Entrevista aos criadores de Evil Below, o último vencedor dos Prémios PlayStation

A propósito do lançamento de Evil Below, jogo português vencedor da última edição dos Prémios PlayStation, o SideQuest esteve à conversa com as duas mentes por trás desta obra: José Ortega e Fábio Barbosa.

Como surgiu a ideia de criar o Evil Below?

José: Nós tínhamos uns protótipos que estávamos a explorar com a mecânica de som e alguns monstros. De repente, vimos o anúncio da PlayStation Talents para fazer um jogo, pois vimos que tinham vários prémios, e decidimos fazer uma demo, brincando com algumas das coisas que tínhamos disponíveis na altura. Acabámos por ganhar, e durante o último ano andamos a melhorar e aprimorar até chegarmos ao produto final.

Sentem que o apoio da PlayStation foi fundamental para vos ajudar a desenvolver melhor o jogo?

José: Sim, sem dúvida. Ao início fizemos isto a part-time, mas a PlayStation disponibilizou-nos dinheiro para conseguirmos estar a full-time. A única desvantagem é que tivemos de criar uma empresa, e isso tem os seus custos, por isso dinheiro teve de ser bem gerido. Mas deu para fazer algo de que estamos orgulhosos. Obviamente, ainda há muito a melhorar, e no próximo patch vamos atenuar muito do que os jogadores têm-se queixado. O jogo não é só para nós, é para os jogadores.

E o jogo está a vender bem?

José: Nós temos os dados da Steam mas não temos os da PlayStation, não são tão lineares.

Fábio: Não conseguimos dizer com precisão.

Mas são números satisfatórios para vocês? Estas vendas podem garantir-vos financiamento para um próximo jogo?

José: Até agora sim, são números expectáveis. Mas temos de ver se as vendas continuam com um bom ritmo, ainda é cedo para dizer.

Quais foram as maiores influências de Evil Below?

José: Durante a licenciatura jogámos muito Dark Souls e CS. Também somos fãs de The Elder Scrolls, e tentámos misturar tudo isto. E deu no que deu. O Amnesia também foi uma grande inspiração.

E num futuro jogo, querem explorar outros géneros ou seguir a linha deste?

José: Nós já temos planos para outro tipo de jogos mas gostamos muito de terror. Por isso ainda não sabemos por onde seguir. Estamos a espera de perceber como os media e o público recebe o jogo, que também irá melhorar bastante com o lançamento da patch.

Como estudantes de cursos de videojogos, como acham que está o mercado português para quem quer desenvolver videojogos em Portugal?

José: Em termos de opções de estudo, houve um grande salto nos últimos cinco anos. Eu sou de Faro e tive de ir para Mirandela para encontrar um curso mais abrangente de videojogos, porque o resto dos cursos era muito sobre programação. Hoje em dia até em Faro já há esse curso. Em termos de mercado, o pouco que é feito em Portugal, é muito elogiado, o que é muito bom para quem começa. Nós recebemos críticas construtivas e apoio dos portugueses. Agora do ponto de vista de empresa, penso que Portugal não seja o melhor país para isso.