The Last of Us Parte II Remastered chega-nos três anos e meio após o lançamento do jogo original e é o remaster inesperado que poucos pediram.
Mas… terá a Naughty Dog repetido a proeza que fez há pouco mais de um ano aquando do lançamento de The Last of Us Parte I?
Basta ler as minhas análises de 2020, tanto ao jogo como à polémica, para perceber que sou fã desta obra prima em formato de videojogo. E, embora a narrativa e gameplay sejam sublimes, não é nisso em que esta análise se irá focar.
O primeiro The Last of Us foi lançado em 14 de junho de 2013, já a PlayStation 3 estava em “fim de vida” e, com o lançamento da PlayStation 4, foi lançado o The Last of Us Remake, a 9 de abril de 2014. Estas duas versões já tinham uma grande diferença gráfica entre si, sendo que a diferença abismal se deu com o lançamento de The Last of Us Parte I, a 2 de setembro de 2022, onde se verificou outro salto geracional, desta feita com uma qualidade bastante superior.
Tendo sido lançado a 19 de junho de 2020 falamos, como já referido, de uma diferença de três anos e meio. E embora tenha sido lançado para a PlayStation 4, estamos a falar de (mais) um lançamento que antecedeu a chegada de um novo sistema, onde os developers já sabiam tirar total partido do sistema.
O ponto, onde pretendo chegar com esta cronologia, é de que The Last of Us Parte II já estava muito polido a nível gráfico e com um gameplay igualmente afinado aquando do seu lançamento. As diferenças nunca poderiam ser tão dramáticas.
Fiz questão de instalar ambas as versões e fui alternando entre ambas, procurando perceber exatamente onde diferiam. Não há dúvida que o Remaster tem melhorias a nível gráfico, principalmente quando tiramos partido do modo “fidelidade”, optando pela resolução e detrimento de framerates mais elevados. Assim como a forma como o jogo tira agora partido das capacidades do Dualsense, seja ao tocar guitarra, seja ao sentir a diferença entre cada arma que disparamos.
Mas a verdadeira diferença, na minha opinião, reside em todos os extras com que fomos presenteados. Desde novos modos de jogo a todo um novo olhar sobre as várias etapas do desenvolvimento, onde podemos ter um insight sobre em que pensava a equipa criativa ou em que consiste desenvolver um jogo desta dimensão.
Níveis perdidos
A Naughty Dog dá-nos aqui a oportunidade de jogar 3 níveis que por questões de narrativa ou ritmo acabaram por ser cortados do jogo. O início da festa em Jackson, onde Dina eventualmente acabaria por beijar Ellie. Aqui podemos percorrer um pátio, conversar com pessoas (aqui sem audio), jogar jogos, brincar com crianças e beber alcoól. Os esgotos, de onde Ellie terá de sair após um clicker a atirar a um rio e onde a mecânica de rastejar foi ajustada para se adaptar às condutas estreitas. Por fim, a caça ao javali, (aviso spoiler) que deveria anteceder a parte em que Ellie vive na casa de campo.
Isoladamente são níveis pequenos, que ganham outra dimensão ao conhecermos a história e perceber onde e porquê se encaixam em determinado ponto do enredo. Ao longo destes existem vários pontos onde podemos ouvir os comentários dos developers, o que enriquece imenso a experiência.
Comentários de equipa de desenvolvimento
Neste remaster é delicioso poder espreitar atrás do véu e perceber mais sobre o que se passa nos bastidores. Ao ligar este modo todas as cutscenes passam a ter comentários de toda a equipa, desde developers a actores, que nos falam do que se passou nessa determinada cena, o que sentiram ou como resolveram algumas questões.
Não recomendo a quem está a jogar pela primeira vez, os comentários cortam o diálogo das cutcenes e prejudicam a imersividade. Recomendo antes rever as cutscenes já desbloqueadas acedendo através do menu principal.
No return
O desenvolvimento do jogo multiplayer pode ter caído, mas isso não quer dizer que não tenha chegado algo tão ou mais interessante. Neste modo de jogo, completamente independente da história principal de The Last of Us Parte II Remastered, escolhemos uma personagem inicial (Ellie ou Abby) e vamo-nos defendendo de waves de inimigos, humanos ou infectados, pulando de cenário em cenário até chegar a uma Boss Fight. Podemos desbloquear outros personagens à medida que vamos cumprindo certos objectivos, o que nos permite jogar com personagens novos ou revisitar velhos amigos, como Joel. Cada nova personagem que desbloqueamos está “afinada” para um playstyle específico. Ellie é mais equilibrada, Abby mais direccionada para o corpo a corpo e Dina para crafting, terão de desbloquear os restantes para perceber as suas forças. É uma forma simpática de não esgotar o jogo e acaba por render mais umas boas horas. O desafio é acrescido de permadeath, pelo que requer algum nível de resistência à frustração.
Guitarra
Acredito que seja um modo que possa ter alguma piada para apreciadores ou quem esteja a seguir uma partitura. Pessoalmente, achei mais uma “curiosidade” do que outra coisa. Obviamente que, como devem ter percebido, não sou nenhum Gustavo Santaolalla…
Foi também anunciado um documentário sobre o making of de The Last of Us Parte II, que está disponível na secção Behind the scenes, dentro do menu de jogo Making of. Lá estão dois trailers do documentário (e em breve o documentário, espero) e 4 episódios de podcast que abordam o mesmo tema. ou seja, muita coisinha boa para entreter durante uma horas.
Conclusão:
Ao falar de The Last of Us Parte II Remastered não estamos a falar de algo imprescindível à experiência de quem já jogou a versão de 2020. Vejo-o mais como um excelente pacote de presentes a fãs de ambos os jogos, desde que tenham interesse pelo desenvolvimento do jogo, acrescido de novas formas de jogar, como é o caso do modo speedrun, onde podemos ver os nossos tempos de cada nível e tentar bater os nossos (ou de outros) recordes. Também foram adicionados alguns melhoramentos de acessibilidade.
Pode não ser fácil melhorar uma obra prima, mas certamente que este Remaster conseguiu polir a experiência e acrescentar um bom pacote de goodies. Para quem já tem a versão anterior, a compra (ou upgrade) poderá ter de ser pesada na balança. Pessoalmente, acho que o upgrade muito vale a pena. Para quem nunca tenha jogado The Last of Us Parte II esta versão é obrigatória.
Começou a jogar num spectrum 48k e desde então tem uma paixão por videojogos, não imagina a sua vida sem jogar. Fã de RPGs, First Person Shooters e jogos Third Person, joga na sua PS5, Xbox Series S, PC e Nintendo Switch.