Planet Zoo parece ser um jogo criado numa época passada e parece especialmente ter sido desenvolvido a pensar em jogadores vindos igualmente de outros tempos, mas com sensibilidades atuais. Como devem perceber pelo título, este é um simulador puro onde o nosso objectivo é gerir um jardim zoológico. Sim, faz lembrar muito jogos como ThemePark ou RailRoad Tycoon, mas com um nível de detalhe, profundidade e espectáculo visual que sinceramente deixa qualquer um desses clássicos a milhas de distância. “Espectacular” é pouco quando estamos a tentar descrever Planet Zoo. A atenção ao detalhe é simplesmente de se lhe tirar o chapéu. Infelizmente é justamente por isso que Planet Zoo não é um jogo que possa recomendar a toda a gente.
Confesso que adquiri este jogo não só porque sempre fui fã de simuladores e jogos de gestão, como porque estava a precisar de alguma coisa minimamente educacional com que entreter o meu filho de cinco anos. Depois de ver vários trailers e alguns playthroughs arrisquei no Planet Zoo e devo confessar que me surpreendeu. Surpreendeu-me porque por muito complexo que seja (e é) até um miúdo de cinco anos, com alguma ajuda, se consegue divertir, especialmente no modo sandbox onde não nos temos de preocupar com coisas mundanas como dinheiro, ou até com o bem estar dos animais e dos visitantes, pondendo simplesmete construir as maiores aberrações arquitectónicas, colocar animais lá dentro (desde que cumprindo alguns mínimos olímpicos) e ver o que acontece. Este jogo mais do que cumpre o que promete, muito à conta da sua fidelidade visual, dando-nos até a oportunidade de colocar uma câmara em cima de um animal e seguí-lo durante o tempo que quisermos – o que, além de fantástico, é perfeito para horas e horas de entretenimento… especialmente se estiverem aborrecidos e tiverem cinco anos. O facto de Planet Zoo vir acompanhado por uma robusta Wiki interna com factos e informação relevante e interessante acerca das diversas espécies é também um bónus fantástico.
Mas o jogo não é apenas o modo sandbox. Logo a abrir, temos um modo “carreira” que funciona como um tutorial em larga escala no qual vamos passando por vários tipos de zoo e vamos aprendendo o funcionamento básico das diversas mecânicas do jogo. Sendo um modo bem estruturado, a sensação com que fiquei é que por vezes se concentra demasiado em pequenos detalhes quase inconsequentes e outras vezes é simplesmente demasiado genérico. Depois de completar a custo todos os tutoriais (há secções incrivelmente complicadas nas quais somos lançados quase sem informação sobre o que devemos fazer e é por tentativa e erro que conseguimos terminar os níveis com sucesso), não consegui afastar a sensação que pouco sabia de mecânicas básicas que deveria ter aprendido de uma forma mais elegante durante as horas que passei com os tutoriais – isto assumindo que pretendemos construir um Zoo funcional e não a tal aberração interessante e gira que o meu filho produziu.
Temos também um modo Cenário, no qual somos lançados no meio de Zoos em apuros e a nossa missão é conseguir alcançar um ou mais objectivos concretos de forma a salvá-los da extinção. É um modo interessante, sem dúvida, e os cenários são variados o suficiente para nos dar um complemento interessante aos que passámos no modo tutorial – o jogo preocupa-se muito em fazer-nos perceber que dependendo em que ponto do globo nos encontremos teremos mais ou menos dificuldades quer na construção do Zoo em si, quer na obtenção e preservação de algumas espécies.
Temos ainda o modo que considero o mais interessante de todos que é o modo Franchise. Neste modo temos de construir o nosso império de Jardins Zoológicos espalhados pelo mundo, sendo o objectivo conseguir gerir os vários Zoos ao mesmo tempo e tudo o que isso implica, nomeadamente conseguir gerir os animais e as trocas de animais entre eles da melhor forma, pois são os animais que atraem os visitantes, são os visitantes que trazem o dinheiro e, no fundo, é o dinheiro que permite manter as portas abertas.
Planet Zoo, sendo um jogo ainda em expansão (com diversos DLC já lançados) também nos permite entrar em desafios online criados pelo estúdio, mas onde este jogo brilha é na sua magnífica comunidade. Esta é uma comunidade muito activa que cria tutoriais bem melhores que os do jogo, proporciona dicas, e constrói literalmente centenas de objectos úteis que podemos depois inserir nos nossos Jardins Zoológicos, poupando-nos a horas e horas de tentativa e erro na construção do baloiço perfeito para os nossos primatas, por exemplo.
Conclusão:
Planet Zoo é um jogo maravilhoso, mas consegue atingir níveis de complexidade que deixarão a maioria dos jogadores frustrados e perdidos. Se o recomendo vivamente a quem goste deste tipo de jogos e a quem tenha uma paciência infinita e um bocado de OCD, já para os jogadores mais casuais só o posso recomendar se o encontrarem a um preço mais acessível, pois para estes Planet Zoo valerá pelo modo sandbox, mas mesmo assim preparem-se pois terão muito trabalho pela frente.
Nasceu num dos melhores anos para nascer, 1980, e cresceu com um enorme desejo de poder jogar nas máquinas de jogos. Cumpriu esse desejo no dia em que finalmente fez 16 anos e pode legalmente entrar em salões de jogos. Infelizmente também descobriu que jogar custava dinheiro e por isso resolveu estudar mais um bocado. Hoje é publicitário e feliz proprietário de uma Super Nintendo. O seu jogo favorito ainda é o Street Fighter II.