Kingdom: Two Crowns – A dificuldade faz parte da diversão

A permissa de Kingdom: The Two Crowns é incrivelmente simples: construir, expandir e defender.

Parece fácil, mas está muito longe de o ser. Cada jogo começa da mesma forma: nós enquanto Reis ou Rainhas vamos cavalgando num plano 2D e vamos construíndo o nosso reino a partir de um mísero acampamento, com a ajuda de camponeses que vamos contratando e que vamos “formando” em diversas áreas (arqueiros, construtores, agricultores, etc). Para o fazer teremos de gastar dinheiro, moedas de ouro mais concretamente, e eventualmente iremos receber pedras preciosas que nos ajudarão a subir níveis e a chegar muito mais longe na expansão do nosso reino. Esta, aliás, faz-se explorando uma série de territórios, mas sempre neste plano 2D em pixel art.

Em Kingdom também é preciso ter noção de que expandir demasiado cedo pode trazer muitos problemas uma vez que a partir do segundo dia pequenas criaturas (chamadas de Greed) irão começar a surgir durante a noite e provocarão estragos ao nosso acampamento/reino, podendo inclusive retirar-nos a coroa e nesse caso teremos de recomeçar o jogo, agora enquanto herdeiros do Rei ou Rainha caído(a), nunca perdendo assim totalmente todo o progresso conseguido. É um gimmick, mas é um bom gimmick.

Mas onde entram as tais Duas Coroas (Two Crowns)? Bem, na verdade, isso refere-se apenas ao facto de podermos jogar em modo cooperativo, localmente ou online. Não tendo experimentado este modo exaustivamente, pareceu-me ser uma boa maneira de passar um serão, mas para mim a riqueza de Kingdom é bem mais visível quando jogamos a solo, se bem que o jogo é realmente muito mais difícil quando jogado desta forma.

Também podemos escolher entre três versões do jogo: a versão original e mais medieval, a versão Shogun, inspirada na cultura Japonesa e a versão Dead Lands, onde somos Reis ou Rainhas de uma espécie de reino do submundo. Independentemente da versão que se escolha, nada muda em termos de mecânica, aplicando-se sempre a mesma lógica de jogo, com uns bónus e novos movimentos acrescidos.

Não posso deixar de referir que Kingdom é um jogo visualmente fantástico, principalmente para quem gosta de pixel art. Os diversos personagens têm muita personalidade e as animações, se bem que rudimentares, só acrescentam à experiência. Também os efeitos de som e a banda sonora são fantásticos, criando um ambiente distinto não só entre dia e noite, como também entre as diversas versões que podemos escolher do jogo.

Conclusão:

Kingdom: Two Crowns é um daqueles jogos que esconde a sua riqueza por baixo de uma espessa camada de simplicidade. Não tendo a profundidade tática de um Civ, é um jogo de estratégia muitíssimo bom e que recomendo sem problemas. Só não esperem um jogo fácil, porque se entrarem em Kingdom: Two Crowns a achar que é uma brincadeira de crianças devido ao seu aspecto, é bom que se preparem porque vão ter uma enorme surpresa.