Nos saudosos anos 80/90 os filmes de ação e ficção científica dominavam os cinemas, e um dos melhores exemplos que junta esses géneros de filmes é Robocop. O primeiro filme veio ao mundo em 1987, e desde aí muito boa gente ainda sabe de certeza quem profere a já icónica frase “Dead or alive, you’re coming with me”. Sempre fui um fã deste polícia do futuro e Robocop: Rogue City trouxe consigo uma grande dose de pura nostalgia. Vamos lá jogar então!
Analisando então o jogo desenvolvido pelo estúdio polaco da Teyon, a primeira pergunta que me veio à cabeça foi qual seria a relevância de Robocop nos dias de hoje. A personagem tem andado meio esquecida, e se formos analisar apenas os últimos 10 anos, o que realmente apareceu de relevante foi o filme de 2014 (que até foi bastante interessante), e também o DLC de Robocop em Mortal Kombat 11.
O jogo decorre entre os acontecimentos do segundo e terceiro filme, e o enredo segue um Alex Murphy já estabelecido na sociedade e que enfrenta os perigos de uma Detroit muito afetada pela violência. Como o crime não dorme e coloca sempre novas ameaças nas ruas, Robocop precisa de atuar juntamente com o departamento de polícia para solucionar os mais variados crimes e erradicar assim os criminosos das ruas de Detroit.
O historial da Teyon nunca foi de grandes lançamentos, contudo quando joguei Terminator: Resistance em 2019 encontrei um jogo bastante decente, que não se esqueceu do material de origem e acima de tudo mostrou-o de forma honesta. O mesmo já não se pode dizer de Rambo: The Video Game, que é um jogo a evitar. Robocop: Rogue City é assim o melhor trabalho do estúdio, que mantém a mesma proposta e também apresenta uma notória evolução quando comparado com os projetos anteriores, mas que também acaba por mostrar as deficiências que ainda existem no estúdio.
O novo jogo funciona numa mescla de missões típicas de jogos first person em corredores com diversos inimigos, que transita depois para áreas maiores com exploração, sidequests e também algum combate. Comparado a Terminator: Resistance, temos mapas maiores e com bastante detalhe, e é explorando os mapas semiabertos que iremos ter acesso às mais variadas missões. Pessoalmente gosto bastante desta estrutura de jogo, e ainda bem que não seguiu os passos dos jogos Call of Duty, com missões diretas onde não podemos praticamente fazer mais nada para além disso.
Robocop não é uma máquina rápida, mas consegue andar um pouco mais rápido (mesmo um pouco literalmente) quando damos uso ao típico botão que costuma estar associado a correr. Não nos podemos abaixar também (algo básico num qualquer fps), sendo a melhor opção arranjar cobertura numa parede próxima. Mas atenção que isto não é um aspeto mau, pois é assim que tem de ser, pois a Teyon quis respeitar o material dos filmes, até mesmo nos pequenos pormenores, como a parte do visor, que ao detetar os inimigos, tem os mesmos efeitos visuais e sons que no filme, assim como os sons dos passos de Robocop, que estão tal e qual como nos filmes.
Em Robocop: Rogue City não temos apenas de andar só aos tiros, pois também tem uma pitada de elementos RPG. Podemos assim investigar áreas de crimes, questionar testemunhas, juntar provas, defender cidadãos de criminosos e até mesmo passar multas de estacionamento como um polícia municipal. Esperem também alguns diálogos com diversas opções para ajudar a resolver alguns crimes, diálogos esses que apesar de não estarem ao nível de um Mass Effect por exemplo, cumprem a sua função.
Enquanto a maior parte da ação concentra-se mais nas missões ou áreas destinadas especificamente para isso, nos locais maiores o jogo consegue ter um ritmo diferente e com outras opções. À medida que o jogo avança, encontramos tipos de inimigos mais variados que nos obriga a pensar de forma diferente e usar assim novas estratégias. Portanto se não querem dar uso às balas, podemos atirar os mais variados objetos para limpar uns quantos criminosos, desde uma simples TV ou cadeira, a uma mota, que já me ajudou a aniquilar cinco criminosos de uma só vez! Também podemos disparar contra alguns objetos, como extintores ou botijas de gás para eliminarmos mais uns tantos inimigos de uma vez só.
Contudo, e provavelmente devido à “falta” de qualidade/experiência da Teyon, existem áreas onde se nota claramente que o jogo não é uma obra-prima. Temos assim animações que podiam ter sido melhoradas em certos momentos, transição entre cutscenes esquisitas, o frame rate não é sempre constante, o que por vezes afeta o nosso gameplay e acaba por ser prejudicial, qualidade um pouco duvidosa para alguns modelos de personagens e alguns objetos, inimigos que desaparecem ou até mesmo alguns que entram por paredes adentro, …, e podia ficar aqui mais uma hora a listar mais uns tantos problemas. Existe evolução quando comparado a Terminator: Resistance, aliás basta ver pela destrutividade dos cenários, contudo ainda falta mais qualquer coisa se comparamos com outros jogos atuais.
Não posso deixar de mencionar que a modelagem de Robocop está impecável, e é de louvar o esforço que a Teyon teve para conseguir reproduzir fielmente não só toda a armadura, mas também a cara do Alex Murphy quando este está sem o capacete. O mesmo se pode dizer para a não menos famosa Anne Lewis, a colega de Murphy, que está também fielmente recriada. O ator Peter Weller (agora com 76 anos) também quis estar envolvido no jogo, portanto não vão estranhar quando ouvirem a sua voz por todo o jogo, e não foram esquecidas frases icónicas como “dead or alive, you’re coming with me”. Que clássico!!
A cidade de Detroit também está fielmente recriada como nos filmes, ou seja, cinzenta, repleta de pobreza e decadência. E ainda se lembram da Nuke? A famosa droga também não foi esquecida, e está um pouco por todo o lado, portanto se a virem, não se esqueçam de a recolher como prova de crime.
Muito do que o jogo mostra é facilmente aceite pelo público acima dos 30 anos de idade graças ao fator nostalgia. Mas, é curioso imaginar como os adolescentes de hoje em dia encaram um jogo de uma personagem que se calhar não tem a relevância que já teve noutros tempos e que provavelmente nunca ouviram falar. Será que até ficam com vontade de ver os filmes? Essa é uma boa questão…
Conclusão:
Robocop: Rogue City não é seguramente o jogo do ano, nem sequer do mês, mas vem carregado de pura nostalgia, muitos tiros e explosões e acima de tudo respeita o material em que se baseia. Se conseguirem ignorar os problemas técnicos, então vão seguramente passar um bom bocado a combater o crime pelas ruas de Detroit.
Jogo de tudo um pouco, desde a minha primeira consola de jogos, a Master System II. Desde aí muita coisa mudou, mas a paixão e dedicação aos videojogos permaneceu intacta.
Apesar de jogar de tudo um pouco, desde FPS a RPG´s, sou grande adepto de Fighting games, como o Mortal Kombat e ainda de jogos de desporto automóvel, como o Forza Motorsport. Também não dispenso boas séries e bons filmes. Sou grande fã de animes desde muito cedo, onde tenho DragonBall e Naruto como séries de eleição.