Ano após ano, os fãs de ciclismo e de videojogos veem uma oferta cada vez mais redutora. Queremos mais do Tour de France!
A maioria dos jogos de desporto têm o problema da sua periodicidade. Há quem defenda que as atualizações dos títulos das variadas modalidades deveriam ser feitas anualmente, ao invés do lançamento dum jogo novo. Isto porque, e sejamos sinceros, não há muita matéria que nos possa cativar num jogo cuja premissa se manterá sempre igual e imudável, por mais que o joguemos.
O Le Tour de France é lançado anualmente, nas consolas, fazendo par com o Pro Cycling Manager, que sai para PC. Desenvolvido pela Cyanide e publicado pela Nacon e Focus, este jogo é uma miragem daquilo que deve ser honrar os fãs do desporto que, tal como eu, sentem que precisam de um título que nos agarre. É um facto que, no campo da simulação existe o Zwift, no campo da gestão o PCM, mas falta preencher a lacuna de ter um jogo realista que combine o melhor de todos estes mundos como a Codemasters tem feito com a Fórmula 1.
Só existe Tour?
Primeiramente, e começando com as críticas, o jogo reduz-se muito à Volta a França, ignorando tantas outras provas que existem ao longo do calendário. Apesar do esforço feito nos últimos anos para introduzir outras competições (por vezes imaginárias), deveria existir uma coragem maior para incluir um calendário mais desafiante.
Faces. Quais Faces?
Depois, as faces! Cabe na cabeça de alguém, na geração em que se entregam obras-primas, graficamente, os ciclistas terem todos a mesma cara default? Mesmo que nem todos fossem representados, há uma obrigação de desenhar os nomes mais conhecidos dentro de pelotão internacional. Poderia elencar bastantes, mas como talvez alguns leitores não conheçam tão bem este mundo, deixo só os nomes mais populares: Roglič, Pogačar, Sagan…
Um Modo Carreira…
Por último, mas não menos importante, faria todo o sentido tornar mais interessante o jogo com um remodelado modo carreira. Para além do My Team e My Tour, porque não pegar no FIFA (e até no PCM) e trazer um modo em que possamos ser diretores desportivos de uma equipa e levá-la (em mais corridas do que as que estão presentes atualmente no jogo, naturalmente) à glória. Com mais foco na parte dos orçamentos e gestão, mas também no plantel, camadas jovens. Quem sabe até, e talvez me arrependa de dar esta ideia, acrescentar um outro modo: algo parecido ao Ultimate Team, aplicado ao ciclismo…
Perante estas minhas três “reivindicações” torna-se óbvio que quem for fã de ciclismo e jogar este jogo será apenas porque não existe outra oferta no mercado com as mesmas características. Falta um jogo mais ambicioso, que combine as melhores vertentes de todos os outros já existentes e que eleve a modalidade a outro patamar, não descorando a sua comunidade mais fiel.
O pelotão internacional merece mais e, apesar de eu não ter grande esperança de que as minhas preces, que vêm desde há, pelo menos, 6 anos atrás, sejam ouvidas, continuo a acreditar que a modalidade encaixa bem no gaming e merece que se lhe dê a devida atenção e carinho!