Baldur’s Gate 3 – Porque tenho as expectativas tão altas

20 anos depois de Baldur’s Gate 2, o novo título da saga vem aí. Porque estou tão ansioso que chegue?

Em 1998, ainda no milénio passado, a BioWare lançou um jogo chamado Baldur’s Gate, que a viria a catapultar e a tornar num sinónimo para Role Playing Games. Eu era um adolescente sedento por videojogos e por fantasia e vivi dentro do jogo, enquanto não o terminei. Desse dia em diante, consumi todos os Role Playing Games de fantasia baseados em Dungeon’s & Dragons que consegui e tornou-se o meu género preferido.

Baldur’s Gate, 1998

Olhando à distância de duas décadas, podemos agora afirmar que Baldur’s Gate se tornou uma referência na história dos videojogos, nomeadamente dos Role Playing Games, influenciando o género até aos dias de hoje e continuando a figurar nas listas dos melhores de sempre. Quando falamos em qualquer RPG de fantasia, em perspectiva isométrica, movido por uma narrativa forte e completa, ainda hoje é recorrente descrevê-lo como um jogo “estilo Baldur’s Gate”.

Quando a Larian Studios anunciou, num evento que antecedeu a E3 de 2019, que estava a desenvolver o Baldur’s Gate 3, voltei a sentir-me aquele adolescente que gritava “Go for the eyes Boo, GO FOR THE EYES!! RrraaaAAGHGHH!!!”, cada vez que o nosso companheiro bárbaro lançava um ataque. Perdoem-me o devaneio, mas quem jogou o original, jamais se esquecerá de Minsc.

Sim, sou um fan boy, mas vou aqui argumentar, de forma racional, porque acho que Baldur’s Gate 3 será um jogo fenomenal.

Larian Studios

Não consigo encontrar nenhum developer mais apropriado para pegar neste legado que a Larian Studios. A empresa belga, fundada e liderada por Swen Vincke, é responsável por Divinity, the Original Sin, aclamado como um dos melhores RPG dos últimos anos, e pela sua sequela.

Divinity, the Original sin 2

Divinity, the Original Sin é, precisamente, um jogo “estilo Baldur’s Gate”. É um RPG em perspectiva isométrica, com forte componente narrativa, muito bem escrito e com mecânicas inovadoras. O combate é turn-based e oferece escolhas táticas muito alargadas, premiando uma abordagem inteligente e diferenciada a cada encontro, potenciando os elementos do cenário (já existentes ou criados pelos jogadores) e as particularidades de cada adversário. O mundo é rico, as histórias interessantes e o gameplay soberbo.

Não existiu até hoje, na minha opinião, um jogo “estilo Baldur’s Gate” tão merecedor desse título como Divinity, the Original Sin. A Larian Studios é apaixonada pelo estilo e pelo que faz e não confiaria este trabalho a outras mãos. Pelo que já vimos de Baldur’s Gate 3, muito do gameplay vai beber a Divinity, mas com as adaptações de mecânicas adequadas ao novo setting. Não estou a ver como esta fusão possa funcionar mal…

Única preocupação: Divinity é um jogo recheado de momentos de bom humor e os próprios ambientes são leves. Baldur’s Gate 3 pede um ambiente mais negro e carregado. Swen Vincke já o prometeu, mas fica sempre o aparte.

Dungeons & Dragons (D&D): mecânicas de jogo de referência para RPG

Baldur’s Gate 3, tal como os anteriores da saga, serve-se das mecânicas do famoso Dungeons & Dragons e do seu famoso sistema D20. Para quem não conhece, é um sistema analógico desenhado para tabletop RPG, onde os jogadores se sentam a uma mesa, um desempenhando o papel de mestre de jogo, contando a história e controlando o mundo e os inimigos, e os restantes sendo os heróis. A liberdade de ações é total, podendo os jogadores fazer tudo o que querem e resolvendo a eficácia (ou não) das suas ações e ataques através do lançamento de um dado de 20 faces.

É um sistema muito sólido e versátil, que vem sendo refinado ao longo de décadas de existência, e que oferece uma base para Role Playing Games extraordinária, funcional e divertida.

Baldur’s Gate 3 é baseado na quinta edição de D&D. Se quiserem conhecer este sistema de forma mais detalhada, recomendo este vídeo:

Forgotten Realms: um universo de fantasia extraordinário

Baldur’s Gate é uma cidade da Sword Coast, uma região dos Forgotten Realms.

Os Forgotten Realms foram criados por Ed Greenwood, por volta de 1967, como cenário para suas histórias de infância. Posteriormente, Greenwood levou este seu cenário para as campanhas do RPG Dungeons & Dragons, tornando-se, de longe, no cenário mais popular do jogo.

Forgotten Realms – Mapa

Estamos a falar de um mundo enorme! Tão grande que, só a região da Sword Coast é maior que todo o cenário do The Witcher 3. Mas não é o tamanho o mais importante. É um cenário muito rico, populado por incontáveis raças e repleta de conhecidos personagens, como o mago Elminster ou o Dark Elf Drizzt Do’Urden.

O lore criado para este universo ombreia com colossos da literatura de fantasia, como a Terra Média de Senhor dos Anéis ou os 7 Reinos de Game of Thronnes. Os Forgotten Realms, além de terem sido cenário de infinitas campanhas de D&D, foram também cenário para imensa literatura de fantasia, sendo a mais conhecida de autoria de R. A. Salvatore, e até de alguns filmes.

É um universo já muito preenchido de histórias e personagens, um cenário vivo por si só. Qualquer nova história, que seja para ele lançada, irá sair grandemente enriquecida pelas interações e sinergias com a matéria já existente, bebendo de um mundo já coeso e sustentado, mas aberto a novo conteúdo.

O que já conhecemos, promete…

A 27 de Fevereiro, na PAX East, A Larian Studios revelou o primeiro gameplay de Baldur’s Gate 3.

Foi o que eu esperava! As bases de Divinity, the Original Sin estão lá, mas com evoluções dentro do desejado. Destacam-se logo os cutscenes cinematográficos e os diálogos com voice over. Estes enriquecem a experiência e eliminam a barreira que alguns jogadores possam ter com RPGs em que a leitura silenciosa de diálogos infinitos é constante.

Baldur’s Gate 3

Fomos logo confrontados, nos primeiros minutos, com conteúdos mais maduros, com algumas escolhas morais a demonstrar não só a total liberdade na forma abordar o jogo, característica dos RPG de papel e lápis, mas também o lado mais negro que desejamos para Baldur’s Gate 3.

O combate pareceu cruzar, de forma brilhante, o que funcionava de melhor em Divinity com as mecânicas da 5ª Edição de D&D, prometendo combates tácticos turn-based intensos e estimulantes.

Baldur’s Gate 3

Sabemos que o jogo sairá inicialmente para PC, mas, tal como em Divinity, será de esperar um lançamento posterior nas consolas. Baldur’s Gate 3 permitirá jogar a campanha, de forma cooperativa, seja via online ou, localmente, por split-screen (YES!!!! Mais um jogo para poder jogar com a minha mulher).

Sabemos, também, que será lançado um Early Access ainda em 2020. Se for como em Divinity, este deverá ser sobre a forma do primeiro capítulo do jogo totalmente jogável, ainda com algumas arestas a limar, até a versão completa ser lançada.

Até lá, podemos salivar com a entrada cinematográfica do jogo: