Tentacular – Verdadeiramente, tentacular | Análise

Com o recente lançamento da PS VR2, muito se tem falado sobre a qualidade deste novo VR headset, sobre as inovações tecnológicas que possui como eye tracking, foveated rendering, ecrã OLED com HDR ou sobre o enorme salto qualitativo no que toca aos comandos (PS VR2 Sense Controllers) em comparação com incrivelmente medíocres PS Move controllers (que descansem em paz), que tinham de ser comprados à parte com a PS VR original.

Há também a questão do preço, sendo 600 euros pela versão normal e 650 com o jogo Horizon Call of the Mountain incluído, ambos acima do actual preço de 550 eurtos da PS5. Não se trata de uma aquisição casual, e sendo VR gaming ainda um nixo (apesar do mercado estar a crescer) ainda é difícil saber qual será o nível de sucesso que a PS VR2 e o nível de investimento que a Sony vai fazer no que toca a conteúdos exclusivos, sobretudo no actual contexto económico mundial.

Para quem compre a PS VR2, o jogo “killer app” é sem dúvida o já mencionado Horizon Call of the Mountain, mas os updates (grátis) de VR para Resident Evil Village e Gran Turismo 7 são verdadeiramente impressionantes. São fantásticos showcases do que o novo VR headset é capaz de fazer e demonstram um nível de fidelidade gráfica de topo em jogos de realidade virtual.

Há muito sobre o qual se pode falar em relação à nova PS VR2, alias há muito sobre o qual já se falou, e é por isso que quero falar sobre um pequeno jogo indie, de seu nome Tentacular, que não sendo um grande “AAA game” não tem chamado muita atenção.

Tentacular não é um jogo novo, tendo sido lançado em Março de 2022 para Meta Quest 2 e PC VR, e também não é um jogo que justifique, por si próprio, a compra do novo VR headset da Sony. O que Tentacular é, na minha opinião, uma ótima surpresa, um jogo divertido, verdadeiramente engraçado e com bastante carisma.

Em Tentacular, somos um “Kaiju” benevolente com tentáculos gigantes no lugar de braços, nas águas de um arquipélago de ilhas de seu nome “La Kalma”. O jogo consiste em puzzles de “física” em que usamos os nossos tentáculos para ajudar os cidadãos de La Kalma, em tarefas como destruir edifícios marcados para demolição, empilhar e arrumar contentores de transporte, procurar objectos específicos no mar, etc. Estas tarefas são nos atribuídas de forma linear, havendo um contexto e progressão na história do como o nosso “monstro” arranja um emprego e se torna num membro importante e contribuidor nesta pequena comunidade.

O nível de interatividade entre os nossos tentáculos e os diversos objectos, edifícios e nps (que perante o nosso tamanho imponente, parece pequenos bonecos) nas ilhas de La Kalma é ponto alto do jogo, podemos interagir com praticamente tudo à nossa volta. Qualquer objecto pode ser agarrado e atirado, inclusive os nps, que caso sejam atirados ao mar, imediatamente usam uma boia, caso não fosse este um jogo para toda a família.

Até os menus são objectos interativos, usar o menu de pausa ou quando queremos avançar de nível aparece vindo do céu, um balão, controlado por um npc com uma alavanca pendurada, na qual puxamos para avançar. Se por acaso quisermos fazer reset no desafio em que estamos (por vezes é mais fácil começar de novo) temos sempre uma ilha atras de nós que existe apenas e só para isso, tem uma alavanca para puxarmos e começarmos do início. Pode não parecer nada de muito significativo, mas pequenos detalhes como este, em realidade virtual, ajudam muito com a imersão no mundo do jogo.

 

Conclusão:

Tentacular é um jogo que não se leva muito a serio a maior parte do tempo, tocamos na cabeça dos nps quando queremos falar com eles, eles falam numa língua gibberish estilo The Sims e o dialogo é leve e bem-humorado. É por isso que fiquei genuinamente e positivamente surpreendido quando o jogo, de forma subtil e natural, aborda temas como ser adotado, exclusão e importância de sermos nós próprios. Trata-se de um modesto jogo de realidade virtual com uma premissa interessante, muita personalidade, puzzles divertidos e com um enorme coração.