O mágico mundo dos videojogos entretém-nos horas a fio como cada um achar mais divertido. Para mim, não se trata só de jogar, no entanto. É o meu passatempo preferido e só sei viver nele!
A reflexão que aqui vou fazer, ao jeito de confessionário sobre o que amo nesta indústria, foi despoletada por uma notícia há cerca de duas semanas em que a Ubisoft revelou, durante uma reunião de investidores, que iria apostar mais daqui em diante em jogos free-to-play e mobile. Espantados? Provavelmente não, tal como eu não fiquei.
O custo de produção de um jogo AAA pode ser enorme, na ordem das dezenas ou mesmo centenas de milhões de euros, ao nível das grandes produções cinematográficas. Mas, ao contrário de muitos dos filmes que custaram muito, os jogos não têm o hábito de dar lucro. Alguns conseguem esse feito (nem vou falar de GTA V!), mas se compararmos os jogos que saem por ano e cujo custo de produção foi de vários milhões versus os que venderam unidades suficientes para cobrir o que foi gasto pelo menos, a maioria sai a perder, sendo vários os motivos, que não irei aqui analisar.
Ora, os grandes estúdios actualmente são autênticas empresas, algumas com milhares de trabalhadores, cotadas em bolsa até. Bem se sabe que os “manda-chuva” não querem saber dos jogadores (nem dos próprios jogos, possivelmente…) e só querem é que o lucro lhes mantenha a conta bancária desafogada, mas os trabalhadores, que produzem o produto de tecnologia que nós compramos, precisam que o dinheiro investido tenha retorno para continuarem com o emprego, e nesse sentido eu fico de algum modo resignado com opções como a que a Ubisoft anunciou.
No entanto, quando se retira o foco de um jogo singe player, a minha atenção vai para outro lado também. E eu fui cuidadoso nas palavras, escolhi single player propositadamente, uma vez que os jogos indie estão numa ascensão cada vez mais sustentada e provam, rotundamente, que não são apenas as grandes produções que criam conteúdo centrado num único jogador de enorme qualidade e sem gastar nada que se assemelhe aos blockbusters.
O que me cativou, quando pela primeira vez peguei no comando da SEGA Mega Drive, é exactamente o mesmo que agora, aos 32 anos, me mantém agarrado a uma televisão por horas a fio, não conseguindo perceber o que aconteceu ao tempo entretanto, porque parece que foram 30 minutos mas, de repente, foram duas horas e meia! E assim, estou certo, que continuará a ser no tempo que me restar. Como disse o conhecido actor, Joseph Gordon-Levitt, numa entrevista o ano passado, o futuro da forma como se contam histórias está nos videojogos e não nos filmes. Uns concordarão, outros não, mas da minha parte o que sei é que desde que comecei a jogar videojogos em criança foi esta a forma que mais gostei de conhecer outros Mundos, outras eras, outras fantasias.
A PlayStation, como é hábito, permitiu-nos verificar o nosso histórico de jogador durante o ano de 2020 e, no que à parte do tempo despendido entre offline e online diz respeito, dei por mim a ter uma informação gráfica que descreve perfeitamente as minhas preferências (não que eu não me apercebesse disso).
O que eu procuro num jogo é simples: uma boa campanha para um jogador. Apenas? Claro que não! Quero saber da jogabilidade, da diversidade da mesma, dependendo do jogo, da qualidade gráfica também, se é um jogo em primeira pessoa, terceira pessoa, táctico, por turnos, etc. Contudo, se não se tratar de um jogo em que, pelas análises jornalísticas e de simples jogadores “anónimos” como eu, tenha uma boa história em que eu tenha vontade de continuar nela, de a viver, seja enquanto participante activo nas escolhas que tomar ou enquanto mero elo de ligação entre a\as personagem(ens) e o enredo que os produtores definiram, dificilmente irei pagar por um jogo, com excepção de um de plataformas como Mario ou Crash Bandicoot. A percentagem online foi exclusivamente utilizada em algumas partidas de FIFA que é o videojogo que mais aprecio (ainda que menos que Football Manager) dentro do género da minha outra grande paixão, o futebol. Jogos de carros, fighting games e o que envolva competição no geral, não são para mim. O único jogo gratuito que joguei na vida foi Genshin Impact e, precisamente, por ter sido embalado pela história do nosso viajante, nem me apercebendo em 99% do tempo que há mais jogadores naquela fantasia.
Juntando ao que está anunciado para vir e as declarações de Jim Ryan, da Sony, que não só sublinhou a aposta da empresa nas experiências para um jogador, como a própria inserção de “cartas” no menu da PS5, que servem em alguns jogos e para certas situações dos mesmos guiar o jogador para determinados objectivos, o que me apazigua quanto à forma como esta indústria que tanto adoro me vai continuar a entreter como eu gosto.
Felizmente, para quem for como eu, mesmo com uma pandemia terrível, a indústria demonstrou em 2020 estar pujante em experiências single player de qualidade gigante, como The Last of Us Part 2, Ghost of Tsushima, Persona 5 Royal, Ori and the Will of the Wisps, Final Fantasy 7: Remake ou Hades, só para dar alguns exemplos. E com o que já foi enunciado, o futuro promete!
O meu primeiro contacto com os videojogos aconteceu por altura do meu 8º aniversário, quando recebi de prenda uma SEGA Mega Drive, ficando “agarrado” a jogos como “The Revenge of Shinobi” ou “Streets of Rage 3“. Anos mais tarde, tive a possibilidade de experimentar a primeira PlayStation, juntamente com o original “Spyro the Dragon”, jogando a todas as consolas da Sony desde essa altura (caseiras e portáteis). Nenhum jogo, até hoje, me marcou mais do que o Final Fantasy X, mas creio que o que mais horas joguei foi o PES 5, também na PS2. Adoro jogos de ação na 3ª pessoa, visual novels e RPG’s no geral (para indicar alguns géneros), mas tenho um fraquinho particular por turn-based JRPG.