Uma escola primária em Bearsden (Escócia), ensina os seus alunos (entre os 10 e 11 anos) a programar jogos para um computador fora do comum! Trata-se do ZX Spectrum, um símbolo para a geração que cresceu na década de 1980.
O responsável por esta iniciativa é Douglas McGregor, professor que procura estimular a criatividade dos seus alunos através da programação de jogos. Nesse sentido, ele concluiu que ferramentas modernas, como o Scratch, não ofereciam a experiência que ele pretendia transmitir.
Douglas decidiu arriscar! Assim sendo, apresentou aos seus alunos, a Arcade Game Designer (AGD), ferramenta de criação de jogos para o ZX Spectrum, e os resultados foram fantásticos!
Podemos questionar o uso de uma plataforma 8-bit, com 48Kb de memória RAM, resolução de 256×192 pixéis e 15 cores! Em contrapartida, hoje os jovens têm à sua disposição um poder computacional incomparavelmente superior, num simples smartphone.
“Bedroom coders”
Douglas pertenceu à geração “bedroom coders”, os jovens nos anos 80 que ocupavam as tardes a jogar e a programar no recato dos seus quartos.
Os livros e revistas da época disponibilizavam listagens de programas para serem tecladas à mão nos microcomputadores. Às vezes estas continham erros de impressão, o que resultava em longas sessões de caça aos bugs.
Em suma, foi uma aprendizagem por tentativa e erro, quando se tinha apenas um manual do microcomputador e alguns livros à disposição na estante.
Por outro lado, a arquitetura destas máquinas era simples, e com algum esforço e dedicação, conseguia-se entender o funcionamento de um computador. Estes equipamentos permitiam a entrada de comandos e programas numa linguagem de alto nível (BASIC) ou em código-máquina.
A paixão pelos jogos despertava a curiosidade e desejo de criar videojogos, o que obrigava a aprender linguagens de programação. Assim nasceram muitas carreiras nas Tecnologias da Informação!
O ZX Spectrum faz parte do passado, mas ainda é possível recriar a experiência de “bedroom coder“. Para tal temos a emulação e ferramentas que a comunidade retro criou, como a “AGD” já anteriormente citada.
“Arcade Game Designer”
A ferramenta consiste num editor que permite desenhar e animar sprites, em cenários organizado por blocos, através de uma linguagem de script bastante acessível.
A versatilidade da ferramenta permitiu aos alunos focarem na área em que se sentissem mais à vontade: arte, animação, programação, design de níveis, etc.
Mais de 40 jogos criados
Segundo Douglas, ao fim de semanas de trabalho árduo os seus alunos ganharam um conhecimento mais sólido sobre computadores e resolução de problemas.
Desde que esta iniciativa começou, os alunos de Bearsden criaram 45 jogos. O blogue Planeta Sinclair, referência na cena retro do ZX Spectrum, analisou alguns destes títulos, cujas reviews podem ser encontradas neste link.
Os jogos da Escola Primária de Bearsden estão disponíveis a partir deste link. Por fim cabe lembrar que será necessário um emulador de ZX Spectrum para executar os jogos.
Algures nos 80s, brincava com os jogos LCDs da Tronica. Colecionava recortes da Micromania (JN). Desenhava mapas de jogos que só existiam na minha cabeça. Com o ZX Spectrum dei os primeiros passos na programação. Seguiu-se o 486 no qual iniciei a minha formação em computação. Sou informático de profissão, mas nunca esqueci o primeiro amor: os videojogos antigos. Ajudo em vários projetos da comunidade, como a Revista Espectro, Planeta Sinclair, Planeta MS-DOS e o Museu LOAD ZX. Co-fundei a Teknamic Software, a publisher luso-brasileira que produz edições físicas de novos jogos para plataformas retro – um sonho de juventude realizado!