Akropolis – Constrói uma cidade, peça sobre peça | Análise

Em Akropolis, publicado em Portugal pela Mebo, somos arquitectos procurando erguer a cidade mais valiosa do mediterrâneo, através de um cuidado planeamento.

2 – 4 Jogadores | Familiar | 20-30 Minutos | Criado por Jules Messaud

Por defeito, considero-me um heavy gamer. Quando me sento à mesa para jogar, espero uma sessão de 2 a 3 horas em torno de um jogo complexo e rico em escolhas estratégicas. De cada vez que pego num jogo mais leve, nunca levo expectativas criadas, pois, na maioria das vezes, sinto-me como se tivesse ido a um restaurante, comido a entrada mas sem nunca me terem servido o prato principal.

Mas também tenho na minha coleção alguns jogos mais leves, para aqueles momentos em os constrangimentos de tempo disponível limitam as possibilidades de jogo. Também para levar em viagem, por terem caixas mais pequenas e fáceis de espremer para dentro da mala.

Akropolis, não obstante a sua simplicidade (conseguimos ensinar/aprender as suas regras e fazer o setup em não mais de 5 minutos), oferece uma densidade de jogo e riqueza de decisões surpreendente, que me deixou com vontade de o juntar à minha coleção (obrigado Versus Gamecenter pela oportunidade de o experimentar!). Eis porquê:

A jogabilidade

Akropolis é um jogo de Tile Drafting e Tile Placement, em que, a cada turno, compramos uma peça de entre as disponíveis para escolha e a acrescentamos à nossa cidade. Tem, para mim, reminiscências tanto de Carcassone como de Patchwork.

O setup é muito simples, baralhamos as peças de cidade e criamos várias pilhas com elas viradas para baixo, da forma indicada no livro de regras. No centro da mesa, ficam algumas peças de cidade, em linha, viradas para cima, que são o Estaleiro onde podemos comprar peças. Cada jogador coloca à sua frente uma peça inicial, recebe algumas pedras (que funcionam como economia no jogo) e estamos prontos a começar.

No nosso turno, escolhemos uma peça de cidade do Estaleiro para acrescentar à nossa cidade. Se escolhermos a primeira peça da fila, o custo é gratuito. Contudo, se quisermos peças mais à frente na fila, também as podemos ir buscar mediante o pagamento de 1 pedra por cada espaço que temos de saltar até à peça desejada. Com a peça nas mãos, colocamo-la na nossa cidade em desenvolvimento, com a particularidade que a podemos colocar com qualquer aresta adjacente a outra já existente ou sobre outras peças. Isso significa que, em Akropolis, temos de pensar em 3D, pois a nossa cidade expande-se não só para os lados, mas também para cima. E quanto mais alto o nível das nossas peças, mais pontos marcam.

Cada peça de cidade tem 3 espaços, os quais são ocupados por Pedreiras,  Distritos ou Praças.

As Pedreiras dão-te pedras no momento em que são tapadas, ou seja, colocas outra peça por cimas.

Os Distritos são os que te dão pontos e dividem-se em Casas (que pontuam quantos mais distritos deste género estiverem adjacentes), em Mercados (que não podem estar adjacentes entre si), a Quartéis (que só pontuam se estiverem nos limites da cidade), a Templos (que só pontuam se completamente cercados) e a Jardins (que não têm qualquer restrição).

As Praças dão-te multiplicadores para os pontos que ganhas com os Distritos do mesmo tipo/cor no final do jogo.

Como devem estar a imaginar, as possibilidades são muitas. Expandir para o lado ou em altura? Distritos mais elevados marcam mais pontos, mas para subir, temos de tapar alguma coisa e tudo o que está tapado não marca pontos no fim. Depois, o puzzle do posicionamento das peças tendo em conta as restrições dos vários tipos de Distritos e a optimização dos pontos a marcar exige alguma ginástica mental. Depois, conjugar muitos Distritos do mesmo tipo com Praças que multipliquem ainda mais a sua pontuação é muito importante.

Akropolis ofecere uma experiência de jogo bastante rica e estimulante para o conjunto de regras tão simples que tem.

Componentes

As peças de distrito são o centro do jogo, havendo apenas mais os cubos de madeira que representam pedras e o material de suporte (manual, cartas de ajuda, folhas de pontuação e token de primeiro jogador). E são excelentes! Fizeram as peças de distrito num cartão realmente grosso (talvez o mais grosso que já vi em qualquer jogo de tabuleiro) e não só são realmente funcionais pela sua solidez, como dão maior corpo ao jogo e à cidade que vamos construindo.

As cores e iconografia das peças de distrito está muito competente. É essencial ser clara a leitura da nossa cidade, dentro de tantas variáveis e Akropolis não falha nesse ponto. À medida que vamos construindo a nossa cidade, ela vai ficando agradavelmente colorida e vibrante. Mas mais importante ainda, funcional na sua leitura.

A caixa já tem vem com um insert em cartão que torna a arrumação e organização das peças muito prática.

A arte da capa não é particularmente entusiasmante e certamente não será por ela que nos iremos cativar para comprar o jogo.

Pensamentos Finais

Akropolis é um jogo extremamente fácil de aprender e ensinar. Se juntarmos a isso que em 2 a 3 minutos temos o setup feito e que em 20 a 30 minutos já contabilizámos as pontuações finais, torna-se um jogo muito fácil de ir para a mesa.

Não obstante a grande simplicidade e acessibilidade, surpreende com a densidade e riqueza da experiência de jogo que oferece. Torna-se um puzzle complexo e dinâmico, sem estratégias claramente mais fortes que outras, em que cada jogo novo que fazemos nos pode presentear com uma abordagem diferente. Seria ainda de pensar que, perante as múltiplas variáveis de análise no momento de comprar uma peça, poderia ser propício a muitos momentos de mortos de “congelamento”, mas não, Akropolis flui rapidamente, do início ao fim.

O aspecto cumulativo multiplicador das Praças torna a pontuação entusiasmante, com cada jogador a poder atingir números finais bastante impressionantes. Gosto também da ideia de ser difícil ter uma noção de quem vai a liderar até chegar ao fim. Por outro lado, preparem as calculadoras para descobrir o vencedor (a menos que tenham uma mente muito ágil com números) pois temos aqui uma boa dose de matemática envolvida.

Valorizo muito ainda o não haver um tipo de Distrito que parece ser melhor que outros. Não existe uma estratégia dominante, o que convida os jogadores a explorarem várias abordagens a cada novo jogo, sendo todas elas legítimas.

Quanto ao tema, não contem com um grande ambiente grego sempre presente. Como é normal em jogos pequenos abstractos deste género, fica a sensação que os mecanismos serviam em qualquer outro tema. Mas cola muito bem com a construção de cidade. A parte mediterrânica é que…bem, fica pela capa.

De salientar que apenas joguei este jogo a dois jogadores, mas ficou evidente que será igualmente agradável e rápido a 3 ou 4.

Se o jogo te interessar, podes adquiri-lo a bom preço na Versus Gamecenter, online ou fisicamente (se preferires visitar uma das suas lojas no Parque das Nações ou em Algés).