativas são bem ricas em detalhes, e não reparei em nenhum screen tearing, o que tem sido um pequeno problema (ocasional) nos jogos anteriores. 

Já a condução dos carros continua muito boa e bastante precisa, mesmo quando se joga com o comando. A condução em cascalho continua (na minha opinião) sendo a melhor. “Dançar” pelas curvas e sentir o peso do carro à beira do descontrolo é uma coisa brilhante. Também me pareceu que a condução em asfalto foi melhorada, pois fiquei com a sensação que o carro não se cola tanto ao solo neste tipo de piso. 

wrc gen. cockpit

Já que falei em comandos, a KT Racing soube aproveitar bem as funcionalidades hápticas do Dualsense da PS5, principalmente quando temos que travar a fundo (o feeling que transmite é muito bom confesso). Também emite sons de gravilha a saltar, e até mesmo de embates, mas mesmo sendo um excelente game pad, o Dualsense é um pobre substituto para uns bons headphones ou uma soundbar com subwoofer.  

Tal como nos jogos WRC 10 e WRC 9, o jogo deste ano força-nos novamente a começar a carreira nas categorias WRC 2 ou WRC 3. Não é que me importe, pois os pilotos da vida real começam por  lá, mas quem já jogou os jogos anteriores pode achar pouca piada começar sempre da mesma forma. Podia pelo menos haver a opção de se poder escolher a categoria principal, e ficaria ao critério de cada um se queriam ou não fazer as coisas como na vida real. Contudo, já a opção de carreira Private, que permite-nos construir a nossa própria equipa e personalizar o nosso próprio carro já está disponível de inicio. No jogo do ano passado, o modo Private estava bloqueado, e tínhamos que concluir todos os eventos históricos no modo Special Anniversary, o que honestamente não fazia qualquer sentido. Se gostam de editar liveries e aplicar stickers, (semelhante ao que acontece em Forza Horizon 5), podem dar uso à imaginação e criarem por exemplo réplicas de carros que ficaram na historia do WRC (adaptadas claro aos carros disponíveis). E no jogo deste ano já é possível partilhar os nossos designs bem como fazer download de criações de outros jogadores. 

peugeot 206 - wrc generations

Ainda no modo carreira, algo que tem de ser (mesmo) revisto, é a dificuldade. Mesmo estando a jogar com um nível de dificuldade de 105%, acabo etapas com 50 segundos de avanço sobre o segundo classificado. Assim nem dá gosto, pois acaba por deitar por terra o feeling de competitividade e que temos que dar o nosso melhor para fazer o melhor tempo. 

Na categoria principal (Rally1), vão encontrar os novos carros híbridos, sendo eles o Ford Puma, o Toyota GR Yaris e o Hyundai i20 N. Os carros Rally1, que agora apresentam uma unidade híbrida de 100kW “anexada” ao motor turbo de 1,6 litros que alimentou os carros WRC na última década, são bastante interessantes de conduzir em WRC Generations graças aos seus impulsos elétricos. Basicamente, a potência híbrida dá aos carros Rally1 “rajadas” temporárias de 500 cv, com mais “rajadas” possíveis após a regeneração de energia durante a travagem. 

Tal como na vida real, podemos escolher três modos de mapeamento de energia antes de começar uma étapa – um impulso poderoso, mas curto, uma opção equilibrada e um impulso menos potente  mas que dura mais tempo. Nota-se perfeitamente o boost extra quando estava disponível, e é este mesmo boost que por vezes faz a diferença entre terminar um rally no top 3 ou não. 

Contudo foi pena não terem sido acrescentados mais alguns carros “novos” neste último jogo, pois teria sido muito bom estarem presentes por exemplo o Subaru Impreza de 2ª geração, bem como o Ford Focus de 1ª geração, onde ambos eram pilotados pelo saudoso Colin McRae. Mais conteúdo novo e menos reciclado teriam sido perfeitos na hora da despedida do estúdio francês. 

Não posso também deixar de mencionar que numa Playstation 5 quase que é obrigatório os tempos de loading serem reduzidos, o que em diversos momentos do jogo não acontece e que podia ser otimizado. 

O jogo está disponível para as consolas da Sony (PS4/PS5), para as consolas da Microsoft (Xbox One/Xbox Series S/X), para PC e também irá estar disponível brevemente para a Nintendo Swicth.

 

Conclusão:

WRC Generations não traz consigo uma mudança drástica quando comparado aos seus antecessores, isso é um facto. Contudo, existem algumas pequenas (mas bem-vindas) melhorias no modo carreira e nas ferramentas de personalização. No panorama geral, o jogo merece o crédito tanto pela respeitável variedade de carros de rally que apresenta, bem como pela enorme seleção de locais de rally, pois estão presentes quase todos os países que acolheram o campeonato do mundo de rallys na última década. Este pode ser o último jogo WRC do estúdio KT Racing, mas conseguiu despedir-se com a sensação de dever cumprido.