Moon Hunters – À descoberta do mistério… e de nós próprios | Análise

Moon Hunters auto-proclama-se um “Personality Test RPG”. Apesar deste detalhe não ser o seu maior chamariz, na minha opinião, esta mecânica acaba por torná-lo mais que “apenas outro pixel style RPG“.

Considero-me uma jogadora de single-player RPG. Mas, enfim, a pandemia atacou há dois anos e como tal, as sessões de jogo online começaram a ser um bocadinho mais regulares. Ao fim de umas quantas horas de party games, de repente alguém se lembra que passou por um jogo de co-op e resolve apresentá-lo ao grupo. Foi o assim que descobri Moon Hunters, um jogo de 2016 (sim, um jogo com já 6 anos!) do estúdio Canadiano Kitfox Games.

O que mais me atraiu neste jogo foi o facto dos mapas serem gerados aleatoriamente em cada playthrough – o que permite várias repetições do jogo, sem ser exaustivo. E estas repetições são mesmo necessárias, uma vez que vamos desbloqueando partes da história e novos personagens (ou skins) a cada iteração.

A premissa de Moon Hunters é algo mitológica. O mundo venera a Lua, mas há uma noite em que ela não aparece. Ao mesmo tempo surge o Sun Cult, que visam adorar o Sol e “enterrar” a Lua de uma vez por todas. A nossa missão é descobrir por que é que a Lua desapareceu e derrotar este culto.

A própria arte nas cutscenes é algo que me fez ficar a admirar o ecrã.

Mas não é assim tão fácil. Temos 5 dias até o Sun King nos enfrentar, e até lá temos de percorrer o mapa, investigar e prepararmo-nos da melhor maneira.

Moon Hunters é um jogo cooperativo de 1 a 4 jogadores, em que podemos escolher de um total de 6 personagens diferentes (algumas vão sendo desbloqueadas), cada uma com as suas habilidades de combate e stats, como seria de esperar num RPG. É possível jogar sozinho, mas tem muito mais piada quando jogamos acompanhados (até porque tentar acompanhar a nossa personagem no meio do caos de algumas batalhas tem a sua graça). Combinar as habilidades das personagens para fazer mega armadilhas e matar os inimigos relativamente facilmente dá uma sensação de pertencer a uma máquina bem oleada.

E isto não é nada. Quando combinamos vários ranged attacks literalmente deixamos de perceber quem é quem.

Os playthroughs são todos diferentes e não só pela aleatoriedade dos mapas. O jogo é feito de escolhas que vão alterando a história e, logicamente, o final. Apesar destas escolhas serem realizadas em grupo (prevalece a que tiver mais votos, ou em caso de empate, a opção do líder do grupo – definido pela pontuação de carisma), as escolhas afetam também os personagens individualmente –  e é aqui que entra a mecânica de Personality Test.

Por exemplo, se um jogador responder a uma situação com Enfrentar e outro responder com Fugir após uma interação com um NPC, o primeiro pode receber a característica Brave e o segundo Foolish. Estas características acabam por ser importantes porque permitem desbloquear escolhas que só são acessíveis se as tivermos no nosso arsenal. Algumas destas características fizeram-me ficar a pensar na resposta que tinha dado anteriormente e como realmente ela se podia traduzir em algo mais profundo (não foi o caso quando sugeri que uma senhora se devia encontrar comigo no acampamento e imediatamente a seguir recebi a a característica Seductive, mas pronto).

Não fui corajosa o suficiente neste playthrough 🙁

Visualmente, Moon Hunters é um pixel game cujas cores variam imenso de ambiente para ambiente. Conseguimos passar por desertos e montanhas com neve e ficar deslumbrados com a simplicidade do terreno, mas a mudança de luz é notória. Quando não estamos em combate, o jogo transmite quase uma paz e torna-se num jogo de exploração de mapa onde tentamos encontrar NPCs com quem interagir, e destruir todos os materiais que pareçam frágeis para revelar opalas (a moeda do jogo, que nos permite fazer upgrades às habilidades). A banda sonora também é adequada, mas esta sim torna-se repetitiva ao fim de alguns playthroughs.

Um exemplo de montanhas geladas.

O combate é ligeiramente caótico. É necessário apontar com precisão na direção do inimigo, e muitas vezes eles estão num ângulo onde não chegamos (basicamente conseguimos apontar em 8 direções diferentes, como num jogo retro).

Com o fim de cada iteração (cerca de 30-40 minutos), os nossos heróis e as suas histórias são imortalizados no menu principal na forma de constelações. À medida que vamos avançando, a High Priestess Roa está lá para nos dar um bocadinho mais de informação… Até que certas situações acontecem, mas isso vou deixar-vos descobrir aos longo da vossa jornada 😊

Moon Hunters está disponível para PC, PlayStation, Xbox e Nintendo Switch.