Desfibrilhador – The Getaway, da Team Soho

O desfibrilhador volta à antena e aborda um dos exclusivos da Playstation que na minha opinião foi um pouco mal amado, mas que me conquistou por completo. Estão recordados dos jogos The Getaway?!

Esta é daquelas séries de jogos que realmente merecia ser ressuscitada, e eu já ficaria muito satisfeito se fosse através de “um mero” remake. A série teve direito a três jogos, dois deles saíram para a Playstation 2, tendo o terceiro jogo marcado presença na Playstation Portable.

Mas vamos por partes e comecemos obviamente pelo primeiro jogo, que estreou no ultimo mês de 2002 na Playstation 2 e foi produzido pela extinta Team Soho, o mesmo estúdio que em 1997 produziu para a Playstation original o inesquecível Porsche Challenge. A ação decorria em Londres, que para a altura, tinha uma área de jogo bastante simpática (16 quilómetros quadrados) e não faltavam locais conhecidos da capital Inglesa, como a Tower Bridge ou o Big Ben.

As primeiras 12 missões do jogo contam a história de Mark Hammond, um ex-gangster do Collins Gang que é libertado da prisão depois de estar 5 anos preso por um assalto armado que deu para o torto. Passados dois meses da libertação de Mark, um gangue chamado Bethnal Green Mob composto por quatro personagens importantes, Harry, Grevious, Eyebrows e Yasmin, sequestram a esposa e o filho de Mark, onde Harry acaba por assassinar a esposa de Mark em plena rua. O filho é levado para um armazém do gangue e Susie morre nos braços de Mark. O nosso protagonista acaba por perseguir os sequestradores do seu filho, e mal chega ao local ele é atacado por Eyebrows e acorda amarrado numa cadeira, e é neste momento que se ficaria a conhecer o vilão de The Getaway, Charlie Jolson.

Mark Hammond, um dos protagonistas de The Getaway.

Para manter o filho vivo, Mark terá que executar as ordens que Charlie lhe dá, pois caso isso não aconteça, o seu filho Alex morre. Depois de concluídas as 12 missões iniciais, tínhamos mais 12 missões, mas desta vez o protagonista é o policia Frank Carter, juntamente com o seu parceiro Joe Fieldings. Eles prendem “Crazy” Jake Jolson numa rusga, que é o sobrinho de Charlie Jolson. Contudo o parceiro de Frank acaba por ser ferido na rusga e agora cabe a Frank acabar de vez com o Bethnal Green Mob liderado por Charlies Jolson. O interessante da história do jogo é que os enredos dos dois protagonistas ocorrem em paralelo e cruzam-se antes de concluir o final do jogo.

A jogabilidade de The Getaway era mais parecida com o Mafia original, pois era muito linear e mais focada na história e com objetivos simples como ir buscar um saco de dinheiro, eliminar um alvo especifico, chegar a um dado local dentro do tempo limite, etc. Outro pormenor é que não havia HUB, portanto não havia barra de vida, mapa, munições disponíveis, etc.

O jogo era bastante realista, e arrisco-me a dizer que neste pormenor consegui estar à altura de GTA III, devido aos seus muitos pormenores, como marcas reais de carros, o sistema de transito, marcas de balas nos vidros e carroçaria, etc. Mas tudo isto não fez do jogo um sucesso completo, tendo uma média de 7 em 10 em muitas analises da critica especializada.

the getaway: black monday
Gameplay de The Getaway: Black Monday.

Em 2004 chegava a sequela, The Getaway: Black Monday. O jogo decorria no ano de 2004, dois anos após a conclusão dos eventos do primeiro jogo. Grande parte do submundo do crime Londrino estava enfraquecido graças à morte de Jolson, mas um novo grupo conhecido como Thieves in Law assumiria as rédeas do crime organizado através de empresas legais, enquanto que nas sombras trabalhavam com os gangues criminosos que ainda existiam.

O jogo tinha 3 personagens jogáveis, Eddie O’Connor, Sam Thompson (a Hacker de serviço) e o sargento Ben Mitchell. Tal como no primeiro jogo, a história dos três personagens convergiam antes do final do jogo (que tinha 4 finais possíveis), mais ou menos idêntica ao que vimos no GTA V por exemplo. De mencionar ainda que este segundo jogo foi dobrado para o nosso português, onde tínhamos as vozes do falecido Rogério Samora e Vitor Norte. Infelizmente, este jogo ficou-se pelo mediano, não tendo tido sido muito bem recebido pelos jogadores. A jogabilidade pouco ou nada inovou em relação ao primeiro jogo, tendo sido uma das causas para o insucesso do jogo.

Mesmo assim a série teria ainda direito a um terceiro jogo, mas agora na Playstation Portable. Em 2006 a portátil da Sony recebia Gangs of London, onde podíamos escolher entre um de cinco gangues disponíveis. Pessoalmente “falando” agora, este é um dos jogos que ainda procuro para a minha PSP, mesmo sabendo que é bastante medíocre, mas gostaria de ver a minha coleção de The Getaway completa. E mesmo sendo um jogo que não ficou para a historia dos melhores jogos da portátil da Sony, sabiam que este terceiro jogo viria a ser adaptado em 2020 para uma série Inglesa com o mesmo nome?!

gangs of london
Gameplay de Gangs of London para a PSP.

Numa altura em que estão a sair diversos remakes, esta seria a altura ideal de pegar nesta série adormecida da Playstation, pois não só iria atrair quem conhece esta série desde o jogo original, mas também as novas gerações que nem sequer conhecem o The Getaway. Seria muito interessante percorrer Londres com o poderio gráfico da Playstation 5, numa área de jogo ainda mais expandida, com mais locais para se explorar. E se quisermos as coisas ainda mais realistas, imaginem como iria ficar um remake de The Getaway com suporte para Ray Tracing! Seria belissimo de se ver sem dúvida alguma.

O gameplay poderia (e deveria) obviamente ser refinado, para ter uma maior precisão, principalmente na vertente de tiroteio, pois os controlos eram um pouco user friendly se assim posso dizer. Também seria uma mais valia manter as licenças dos veículos presentes, para ajudar na componente de realismo. De relembrar que tínhamos Peugeot, Citroen, Saab, BMW, Range Rover, etc…, mas isto era insuportável de certeza nos dias de hoje devido ao licenciamento. Se a isto, juntássemos o mesmo nível de danos como temos no GTA V, como pneus furados, portas a cair, etc, seria ouro sobre azul e teríamos um dos melhores jogos realistas sandbox.

Se não fosse através de um remake, um novo jogo era muito bem-vindo claro. Três novos protagonistas por exemplo, diversos finais possíveis e talvez levar a história para novas cidades para além de Londres, como Birmingham ou Liverpool, sempre dentro da temática de crime organizado para manter o tom puro, cru e adulto…, sim porque um terceiro The Getaway teria de ser obrigatoriamente PEGI +18 como os seus antecessores.

Esta série esta em coma induzido, mas como diz o ditado “nunca digas nunca”, e pode ser que ainda possa voltar ao mundo dos vivos, isto se alguma mente brilhante de algum estúdio exclusivo da Sony se lembrar da sua existência. Já que saem novas IP a conta gotas (na minha opinião) e parece estar na moda fazer remakes disto e aquilo, fica então aqui a dica.